Cenário promissor na África

O continente africano está despontando como um destino interessante para investimentos de empresas brasileiras. Pelo menos é isso que mostra pesquisa realizada pela Ernst & Young e que confirma o sócio da Bernardes Consulting e do escritório Bernardes & Advogados Associados, que presta consultoria para empresas que desejam investir na África, Flávio Bernardes.

Ele explica que o continente tem disponibilidade para investimento nas mais diversas áreas, mas que a internacionalização das empresas é um assunto bastante delicado no âmbito interno das companhias. “Elas prospectam novos negócios nos países africanos, olham as demandas de cada mercado, mas ainda ficam receosas para investir”, diz.

Bernardes acredita que as áreas mais promissoras para investimento na África são de mineração, energia, agronegócio e recursos humanos. “Os setores de mineração e energia na África estão passando por um grande boom, com grandes empresas multinacionais explorando a região. Mas o país também tem potencial para o agronegócio, não só no plantio de produtos primários, mas também de processamento deles”, explica.

Ele destaca, no entanto, o setor de recursos humanos como um dos que mais necessita de investimentos no continente africano. “As empresas que atuam na região sofrem com a carência de mão de obra capacitada e a única solução é treinar a população para trabalhar. Com isso, grandes empresas de treinamento de pessoal estão se instalando na região e ainda têm espaço para futuros investimentos nessa área”, afirma.

Para Bernardes, uma linha de financiamento do governo federal que prioriza a África deve aquecer o volume de investimentos no continente. “Os países africanos estão passando por um processo de estabilização política e econômica e eles têm uma grande área virgem, que permite grande crescimento”, observa.

Ele acredita que as maiores dificuldades enfrentadas pelas empresas que planejam investimento na África são formar uma base para acompanhar o trabalho da empresa in loco e conseguir um bom parceiro local para realizar o aporte. “Até por isso nós instalamos este ano um escritório em Moçambique. Assim conseguimos prestar consultoria para nossos clientes que estão no continente africano ou pretendem investir lá”, observa.

O estudo feito pela Ernst & Young, “Africa by Numbers: Assenting market attractiveness in Africa report ou today”, mostra o perfil de risco dos 17 países mais populares para investimentos no continente. A África do Sul se destaca por ser classificada como país de menor risco e também pelo tamanho de sua economia. O país também tem investimentos em curso que estão sendo feitos em ativos de capital fixo.

Outro país que se destacou no estudo foi Gana devido à alta taxa de crescimento econômico, impulsionada pela produção recente de petróleo. A estabilidade política do país também tem chamado atenção de investidores. Já os países do norte africano, como Tunísia e Marrocos, não enfrentam um cenário político estável, mas têm atraído projetos de investimento estrangeiro, de acordo com o levantamento.

Ainda segundo a pesquisa da Ernst & Young, a Zâmbia também está emergindo como um mercado cada vez mais atraente, assim como a região do oriente africano, que inclui países como Quênia, Uganda e Tanzânia, e ainda os países que fazem fronteira com a Etiópia e Moçambique.

Infraestrutura – Para atrair ainda mais investimentos estrangeiros, no entanto, a África precisa promover melhoras na infraestrutura, tanto para conectar os mercados quanto para apoiar o desenvolvimento da indústria e de outros setores. O levantamento da Ernst & Young mostrou que o continente precisa encontrar soluções nas áreas de infraestrutura, logística, comunicações, transportes e energia.