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A China vai continuar crescendo, diz diretor-executivo da Vale

16 de julho de 2012

Em entrevista à Folha, o diretor-executivo de Minério de Ferro e Estratégia da Vale, José Carlos Martins, disse que os embarques para o país seguem em alta, os preços tendem a ficar “voláteis” e que

Em entrevista à Folha, o diretor-executivo de Minério de Ferro e Estratégia da Vale, José Carlos Martins, disse que os embarques para o país seguem em alta, os preços tendem a ficar “voláteis” e que a demanda por minério de ferro crescerá 5% neste ano –mesmo ritmo registrado de janeiro a maio.

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O PIB mais fraco da China no segundo trimestre (7,6%), anunciado na sexta-feira, já estava nas contas das mineradora. “A China passa por um processo de redução na taxa de investimento e aumento na taxa de consumo. O setor externo também está reduzindo seu dinamismo, mas a economia chinesa ainda deverá crescer entre 7% e 8% este ano, um número ainda invejável”, disse, apontando o novo modelo de expansão econômica chinesa.

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Para Martins, a dependência da China –quase metade das vendas da mineradora são para o país asiático– não é perigosa para a Vale, companhia menos exposta do que suas concorrentes (BHP e Rio Tinto). “Se quisermos depender menos da China, vamos ter que mudar de ramo de negócio”, disse.

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Folha – Como a Vale vê as notícias recentes de desaceleração da economia chinesa, com perda de ritmo de importações e exportações e alta menor do PIB?

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José Carlos Martins – Vemos com absoluta serenidade. A China passa por um processo de mudança estrutural que irá significar uma redução na taxa de investimento e aumento na taxa de consumo. O setor externo também está reduzindo seu dinamismo, mas a economia chinesa ainda deverá crescer entre 7% e 8% este ano, um número ainda invejável.

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A Vale já sente uma demanda mais fraca do país? O ritmo de embarques diminuiu?

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A demanda por minério de ferro deverá crescer em torno de 5% este ano –índice registrado nos primeiros cinco meses deste ano. Nossos embarques para a China continuam crescendo. Não temos problemas para colocar nossos volumes na China. É uma questão de disponibilidade, de competitividade, de qualidade e de preço.

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Não é perigosa uma exposição tão grande da empresa a um único mercado?

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Não. As empresas vendem onde há mercado, e o mercado está na China. A Vale é menos dependente da China do que nossos concorrentes diretos. Vendemos no Brasil, nas Américas, na Europa, no Oriente Médio, no Japão, na Coreia, além da China. O que muitos veem como problema eu vejo como solução. Se quisermos reduzir nossa dependência da China, vamos ter que reduzir a produção, pois os outro mercados não têm capacidade para absorver esse volume. Se quisermos depender menos da China, vamos ter que mudar de ramo de negócio. Nossa expectativa é o crescimento que virá de outros países asiáticos em crescimento.

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A freada da China teve ou terá impacto nos preços do minério? É prevista uma redução?

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Os preços já diminuíram de um nível em torno de US$ 170, em 2011, para US$ 140 neste ano. Porém, isso ocorreu não porque a demanda caiu, mas sim porque a oferta aumentou. A demanda por minério continua crescendo a taxas menores, mas continua crescendo. O preço deverá permanecer volátil, numa faixa de US$ 120 a US$ 180 a tonelada entregue na China, mas provavelmente abaixo de US$ 150 nos próximos meses.

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Quais são as previsões da Vale para o consumo de minério e o crescimento da economia da China?

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A China vai continuar crescendo e o consumo de minério também. Porém, a taxas menores do que no passado. A economia ocidental está em recessão e a China está num processo de ajuste estrutural. Não vamos ter mais a exuberância dos últimos anos. Porém, teremos pela frente um crescimento muito saudável nos próximos anos.

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De que modo a Vale pode se beneficiar do novo modelo perseguido pela China de fomentar o consumo doméstico?

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Pelo lado da demanda, veículos, eletrodomésticos e residências deverão ser o grande impulsionador da demanda de aço e de minério na China. Infraestrutura, bens de capital, máquinas e equipamentos e as exportações, em geral, deverão impactar menos daqui para frente. O resultado final da demanda ainda deverá continuar positivo por muitos anos. Do lado da oferta, Brasil e Austrália deverão continuar crescendo, mas a oferta interna da China e da Índia deverão se reduzir. Ainda há muito minério de custo alto [produzido nos dois países asiáticos] a ser substituído pelos produtores mais competitivos.

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Como a Vale vê a perda de valor de suas ações atribuída à freada na China?

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O mercado é soberano em suas avaliações. Isso tudo reflete expectativas dos agentes econômicos que, no geral, são muito negativas. Estruturalmente, do ponto de vista econômico, temos mais preocupação com Europa e Estados Unidos do que com a China. A Ásia deverá manter seu dinamismo ainda por muitos anos. Nos últimos dez anos, os preços do minério de ferro foram muito influenciados pela demanda, que cresceu sempre mais do que a oferta. Nos próximos anos, com a entrada em operação de novas minas e o crescimento mais lento da demanda, acreditamos que os preços serão mais influenciados pela oferta. Os produtores mais competitivos, como a Vale, continuarão beneficiados pelo piso de custo dos produtores menos competitivos.

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Fonte: Folha de S. Paulo

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