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Estudo do Bird mostra que país despencou do 120ª para o 130ª posição na escala de ambiente de negócios no mundo
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Brasília – Um estudo publicado ontem pelo Banco Mundial (Bird) concluiu que o ambiente de negócios para pequenas e médias empresas com atuação no Brasil piorou bastante entre 2010 e 2012. Mesmo tendo alcançado o posto de sexta maior economia global no período, desbancando o gigante Reino Unido, o Brasil despencou no levantamento do organismo. Saiu do posto de 120º mais atraente para negócios, em 2010, para a 130ª posição, em 2012. Um ano antes, em 2011, a marca alcançada pela maior economia da América Latina já havia sido um modesto 126º lugar no ranking do Doing Business (Fazendo Negócios, na tradução do inglês).
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Ainda que tenha implementado “reformas estruturais importantes” no período, como frisou o relatório do Bird, o Brasil ficou atrás de países como México (48º lugar), Tonga (62º), Samoa (57º) e Zâmbia (94º). O levantamento considerou a burocracia para se fazer negócios em 185 economias globais.
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O Brasil teve atuação ruim em vários dos quesitos. Um dos que mais pesou contra foi a demora para começar um negócio no país, que costuma ser de 119 dias. No primeiro colocado no ranking, Cingapura, são necessários apenas três dias para formalizar uma empresa. Outras baixas posições brasileiras foram registradas nos quesitos facilidade de acessar crédito (104º lugar), registros de propriedades (109º) e carga tributária (156º).
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Questionado por analistas e investidores, o levantamento do Bird não leva em conta aspectos como estabilidade econômica de um país, a qualidade da mão de obra ou a solidez de seu sistema financeiro. “O Doing Business não avalia todos os aspectos do ambiente comercial que são importantes para as empresas e os investidores”, pontua o próprio Banco Mundial, na sua análise do estudo.
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Menos atrativo Além de piorar no ambiente de negócios, o Brasil também viu sua posição cair no ranking global de Investimento Estrangeiro Direto (IED). Segundo pesquisa da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês), o fluxo de dinheiro vindo de fora para o país caiu 8,6% – de US$ 32,5 bilhões para US$ 29,7 bilhões – na primeira metade deste ano, na comparação com o mesmo período de 2011, o que levou o país a cair para 6ª posição no ranking. A queda sofrida no Brasil foi maior do que a registrada no mundo como um todo: o fluxo global diminuiu 8,4% – de US$ 728,7 bilhões para US$ 667,6 bilhões.
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Segundo o órgão, a redução de US$ 61 bilhões foi provocada principalmente pela redução no IED direcionado aos Estados Unidos (que perderam US$ 37 bilhões) e a países do Brics (US$ 23 bilhões) — grupo de emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China. O país que mais recebeu IED na primeira metade deste ano foi a China (US$ 59,1 bilhões), seguido por EUA (US$ 57,4 bilhões), Hong Kong (US$ 40,8 bilhões), França (US$ 34,7 bilhões) e Reino Unido (US$ 30,8 bilhões).
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Na primeira metade do ano passado, o Brasil estava na quinta posição, mas acabou sendo ultrapassado por França e Reino Unido — embora tenha se saído melhor que a Bélgica este ano, cujo IED recebido caiu de US$ 34,4 bilhões para US$ 21,4 bilhões, fazendo o país cair da quarta para a décima posição. A Unctad prevê agora que o IED global ficará, na melhor das hipóteses, estabilizado em 2012, ligeiramente abaixo de US$ 1,6 trilhão. De acordo com o órgão, a lenta recuperação da economia, a fraca demanda global e riscos elevados relativos a alterações de políticas regulatórias continuam a reforçar a cautela das empresas transnacionais na hora de fazer seus investimentos.
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Menos gastos no exterior
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Brasília – O dólar acima de R$ 2 tem segurado as compras dos brasileiros no exterior. De janeiro a setembro de 2012, essas despesas somaram US$ 11,3 bilhões, 22,9% menos que em igual período do ano passado. Em contraponto, os norte-americanos estão aproveitando a cotação favorável para mandar mais dinheiro para parentes no Brasil. Segundo o Banco Central, essa remessa de dólares para o país aumentou 14,2% este ano, um número que foi reforçado, segundo especialistas, por uma ligeira melhora da economia dos EUA.
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Enquanto os norte-americanos mandam mais dinheiro para o Brasil, as multinacionais instaladas no país diminuíram o ritmo de remessas para suas sedes no exterior. A menor velocidade da economia brasileira e o dólar em nível considerado “caro” por essas firmas – já que eles compram menos dólares com a mesma quantidade de reais –, gerou uma queda de 44,5% nesse envio. “As remessas estão menores e refletem em parte a moderação da economia e o câmbio”, disse Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do Banco Central. “Isso é um aspecto favorável das contas externas”, observou.
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A desaceleração dos gastos em viagens internacionais, explicou Maciel, já era esperado, sobretudo pelo efeito do dólar sobre a decisão de compra do consumidor. “Viagens é muito sensível a isso”, ponderou. Ainda que tenha havido um arrefecimento nessas despesas no ano, elas se mantiveram praticamente estáveis na comparação entre setembro e igual mês do ano passado, em US$ 1,2 bilhão. Os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), destinados ao setor produtivo, também perderam força em setembro, encolheram 30,3%. Porém, em outubro eles já apresenta US$ 6 bilhões.
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Alerta Especialistas, porém, alertam que o Brasil precisa se tornar mais interessante para os investidores. “Embora perdure otimismo em relação a 2013, é importante observar que estão surgindo novas economias em condições de competir com o Brasil na atratividade dos investidores estrangeiros”, argumentou Sidnei Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora. “O governo precisa realizar o quanto antes as reformas tributária e trabalhista, pois cada vez mais estamos sendo considerado um país caro no confronto com os concorrentes.”
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Com a queda dos juros no Brasil e os custos elevados para estruturar operações físicas, como fábricas, o país pode deixar de atrair capital ou ver cair o ingresso desses investimentos, o que causaria problemas para cobrir o déficit nas contas externas. Por enquanto, na visão de analistas, o IED e os investimentos estrangeiros em ações e em títulos públicos têm coberto com folga o rombo nas contas externas. De janeiro a setembro, esse déficit acumula US$ 34,1 bilhões enquanto o IED US$ 47,5 bilhões. Em setembro, esse buraco foi de US$ 2,5 bilhões.
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Fonte: Estado de Minas
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