Em cerimônia realizada no Palácio Itamaraty, em Brasília, na última sexta-feira (8), Brasil e Japão assinaram o Memorando de Cooperação entre os Governos Brasileiro e Japonês no Campo de Tecnologias Relacionadas à Produção e ao Uso de Nióbio e Grafeno. O objetivo do documento bilateral é aprofundar o entendimento mútuo para explorar a cooperação na cadeia de valor de produtos que usam nióbio ou grafeno e propiciar uma cooperação mais estruturada no futuro, incluindo potenciais projetos conjuntos.
A iniciativa é resultado de tratativas iniciadas pelo presidente Jair Bolsonaro, que em 2019 manifestou interesse na cooperação ao então primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, durante o Fórum Econômico de Davos, e de reunião entre o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes e o embaixador do Japão no Brasil, Akira Yamada em 2019. Assinaram o memorando o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o ministro de Negócios Estrangeiros do Japão, Toshimitsu Motegi.
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações substituto, Leonidas Medeiros representou o MCTI na cerimônia e assinou o documento com o Secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia (MME), Alexandre Vidigal de Oliveira.
“O acordo é fundamental porque o Japão é um país que tem alta tecnologia e nos une a ele na procura de explorar as capacidades do nióbio e do grafeno”, afirmou o secretário-executivo do MCTI. “Esses materiais são produtos do futuro, que vão alcançar toda a cadeia produtiva dos países, na parte industrial e no uso da tecnologia.”
Durante a cerimônia, foram firmados também acordos de cooperação entre os dois países nas áreas de biodiversidade, desenvolvimento de sensores e plataforma de agricultura de precisão em apoio à agricultura sustentável brasileira e uso tecnologias avançadas de radar de abertura sintética e uso de inteligência artificial para o combate ao desmatamento ilegal.
Minerais estratégicos e cooperação
Em outubro de 2016, Brasil e Japão assinaram Memorando de Cooperação para a Promoção de Investimentos e Cooperação Econômica no Setor de Infraestrutura. Desde então, os governos de ambos países vêm manifestando interesse mútuo em ampliar o investimento japonês no Brasil, incluindo os minerais raros ou estratégicos, como o grafeno e o nióbio.
Em julho de 2020, foi aberta chamada pública CNPq/MCTI para apoiar empreendimentos tecnológicos à base de grafeno, destinando aproximadamente R$ 1,5 milhão para apoiar propostas de pesquisa aplicada, desenvolvimento tecnológico e inovação que visem gerar empreendimentos e soluções de base tecnológica, tendo como principal objeto o grafeno.
Já o nióbio é considerado um mineral estratégico para o país. O Brasil é o maior produtor mundial desse material, responsável por aproximadamente 86% da produção, e tem o Japão como um dos principais importadores da liga ferronióbio (9,6% do exportado pelo Brasil).
Atento à necessidade de apoio ao desenvolvimento das cadeias produtivas de minerais estratégicos, entre elas a do nióbio, o MCTI priorizou o tema na Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2016-2022 e no Plano de C,T&I para Minerais Estratégicos.
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