CBRR TORNA-SE MEMBRO OFICIAL CRIRSCO
15 de dezembro de 2015
A Comissão Brasileira de Recursos e Reservas (CBRR), formada por meio de ação conjunta da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM).
A Comissão Brasileira de Recursos e Reservas (CBRR), formada por meio de ação conjunta da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM), da Agência Brasileira para o Desenvolvimento da Indústria Mineral Brasileira (ADIMB) e do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), promoveu, durante encontro anual do Comitê Internacional de Normas de Declaração de Recursos Minerais (CRIRSCO – Committee for Mineral Reserves International Reporting Standards), workshop visando a implementação de um sistema moderno de definição e classificação de recursos e reservas minerais no País. Durante o evento, realizado no dia 1º de dezembro em Brasília (DF), cerca de 100 pessoas puderam conhecer mais sobre a CBRR, cujas normas são baseadas no modelo proposto pelo CRIRSCO.
O Workshop teve início com a apresentação do Presidente do CRIRSCO, Harry Parker, que expôs aos presentes a forma de atuação do Comitê, assim como as principais atividades desenvolvidas. “O Comitê se estabeleceu em 1994 e possui suporte direto do ICMM (International Council on Mining & Metals). “O objetivo de nosso trabalho é aumentar a credibilidade da mineração em todo o mundo, alinhando e desenvolvendo ações referentes a recursos e reservas”, detalhou. Atualmente são membros do CRIRSCO: África do Sul, Austrália, Canadá, Chile, Estados Unidos, Mongólia, Rússia e a União Europeia. “É um grande mérito para o setor que todos trabalhem juntos e com um mesmo objetivo: promover o desenvolvimento não da mineração, mas de toda a sociedade”, pontuou.
Em seguida, Felipe Holzhacker Alves, Presidente da CBRR, explicou que a criação da Comissão não tem como objetivo alterar nenhuma lei ou código brasileiro. “Esse é um esforço coletivo de auto regulação do setor privado em busca de aumentar a competitividade. O foco principal da utilização dessas normas é o registro de Profissionais Qualificados (Qualified Professional)”. Felipe explicou ainda que a CBRR faz parte de uma força tarefa de instituições que representam, atualmente, mais de 90% da mineração brasileira e envolvem desde os prospectos iniciais até as grandes companhias multinacionais, também exaltando a grande contribuição de diversos outros profissionais e instituições que fazem parte do processo, semeando este conceito de longa data.
O Brasil se tornou membro oficial do CRIRSCO no dia 30 de novembro de 2015 e a CBRR é a organização nacional de representação. “Estabelecer bases sólidas para a mineração brasileira incentivando investimentos e desenvolvimento, assim servindo a prosperidade do País. Queremos trazer para o Brasil as melhores e mais aceitas normas referentes a recursos e reservas, especialmente relacionadas à governança e à transparência. Países e empresas que não seguirem essa tendência perderão, sem dúvida, competitividade”, completou Felipe.
“O brasileiro não sabe como a mineração trabalha e mais de 90% da nossa população não compreende a importância da atividade. Nosso papel é exatamente esse: dar conforto para essas pessoas explicando todo o processo”, frisou. “Muitas vezes o fato de não investir no setor mineral está relacionado à falta de conhecimento, e não de verba”, lamentou.
O ex-Presidente do CRIRSCO, Edmundo Tulcanaza, pontuou os desafios enfrentados pelo setor mineral chileno e mostrou um pouco do que tem sido feito no país buscando garantir o desenvolvimento e gerar oportunidades.
As palestras tiveram continuidade com Luís Maurício Azevedo, diretor da FFA Legal. Em sua palestra, mostrou as fontes de financiamento para a indústria mineral e a evolução do capital investido em todo o mundo. Além disso, Azevedo demonstrou as formas de consolidação dos projetos minerais e deu dicas para captação de investimentos, como as bolsas de Toronto, da Austrália e de Londres. Azevedo aproveitou a oportunidade para expor alguns casos de sucesso da FFA, assim como regras para conseguir esses investimentos. “É fundamental que a empresa tenha, entre outros requisitos, disciplina na exploração e na produção, Profissionais Qualificados pelo CRIRSCO e regras claras. Para o Brasil, que busca investimento, é importante aprimorar as atividades de órgãos como o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), reduzir a burocracia, tempos de aprovação, etc.”.
