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Contencioso tributário domina a gestão na Vale

18 de maio de 2012

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Há quatro dias de completar um ano à frente da Vale – maior produtora e exportadora de minério de ferro do mundo -, Murilo Ferreira, presidente-executivo da companhia, tem dedicado a maior parte de seu tempo a resolver um dos problemas mais espinhosos que herdou da administração anterior. Trata-se de um contencioso tributário com a Receita Federal relativo ao pagamento de imposto de renda de controladas e coligadas no exterior que envolve ações que totalizam R$ 32 bilhões. A questão se tornou um ponto muito tenso e muito complexo para a empresa, pois pode debilitar o futuro da companhia a medida em que tem corroído o valor das suas ações nas bolsas. Um estudo divulgado esta semana pelo banco americano Goldman Sachs avalia que a Vale está com R$ 40 bilhões a menos em seu valor de mercado por conta dessa incerteza tributária, apurou o Valor.

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Ontem, as ações da Vale tiveram recuo na BM&FBovespa e em Nova York. O papel PNA (preferencial) fechou cotado a R$ 34,78, com queda de 3,65% no dia, 16,09% no mês e 5,67% no ano. A ação ON (ordinária, com direito a voto) encerrou o pregão em R$ 35,83, com baixa de 3,42% no dia, 15,89% no mês e 6,89% no ano. Em Nova York, o ADR da Vale PN fechou em US$ 17,39, com recuo de 3,97%, menos 19,6% no mês, alcançando 13,48% no ano. O ADR das ON foi cotado a US$ 17,93 – baixa diária de 3,49%, chegando a 19,23% no mês e 14,29% no ano. O valor de mercado da Vale atingiu R$ 180,6 bilhões na Bovespa (US$ 90,4 bilhões, segundo a Economática).

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A herança tributária, que Ferreira chama ironicamente de “presentinho”, além de trazer volatilidade às ações da companhia, tem muitas interfaces. A decisão dessa questão virá através do Supremo Tribunal Federal (STF). O plenário do Supremo dará a última palavra: se o processo deverá prosseguir sem a Vale ter que depositar judicialmente ou não a bilionária quantia para recorrer na Justiça. Mas Ferreira, segundo garantem pessoas próximas, está otimista.

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A gestão do executivo, que recebeu o bastão deixado por Roger Agnelli em 22 de maio de 2010, tem sido, no geral, elogiada por acionistas de bancos que acompanham o setor e por investidores. E também pelo mercado. Os analistas o consideram um bom gestor que está vivendo num cenário de turbulência.

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Ferreira recebeu elogios durante recente seminário em Miami, nos Estados Unidos, para investidores do setor de mineração, onde compareceu juntamente com os principais executivos das concorrentes BHPBilliton e Rio Tinto, além da TechCominco e outras mineradoras de peso. Segundo informações, isso se deve ao fato de tornar a Vale uma empresa mais transparente, com seu foco mais definido em mineração. As prioridades da companhia, hoje, são minério de ferro – seu produto carro-chefe -, cobre, níquel, fertilizantes e carvão. O esforço da equipe de Ferreira para a Vale aumentar a produção de minério de ferro também abrandou o humor dos investidores.

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Em 2011, a Vale reforçou a área de sustentabilidade e conseguiu a licença ambiental prévia para começar este ano a desenvolver o projeto de mi nério de ferro da mina N5Sul, em Carajás, no Pará, com produção prevista de 40 milhões de toneladas em 2014. Fazia 10 anos que a Vale não obtinha uma licença ambiental em Carajás. O próximo passo é obter ainda neste trimestre a licença prévia para levar avante Serra Sul, o maior projeto de minério de ferro da empresa, com capacidade de produção de 90 milhões de toneladas da matéria-prima do aço por ano. Está orçado em US$ 19 bilhões.

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A expectativa da Vale é chegar em 2015 com uma produção de 425 milhões de toneladas de minério de ferro por ano ante volume atual de 300 milhões de toneladas do produto. Assim, ela poderá se aproximar novamente da produção das australianas BHPBilliton e Rio Tinto, que, juntas, alcançam 430 milhões de toneladas de minério de ferro. Em 2004/2005, a Vale, sozinha, produzia mais que as duas juntas.

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Outra medida que Ferreira tomou nestes 12 meses de gestão, em que trabalhou muito internamente na companhia, foi criar um novo formato para o Plano de Investimento da mineradora. Pelo novo modelo, a empresa só oficializa investimentos aprovados pelo conselho de administração e que tenham a licença ambiental assegurada. O executivo disse, em recente entrevista ao Valor, que este foi “um dos desafios que eu tive aqui: fazer uma revisão dos nossos diversos projetos em implantação. Nós precisávamos fazer um zoom, um detalhamento para percebermos em que estágio estavam cada projeto através de uma análise de risco para que não criássemos fumaça ou uma neblina sobre a situação”. E acrescentou: “Queríamos ter a fotografia o mais transparente possível dos projetos e do orçamento necessário para tocá-los”.

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A mudança influiu no orçamento de 2011, fixado em US$ 24 bilhões, dos quais – pelos novos critérios – apenas US$ 18 bilhões foram realizados. Para fixar o orçamento e o plano de investimento deste ano foram feitas 11 reuniões pela diretoria executiva da companhia. O orçamento final foi fixado em US$ 21,4 bilhões, sendo US$ 12,9 bilhões para executar projetos, US$ 2,4 bilhões para pesquisa e desenvolvimento e US$ 6,1 bilhões para sustentação das operações. Desse total, a área de ferrosos ficou com 46,7%, metais básicos, 21,6%, fertilizantes, 9,6%, carvão, 8,9%,e aço, 2,9%.

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Fonte: Valor Econômico

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