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Compasso de espera

26 de junho de 2012

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As siderúrgicas brasileiras convivem com um número difícil: existe hoje um excedente de 526 milhões de toneladas de aço no planeta, segundo a World Steel Association (WSA). A incerteza aumenta quando se percebe que um dos destinos preferidos para desova dessa produção é o Brasil. Em 2011, as importações de aço atingiram 8,49 milhões de toneladas, praticamente um terço do consumo aparente (vendas internas somadas às importações) no país. “Historicamente, as importações ficavam sempre em torno de 5%”, diz Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil.

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O cenário conturbado, que na verdade envolve o mercado de capitais como um todo, deixa apreensivos os investidores que apostaram no setor de siderurgia. Comprar, vender ou manter os papéis? Com exceção da Gerdau, que tem apresentado desempenho positivo, as demais companhias listadas – CSN e Usiminas – vivem períodos ruins, com perdas expressivas no primeiro semestre.

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O destaque negativo fica por conta dos papéis da Usiminas. Segundo estudo elaborado pela Ativa Corretora, com base no pregão de 15 de junho, as perdas no ano de Usiminas ON N1 atingiram 45,7%, enquanto quem comprou Usiminas PNA N1 perdeu 30,2%. Na mesma situação estão os investidores da CSN; o papel CSN ON recuou 14,1% em 2012. Já a Gerdau tem se saído melhor. Gerdau PN N1 subiu 23% e Gerdau MET PN N1 avançou 25%. No período, o índice Bovespa recuou 1%.

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Pelo menos no caso de Usiminas e CSN, os resultados parciais do semestre acompanham a tendência de baixa observada no ano passado, quando CSN ON desabou 40,7%, Usiminas PNA despencou 46,6% e até Gerdau PN desceu ladeira abaixo, com perdas de 34,6%.

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E, agora, o que fazer? Antes de mais nada, é preciso compreender as nuances do setor e as peculiaridades de cada companhia. “Temos de dividir o setor em produtores de aços planos e de aços longos”, explica Daniella Maia, analista-chefe da Ativa. No primeiro grupo enquadram-se Usiminas e CSN, companhias fornecedoras da indústria automobilística e de linha branca, que vêm sofrendo em razão da falta de crescimento da indústria e da concorrência de similares importados, que chegam ao Brasil com preço mais competitivo. Assim, ficam travadas na hora de repassar aumentos decorrentes do chamado custo Brasil, além da pesada carga tributária e da alta das principais commodities, que são o minério de ferro e o carvão mineral.

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Já o setor de aços longos, usados principalmente em obras de infraestrutura e construção civil, tem encontrado mais saída no mercado. “Gerdau é uma companhia mais exposta na América Latina e nos Estados Unidos, onde possui fábricas, o que a torna presente na retomada da economia americana”, diz Daniella. E há também o diferencial da matriz energética. As usinas da Gerdau utilizam sucata de aço, produto 100% reciclável, em vez do carvão, ou seja, ela não é dependente das oscilações do preço do carvão e do ferro.

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Para Pedro Galdi, analista chefe da SLW Corretora, o ano de 2012 não será favorável para quem investiu em CSN e Usiminas. “As companhias sofrem o efeito da desindustrialização e da concorrência dos importados, além dos custos operacionais.” No entanto, ele recomenda aos investidores manter os papéis pensando no longo prazo, algo em torno de quatro anos, quando o quadro apresentar sinais de melhora para o setor de aços planos. “Já Gerdau está com perspectivas boas e não há previsão de turbulências no setor de aços longos. É a melhor recomendação do setor siderúrgico”, afirma.

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Para o analista Luiz Francisco Caetano, da Planner Corretora, a proximidade dos grandes eventos (Copa do Mundo e Olimpíada), a prometida retomada das obras do PAC e programas habitacionais como Minha Casa, Minha Vida devem aquecer o mercado de aços longos, o que causa uma expectativa bem favorável para a Gerdau. “Mas não podemos deixar de considerar os preços no mercado internacional”, diz. Segundo relatório da Planner, após alta de 27% em 2010, os preços dos aços longos recuaram 7% em 2011 e 8% até o momento, no mercado chinês. “Se a China não crescer e decidir exportar o aço, será um desastre para os preços no mercado internacional”, afirma.

