Bactérias ajudam a identificar depósitos de platina
28 de março de 2016
Cientistas australianos descobriram o importante papel de bactérias especializadas na formação e movimentação de platina e metais relacionados em ambientes na superfície
Cientistas australianos descobriram o importante papel de bactérias especializadas na formação e movimentação de platina e metais relacionados em ambientes na superfície. A pesquisa, realizada em três países, entre eles o Brasil, tem considerações importantes para o setor de mineração, no que diz respeito ao futuro da exploração de metais do grupo da platina (PGM, na sigla em inglês).
“Esses elementos do grupo da platina são metais estrategicamente importantes, mas encontrar novos depósitos está se tornando cada vez mais difícil devido ao entendimento limitado do processo que afeta a forma em que estão ciclados por meio de ambientes de superfície”, afirmou Frank Reith, líder do projeto, professor sênior da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Adelaide, na Austrália, e pesquisador na agência CSIRO.
Reith diz que a pesquisa revela o papel primordial das bactérias nesse processo. Segundo ele, o melhor entendimento biogeoquímico é importante não apenas de uma perspectiva científica, mas para formas novas e melhores de exploração dos metais no setor de mineração.
Os PGM, especialmente platina e paládio, são metais caros e nobres, usados em vários processos industriais. Garantir oferta adequada dos elementos é um fator desafiador, de forma que melhorar a exploração e pesquisa dos metais é considerado prioridade global, de acordo com a Universidade de Adelaide.
“Tradicionalmente, se pensava que esses metais do grupo da platina se formavam apenas em sistemas subterrâneos com altas temperaturas e pressão e que eles subiam para a superfície por meio do intemperismo ou por elevação geológica. Que eles [PGM] ficavam lá e nada mais acontecia”, afirmou Reith.
O professor disse que a pesquisa derrubou essa teoria. “Nós conectamos comunidades de bactérias especializadas, encontradas em biofilmes nos grãos de minerais do grupo da platina em três regiões diferentes do mundo, com a dispersão e reconcentração desses elementos em ambientes de superfície”, ressaltou.
Segundo Reith, ficou comprovado que as pepitas de platina e metais relacionados podem ser reformados na superfície por meio de processos bacterianos. O estudo foi feito no Brasil, na Colômbia e na Tasmânia, Estado que pertence à Austrália.
“Nós precisávamos encontrar grãos frescos de minerais do grupo da platina e extraí-los do solo e sedimentos de uma maneria que preservasse os biofilmes frágeis e o DNA revelador. Esses grãos são incrivelmente raros, e a busca nos levou a lugares em todo o mundo, do Brasil à Tasmânia”, disse Joel Brugger, professor da Monash Univeristy, que também participou do estudo.
Os pesquisadores descobriram biofilmes bacterianos vivos nos grãos minerais em todos os sites, usando um microscópio eletrônico. Eles também identificaram que os grãos minerais encontrados no Brasil eram bio-orgânicos em origem, o que apoia a teoria da função da bactéria na formação secundária de grãos de platina.
“Nós mostramos que os biofilmes ocorrem em uma série de grãos de metais do grupo da platina e em diferentes localizações. E nós mostramos que, pelo menos no Brasil, o processo inteiro de formação da platina e do paládio foi mediado por micróbios”, afirmou Reith.
O trabalho dos pesquisadores foi baseado em mais de 10 anos de pesquisa sobre ouro, no que diz respeito ao papel dos microrganismos no ciclo de ouro da Terra.
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