rnRitmo de crescimento da demanda chinesa por minério de ferro será menor, mas a expansão será sobre base maiorrnO pior já passou e até o momento a Vale não perdeu dinheiro com a desaceleraç&ati
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O pior já passou e até o momento a Vale não perdeu dinheiro com a desaceleração da economia da China – maior cliente da mineradora brasileira. Nesta entrevista ao Estado, José Carlos Martins, diretor executivo de Ferrosos e Estratégia da companhia, conta que a fase mais delicada ocorreu no final do ano passado, depois que o governo chinês adotou medidas para esfriar a economia e com isso segurar a inflação.
O preço do minério de ferro caiu de US$ 180 para US$ 110 a tonelada, mas este ano já recuperou um pouco de força e estacionou na casa dos US$ 147. O volume de minério exportado, no entanto, não diminuiu. E, segundo Martins, a Vale poderia até vender mais minério aos chineses, se tivesse produto para entregar.
A seguir os principais trechos da entrevista:
A desaceleração da China deixou muita gente assustada. Como a Vale, que exporta 40% de sua produção para lá, encara o novo cenário?
Nossa avaliação é que o pior momento ficou para trás. Foi por volta de outubro, depois que o governo chinês adotou medidas monetárias fortes para reduzir a inflação, esfriar um pouco a construção. Os clientes de lá até queriam comprar minério de ferro, mas não tinham crédito. O preço do minério caiu de US$ 180 para US$ 110 a tonelada. Hoje a tonelada está na faixa de US$ 147. Agora, estamos mais numa fase de recuperação de preços e embarcando tudo que podemos.
A Vale está perdendo dinheiro por causa da China?
Não. Em termos de atividade de mercado. o primeiro trimestre de 2012 não é muito diferente do quarto trimestre do ano passado.
Na semana passada a australiana BHP, um dos principais concorrentes da Vale, disse que a demanda chinesa por minério de ferro será menor …
Sim, mas embora o país vá crescer menos, a expansão se dará sobre uma base maior. A produção de aço na China vinha crescendo acima de 10%. Achamos que este ano deve crescer 5%. Isso significa 50 milhões de toneladas a mais de minério. Você não acha isso na esquina. Além disso, a Índia, outro grande fornecedor da China, reduziu suas exportações. Eles venderam 120 milhões de toneladas para a China em 2009 e no ano passado exportaram 75 milhões de toneladas. Este ano talvez nem cheguem a 50 milhões, porque estão consumindo muito domesticamente.
Mesmo assim as ações da Vale estão sendo castigadas na bolsa…
Todo mundo que tem relação com a China está sendo castigado. Mas a Vale é menos dependente do mercado chinês do que os australianos, nossos principais concorrentes. A Rio Tinto é a que mais exporta para lá, e a BHP é a segunda. Nós estamos em terceiro e temos ainda um mercado bastante interessante no Brasil, somos líderes na Europa, temos posição forte no Oriente Médio. No nosso caso, a situação não é desfavorável como estão pintando. O preço caiu, mas se recuperou. Não deixamos de vender uma tonelada.
Mas a China é o maior cliente da Vale. Não seria melhor diminuir essa dependência?
Isso é bobagem. Você vende onde tem mercado. A gente vende mais para a China porque é lá que tem demanda. Se a gente tivesse mais minério para vender, eles comprariam.
A recente fusão das mineradoras Xstrata e Glencore esquentou as especulações sobre um novo movimento de consolidação mundial no setor. A Vale pensa em voltar a comprar concorrentes, como fez anos atrás ou esse momento já passou?
A Vale não está preocupada com essa fusão. A competição na mineração é mais influenciada pela qualidade dos recursos do que pelo tamanho das empresas. Nosso foco hoje é mais pelo crescimento orgânico, mas isso não significa que não faremos novas aquisições, desde que se apresentem oportunidades com sentido estratégico e preço interessante.
Vocês estão de olho em alguma empresa?
Não.
O que pode acontecer se a Vale for mesmo obrigada a pagar os R$ 30,5 bilhões que a Receita Federal está cobrando?
Isso está em discussão na Justiça, temos que aguardar. Agora, a tributação sobre lucro no exterior (o foco da discussão) tem um aspecto econômico maior. Ela inibe o crescimento de companhias brasileiras no lá fora. É um assunto polêmico, tanto que há muitas outras empresas brasileiras com negócios lá fora discutindo a mesma coisa.
A Vale de Murilo Ferreira é muito diferente da Vale de Roger Agnelli?
A Vale é um transatlântico. Você não muda a direção da Vale do dia para a noite. Os investimentos são de longo prazo. Murilo e Roger são pessoas diferentes, os estilos são diferentes, mas ainda é cedo para falar em mudanças na direção da empresa.
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Fonte: O Estado de S.Paulo
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