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Cresce produção local de locomotiva

11 de julho de 2012

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Nos velhos galpões da fábrica da General Eletric na cidade de Contagem (MG), os funcionários estão correndo para entregar em média cinco locomotivas por mês. É uma tremenda mudança na rotina de quem está na empresa há algum tempo e passou anos com medo de perder o emprego por falta de serviço. Foram períodos em que a GE simplesmente não conseguia uma encomenda sequer de máquinas novas. O negócio que restava era o de manutenção e reparos leves.

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“Chegou a haver uma análise da empresa se não seria melhor encerrar as operações no Brasil”, lembra Guilherme Segalla de Mello, presidente e CEO para a América Latina da GE Transportation, o braço do grupo americano dedicado à fabricação e manutenção de locomotivas.

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A empresa sobreviveu ao período crítico dos anos 90 de privatização das linhas férreas, decidiu ficar e vive agora o melhor momento em décadas para o setor ferroviário. A GE Transportation completa 50 anos no Brasil. Boa parte desse período, com a produção acanhada e disputando mercado com locomotivas usadas importadas.

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No ano passado, a empresa produziu mais de 100 locomotivas para trens de cargas. Foi um recorde de um ano atípico puxado por dois grandes contratos. Este ano, prevê fabricar cerca de 60 unidades, o que continua sendo um patamar bastante elevado para o Brasil e a garantia de emprego para seus 600 funcionários. Durante quatro décadas, a fábrica funcionou em Campinas. Desde 2006, as locomotivas são feitas em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, onde por anos funcionou um centro de manutenção.

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Aquecida por novas ferrovias que estão para ser entregues, a indústria ferroviária atraiu recentemente um segundo fornecedor. A Caterpillar começou em maio a fabricar suas primeiras locomotivas no Brasil. A unidade da Progress Rail Services, empresa do grupo, fica também em Minas Gerais, em Sete Lagoas, e já tem 35 encomendas. As primeiras máquinas devem ficar prontas em outubro.

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As duas empresas – ambas americanas – são as únicas fabricantes do país de locomotivas para trens de carga. Ambas estão discutindo novos contratos e traçam um cenário muito promissor para seus negócios. Um exemplo raro atualmente no ramo industrial. A GE já exporta para a América do Sul e para países da África. A Progress Rail também planeja exportar para os vizinhos sul-americanos.

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Os números da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer) ajudam a traduzir o momento do setor: entre 1990 e 1999, o Brasil produziu 111 locomotivas. Só em 2011 foram 113. Além de locomotivas montadas no país, máquinas importadas abasteceram a demanda nacional. A última vez que se produziu mais de 100 locomotivas no Brasil foi em 1977.

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Em 2010, a GE anunciou seu maior investimento no Brasil. Foram US$ 550 milhões para diversos negócios. Para a fábrica em Contagem, a fatia foi de US$ 35 milhões. Cerca de 60% dos recursos já foram investidos na ampliação das instalações. A unidade que antes tinha capacidade de produção de 60 locomotivas anuais fechou o ano passado com capacidade para 120. Produziu quase isso para atender às encomendas da Cosan e da MRS (que recebeu o primeiro e maior lote de uma encomenda celebrada em 2009 de 115 locomotivas, com opção de mais 100 em cinco anos).

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“O cenário pelos próximos cinco anos é de que o Brasil compre cerca de 100 locomotivas por ano e não mais os 40 a 60 dos anos anteriores”, diz Mello.

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Carlos Roso, diretor-geral da Progress Rail, trabalha com um quadro duplamente mais favorável, com base, explica ele, nas estimativas de seus clientes. “O Brasil vai comprar 1.000 locomotivas nos próximos cinco anos e estamos nos preparando para ter 50% desse mercado.” A fábrica de Sete Lagoas, diz o executivo, está sendo preparada para produzir 96 locomotivas por ano. São hoje cerca de 70 funcionários, mas até o fim do ano a expectativa é que mais 80 trabalhadores sejam contratados.

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O ânimo dos fabricantes se explica: o Brasil tem hoje 29 mil km de ferrovias e, somando os projetos em estudo e os já em construção, terá mais 11 mil km. Transnordestina, Norte-Sul, Ferrovia de Integração Oeste-Leste e a Ferrovia de Integração Centro-Oeste são algumas das novas linhas. Some-se a isso a reativação de alguns trechos; o aumento do movimento de carga por trilhos e modernização dos trens por parte das operadoras de carga que começam a trocar as locomotivas antigas por modelos mais novos e mais econômicos.

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Vale, MRS e ALL estão entre alguns dos principais compradores de locomotivas do Brasil. Pagam por unidade, dependendo do modelo, R$ 3 milhões. As compras têm recebido o apoio de uma linha especial de financiamento do BNDES, que como contrapartida exige um percentual mínimo de nacionalização das locomotivas.

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Os primeiros trens da Progress Rail sairão da fábrica com mais de 40% de conteúdo nacional. No caso da GE, alguns de seus modelos já têm mais de 60%.

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Fonte: Valor Econômico

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