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“De modo geral, o quadro da siderurgia nacional reflete o atual cenário. O consumo de aço depende do PIB em uma relação linear. Está hoje andando de lado, mas sem grandes perspectivas, sem novos investimentos”, afirma analista da consultoria Metal Data, que pede para não ser identificado. Em abril, a produção brasileira de aço bruto atingiu 3 milhões de toneladas, volume 1,2% inferior ao mesmo mês de 2011, mas 1,7% superior se comparado aos últimos 12 meses. Quanto às vendas internas, o resultado foi de 1,8 milhão de toneladas de produtos, queda de 2,1% em relação a abril de 2011. Nos quatro primeiros meses do ano, as vendas chegaram a 7,2 milhões de toneladas, crescimento de 0,4% ante mesmo período de 2011.

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Já as importações mantiveram ao seu viés de alta. Até abril, foram 1,3 milhão de toneladas de produtos, o que representa 16,5% acima do mesmo período do ano passado.

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Com relação ao parque industrial, o setor é composto por 14 companhias privadas, controladas por 11 grupos empresariais, em um total de 29 usinas, das quais 25 estão localizadas nas regiões Sul e Sudeste. As movimentações são poucas e pontuais. No fim do ano passado, a Ternium, siderúrgica argentina do ramo de aços planos e longos, adquiriu, junto à Votorantim e a Camargo Corrêa, por R$ 5 bilhões, a fatia de 27,6% da Usiminas, que já não andava bem das pernas. O objetivo do grupo argentino era marcar posição no mercado de aços planos brasileiros, em especial junto ao setor automobilístico, principal cliente do produto, além de ter acesso aos ativos de minério de ferro da Usiminas em Minas Gerais.

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A expectativa era que com um novo modelo de gestão a siderúrgica mineira pudesse engrenar um ritmo de alta, mas não foi o que ocorreu. No primeiro trimestre, impactada por perdas cambiais, provisões de contingência e provisões para perdas nos estoques, a Usiminas realizou prejuízo líquido de R$ 37 milhões e Ebitda de R$ 190 milhões, o que representou queda de 13% em relação ao quarto trimestre do ano passado. A margem Ebitda encerrou o período em 6,6%, inferior em 1.1 do trimestre anterior.

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No primeiro trimestre, os investimentos consolidados da Usiminas fora da ordem de R$ 561 milhões. Na primeira quinzena de junho, a direção do Grupo Techint, controlador da Ternium, admitiu que já havia perdido 76% de seu investimento, cerca de US$ 2,49 bilhões em valores atualizados.

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Para o segundo semestre, as atenções concentram-se quanto ao futuro da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), controlada pelo grupo alemão ThyssenKrupp AG, operação em que a Vale é acionista minoritária, com participação de 26,81%. Uma possível compradora seria a CSN, após declarações do presidente, Benjamin Steinbruch sobre obter mais informações sobre a companhia. Para Caetano, da Planner Corretora, tais possibilidades são remotas. “Os investimentos da CSN estão muito direcionados para a ferrovia Transnordestina e não acredito em mudança de rota neste momento”, afirma.

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Embora não haja nenhuma proposta oficial pela CSA, especula-se que entre os possíveis compradores estejam grupos chineses. A Baosteel, maior siderúrgica do país asiático, já tentou em duas oportunidades instalar uma planta no país. Na primeira vez, o alvo foi o Estado do Maranhão, mas não teve sucesso; posteriormente, tentou o Espírito Santo, mas igualmente não teve êxito. Há também o grupo Wisco, que atualmente negocia a construção de uma usina em parceria com a EBX, em Porto Açu.

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De acordo com a direção do grupo ThyssenKrupp, a transação iria incluir também a planta de laminados no Alabama, nos Estados Unidos. O valor total da transação é estimado em € 7 bilhões.

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Fonte: Valor Econômico

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