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Artigo: Acertando O Foco

5 de março de 2015

Em tempos de escassez hídrica, como o atual, a mineração passou a ser considerada o vilão da falta d’água. Rinaldo César Mancin, diretor de Meio Ambiente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ib

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Em tempos de escassez hídrica, como o atual, a mineração passou a ser considerada o vilão da falta d’água. Rinaldo César Mancin, diretor de Meio Ambiente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), considera um engano atribuir ao setor esta culpa.

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Cerca de 85% da água que a mineração utiliza na lavagem do minério é proveniente da reciclagem ou reúso. Minerodutos não usam água nova, mas sim a que ela que já passou pelas etapas anteriores de beneficiamento do minério

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RINALDO CÉSAR MANCIN

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A crise hídrica é efetivamente grave e de longa duração. O momento exige da sociedade muita reflexão e debate para que se possa progredir na busca de soluções perenes para a questão. Apenas eleger culpados em nada ajuda. Assim como as residências têm sido afetadas pela falta de abastecimento de água, os setores produtivos também registram o problema, inclusive a indústria de mineração, um dos polos geradores de riqueza e divisas para municípios, estados e a União.

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A análise da situação deve priorizar a discussão de como prover meios para assegurar acesso à água a todos os segmentos, desde a dona de casa até a fazenda, a padaria ou a indústria. Sem esta compreensão, as restrições para o desenvolvimento serão severas. É o momento de união, do compartilhamento de ideias e de atitudes que favoreçam todos os setores e não o contrário.

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Segundo a ONU (World Water Assesment Program), o consumo de água no planeta assim se divide: 73% na irrigação agrícola, 21% na totalidade da indústria e apenas 6% no consumo humano. Há, naturalmente, variações nas situações de país a país, mas, para que possam contribuir para o bem-estar e o desenvolvimento das populações, é preciso que as atividades produtivas tenham acesso à água em volumes maiores do que aqueles específicos para o consumo humano.

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ÁGUAS SUPERFICIAIS

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Nos 21% de consumo dos muitos tipos de indústria em operação, está a parte que é utilizada pela mineração. Em que pese a dependência pelo recurso hídrico, a demanda de água para a atividade é relativamente baixa. Em Minas Gerais, por exemplo, que é o maior estado minerador do Brasil, a mineração utilizada 11% da demanda, sendo que 98% deste volume são provenientes de captação em cursos de água superficiais.

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A vida na Terra não existiria sem a disponibilidade de minerais e a mineração está intimamente associada à qualidade de vida das pessoas. Mas isto, infelizmente, é ainda pouco percebido no dia a dia. Sem minérios não haveria habitações, geração e transmissão de energia, aquecimento, água potável, estradas, carros, ferrovias, aviões, fertilizantes, computadores e até muitos medicamentos, apenas para citar alguns exemplos de bens de origem mineral.

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No entanto, sem acesso a água, não é possível haver mineração em escala industrial. Portanto, é uma relação de interdependência que, ao longo dos anos, tem evoluído muito em termos de sustentabilidade por iniciativa da mineração empresarial moderna.

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Um conceito fundamental para a compreensão plena do setor mineral e sua relação com os recursos hídricos é a “rigidez locacional”. Significa que, diferentemente de outras atividades, nas quais se pode escolher entre vários locais para instalar o empreendimento, em mineração somente é factível instalar a mina onde há a efetiva disponibilidade de minérios, ou seja, uma jazida. E será naquela localidade que a operação mineral terá que contar com os demais recursos, sejam hídricos ou outros quaisquer.

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É fundamental compreender que a mineração não capta água tratada nos sistemas de abaste cimento urbano. A água captada pela mineração é bruta.

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Além do percentual de consumo dentro dos parâmetros inter nacionais, a mineração brasileira tem orgulho de seus elevadíssimos índices de reciclagem e de reuso de água, que atingem em média 85%, exemplos práticos de uma gestão eficiente de recursos hídricos realizada há décadas.

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INOVAÇÃO

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Além da reciclagem e do réuso, a mineração empresarial atua em outras frentes inovando tecnologicamente com o objetivo de promover o uso racional e comedido da água: captação de água de chuva; plantas de beneficiamento em circuitos fechados, em que a perda de água é mínima e inexiste geração de efluentes; beneficiamento a seco de minérios; e disposição de rejeitos na forma de pasta são alguns exemplos. Existem também questões que merecem ser esclarecidas em relação ao transporte de minério no território nacional, já que algumas empresas passaram a utilizar minerodutos.

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Eles se constituem em uma alternativa logística viável e segura, que pode substituir com vantagens parte do transporte por via terrestre e seus respectivos impactos.

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Os minerodutos em operação em Minas Gerais transportaram em 2014 apenas 8% da produção de minério de ferro de todo o estado. Além disso, os minerodutos não utilizam água nova para o bombeamento de polpa, mas, sim, a água aproveitada anteriormente no processo de beneficiamento do minério de ferro.

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Todas as ações tomadas por iniciativa das mineradoras, de acordo com princípios de sustentabilidade e responsabilidade social relatadas anteriormente, integram um amplo esforço de gerenciamento de recursos hídricos por parte do setor. Água é fundamental e é um recurso que precisa ser utilizado com responsabilidade na visão da indústria. O sucesso no gerenciamento de recursos hídricos está intimamente ligado ao avanço do conhecimento sobre a temática.

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O cenário complexo atual exige transparência, planejamento, comunicação com os usuários e criatividade. A solução a esse desafio passa, necessária e obrigatoriamente, por políticas públicas construídas de forma pactuada entre os diversos segmentos da sociedade e capazes de gerar ações emergenciais, de curto, médio e longo prazo. A mineração empresarial brasileira é aliada da sociedade neste desafio.

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A VIDA NA TERRA NÃO EXISTIRIA SEM A DISPONIBILIDADE DE MINERAIS E A MINERAÇÃO ESTÁ INTIMAMENTE ASSOCIADA À QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS. MAS ISTO, INFELIZMENTE, É AINDA POUCO PERCEBIDO NO DIA A DIA.

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Rinaldo César Mancin é diretor de 
Assuntos Ambientais do Instituto
Brasileiro de Mineração (IBRAM)

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Fonte: Correio Braziliense

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