Já Adriana Sanches, representante da BMF&Bovespa demonstrou que o principal desafio do setor mineral é atrair investimentos. “Visitamos vários países buscando conhecer experiências para aplicá-las no Brasil. A ideia principal era entender as expectativas dos stakeholders para conseguirmos mudar nossa realidade.”, explicou. Por meio dessa ação, afirmou que uma das principais lições foi a necessidade de atitudes que garantam mais transparência, simplifiquem os processos e reduzam os custos.
“Temos apenas três empresas de mineração listadas na bolsa de valores no Brasil. Estamos estudando a criação de regras específicas para essas companhias para conquistarmos um ambiente de negócios mais atrativo.”, disse. “É uma força-tarefa para atrair empresas que estão começando a operar. Precisamos mostrar para os possíveis investidores que somos um País sério e trabalhar para consolidar a confiança no Brasil”, explicou.
Randall Terada, experiente analista de Corporate and Investment Bank, aproveitou a oportunidade para explicar a necessidade de tornar os investidores mais seguros. Enquanto detalhou os principais investimentos, Randall frisou a importância de desenvolver projetos mais fortes e que garantam mais suporte para os stakeholders. “Um dos papeis dessa comissão será, sem dúvida, ‘educar’ os bancos e os formadores de opinião nas instituições financeiras”, disse. Paulo Valle Pereira Neto, da Brasilinvest, mostrou a visão de negócios da empresa, a governança, estratégias e taxas de retorno de investimentos. “Os principais critérios para conseguir investimento são confiabilidade, expertise, potencial de venda do produto, de crescimento do mercado e de retorno financeiro. O mercado brasileiro tem características próprias que precisam ser amplamente trabalhadas”, detalhou.
Na ocasião, o representante da SME (Society for Mining, Metallurgy, and Exploration), Ian Douglas no CRIRSCO demostrou os estágios do processo de investimento e a forma de identificação de possíveis negócios. Edson Ribeiro, da Vale S.A., apresentou os Profissionais Qualificados da empresa, os princípios fundamentais, a organização do comitê de recursos e reservas e as estratégias utilizadas na disseminação de boas práticas na empresa.
Já Steve Hunt, Presidente do JORC (Joint Ore Reserves Committee) frisou que “nossos recursos são nossos principais negócios. Não adianta termos pessoas extremamente capacitadas sem esses recursos”. Em sua apresentação os participantes puderam conhecer um pouco mais da metodologia JORC, utilizada em países da Australásia.
O representante da Votorantim Metais, Thomas Brenner, pontuou aspectos fundamentais para se tornar um Profissional Qualificado da CRIRSCO. “É fundamental cumprir algumas exigências, entre as quais possuir diploma de nível superior em universidade brasileira ou internacional reconhecida pelo Brasil, ter registro no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA), possuir pelo menos dez anos de experiência na indústria mineral, cinco anos de experiência na área de expertise para a qual está requerendo o certificado, três anos de experiência em posição de responsabilidade, conhecer profundamente o guia de diretrizes da CBRR, as leis minerais e as melhores práticas relacionadas à indústria mineral.” Brenner apresentou também um breve resumo do Guia da CBRR para Declaração de Resultados de Exploração, Recursos e Reservas Minerais produzido pela Comissão.
A palestra final ficou a cargo de Deborah McCombe, representante do CIM (Canadian Institute of Mining, Metallurgy and Petroleum), no CRIRSCO que garantiu que “a transparência, competência e qualidade das informações garantem a confiança no mercado e podem ajudar nas tomadas de decisões relacionadas aos investimentos.”. “Esses são pontos-chaves que podem ser alcançados com o trabalho das Pessoas Qualificadas e responsabilidades atribuídas a elas”, finalizou.
Com a aprovação do Brasil via CBRR na “família CRIRSCO”, seus representantes a partir de agora são Thomas Brenner, da Votorantim Metais, e Edson Ribeiro, da Vale S.A., ambos profissionais qualificados e reconhecidos pelo setor mineral como altamente capacitados para desempenharem tal função.
O presidente da CBRR é Felipe Holzhacker Alves, Engenheiro de Minas e representante da ABPM, e o vice-presidente, Onildo Marini, diretor executivo da ADIMB. A CBRR tem ainda um Conselho Superior, três comitês (Ética, Técnico e Registro), todos compostos por seis membros, sendo dois representantes de cada uma das três instituições que a formaram (ABPM, ADIMB e IBRAM), além de um Secretariado. Os documentos da CBRR serão divulgados depois de concluídas mais algumas etapas de formalização junto ao CRIRSCO no início de 2016.
Fonte: IBRAM – Profissionais do Texto