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Brasil compete com China e Índia para investir na África

27 de julho de 2012

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O Brasil intensificou seus esforços para construir relações mais estreitas com a África, num esforço da sexta maior economia do mundo em competir com outros gigantes como China e Índia para assumir um papel central no continente rico em recursos naturais.

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No mês passado, o maior banco de investimento no Brasil, BTG Pactual, anunciou planos para levantar US$ 1 bilhão e criar o maior fundo de investimento do mundo para a África, focando em áreas como infraestrutura energia e agricultura.

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O fundo do banco independente, que surge em meio a uma iniciativa do governo para estabelecer uma parceria estratégica com a África, é uma das mais recentes medidas sinalizando o crescente interesse do Brasil para ampliar sua pegada econômica no continente – o comércio entre o Brasil e a África saltou de cerca de US$ 4 bilhões em 2000 para aproximadamente US$ 20 bilhões em 2010. “Isso representa um ponto de virada em que uma porção desses investidores e dessas instituições de investimento está reconhecendo que a África é, de fato, a última fronteira do crescimento”, diz Lyal White, diretor do Centro para Mercados Dinâmicos do Gordon Institute for Business Science da África do Sul.

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De olho no potencial. Uma década de crescimento econômico sem precedente na África, combinada com uma série de reformas políticas e institucionais, atraiu potências emergentes globais para o continente em busca de uma forte base na região em sua aposta para atingir mais mercados e forjar novas alianças políticas.

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“O Brasil vem operando meio fora do radar; ele não é visto necessariamente como um player como os outros (China e Índia)”, diz Markus Weimer, pesquisador no Africa Program da Chatham House. “As histórias do Brasil com a África também têm sido menos contenciosas – já se ouviram histórias da Zâmbia sobre mineiros sendo maltratados por seus patrões chineses, mas não se ouve isso de Moçambique ou Angola com respeito de companhias brasileiras.”

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Usando países de fala portuguesa como Angola e Moçambique como ponto de entrada no continente, empresas estatais e privadas brasileiras fizeram grandes incursões em várias partes do continente, operando, sobretudo, em setores estratégicos como infraestrutura, mineração e energia – no ano passado, a Vale anunciou planos para gastar mais de 12 bilhões de libras em investimentos na África nos próximos cinco anos.

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Mas embora o Brasil pareça, como a China, profundamente engajado no setor de recursos naturais africano, para alguns analistas seus interesses e estratégia são bastante distintos dos de seu parceiro do Bric. “Na condição de país rico em recursos naturais e um futuro grande exportador de petróleo, o Brasil não está seguindo uma estratégia de assegurar recursos”, diz Christina Stolte, pesquisadora do Instituto Alemão de Estudos de Área e Globais. “A economia sul-americana está vendo a África mais como um meio para diversificar seus mercados de exportação.”

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Laços fortes. Embora separados pelo Oceano Atlântico, Brasil e África têm antigos laços históricos e culturais que remontam aos tempos do tráfico de escravos no século 16, quando legiões de africanos foram enviados de navio à antiga colônia portuguesa para servir de escravos nas plantações de cana de açúcar.

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Hoje, o Brasil trata de usar sua afinidade cultural com a África como uma vantagem na competição com as outras potências que estão agindo no continente, segundo analistas. “O fato de a maioria da população brasileira ser de origem afro-brasileira – o que confere ao Brasil a maior população negra do mundo depois da Nigéria – é amiúde citado pela elite governante, quase exclusivamente branca, do país, para ressaltar as semelhanças culturais do Brasil com os países africanos”, disse Stolte.

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O Ocidente estará perdendo para a China na África? Essas observações puderam ser ouvidas com frequência durante a presidência de 2003-10 de Luiz Inácio Lula da Silva, que fez da Africa uma prioridade estratégica para o Brasil como parte dos esforços do país para expandir sua influência global. Durante seus oito anos na presidência, Lula fez 12 viagens à África, visitando 21 países, mais do que qualquer um de seus antecessores. Ao mesmo tempo, o Brasil aumentou o número de suas embaixadas na África de 17 em 2002 para 37.

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O envolvimento crescente do Brasil com a África também teve continuidade sob a liderança de Dilma Rousseff, que se tornou presidente do Brasil em janeiro de 2011 – em seu primeiro ano no cargo, Dilma visitou Angola, Moçambique e África do Sul.

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Analistas dizem que o Brasil adotou uma abordagem tríplice para seu envolvimento com a África, com uma “interação quase direta” entre governo, setor privado e instituições de desenvolvimento.

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Empresas brasileiras que tentam fazer negócios no continente tendem a contratar e treinar força de trabalho local e oferecer produtos sociais para promover o desenvolvimento nativo – em Angola, a construtora brasileira Odebrecht tornou-se a maior empregadora privada do país.

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Nas últimas décadas, o Brasil passou de importador líquido de alimentos a um dos maiores exportadores mundiais de produtos agrícolas e alimentares. Mais recentemente, a renda per capita no Brasil cresceu em média 1,8% mais rápido que seu PIB em 2003-09, segundo um relatório do Banco Mundial.

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Com isso, a experiência de desenvolvimento doméstico e o sucesso na redução da desigualdade social do Brasil atraíram a atenção de vários países africanos que estão ansiosos para reproduzir alguns de seus programas.

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Analistas dizem que o Brasil está interessado em explorar seu know-how tecnológico avançado para ajudar países africanos em áreas que são chaves para o desenvolvimento do continente, entre as quais agricultura tropical e combate a doenças.

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“O Brasil se vê, portanto, como um parceiro de países africanos, um país capacitado a lhes oferecer estratégias bem-sucedidas para combater os problemas mais cruciais do continente, como a fome e a aids”, diz Stolte.

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Fonte: O Estado de S.Paulo

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