As siderúrgicas brasileiras apostam na autossuficiência na produção de minério de ferro. Elas estão de olho na perspectiva de crescimento do mercado mundial e também no desafio de garantir a linha de su
As siderúrgicas brasileiras apostam na autossuficiência na produção de minério de ferro. Elas estão de olho na perspectiva de crescimento do mercado mundial e também no desafio de garantir a linha de suprimento de matérias-primas, até como forma de proteção contra as flutuações de preço.
Usiminas e Gerdau investem em projetos que vão aumentar a produção das duas empresas de 14,5 milhões para 23,5 milhões de toneladas por ano. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que já atingiu a autossuficiência, prevê para 2013 aportes de R$ 3,1 bilhões, a maior parte em projetos de expansão, como o da mina de Casa de Pedra, em Minas Gerais. A cotação da matéria-prima, que saiu de pouco mais de US$ 100 por tonelada no fim do ano passado e deve estabilizar em torno de US$ 150 em 2013, de acordo com as estimativas do mercado, impulsiona os investimentos.
“O grande desafio para a indústria siderúrgica nacional é o excesso de capacidade de produção e alguns sinais ainda incertos de demanda”, diz Carlos Assis, sócio-líder para mineração da Ernst & Young Terco. “O investimento em autossuficiência é uma boa aposta das siderúrgicas brasileiras. Nos anos mais recentes elas têm apresentado faturamento maior em mineração do que em siderurgia”, afirma o especialista em mineração José Mendo, da J Mendo Consultoria.
A prioridade da Mineração Usiminas (Musa), que opera três jazidas em Itatiaiuçu, Minas Gerais, na região de Serra Azul, é a finalização da implantação do Projeto Friáveis no início do segundo semestre de 2013.
O projeto levará a empresa a aumentar a sua capacidade produtiva dos atuais 8 milhões de toneladas para 12 milhões de toneladas por ano.
O Projeto Friáveis será entregue pronto, dentro do orçamento previsto, de R$ 800 milhões, e em linha com o cronograma originalmente previsto e aprovado pelos acionistas da empresa. Só no ano passado a Usiminas investiu R$ 554,8 milhões. Ao fim do primeiro trimestre deste ano, o projeto havia alcançado 88,5% do cronograma. No ano de 2012, o volume de produção registrado foi de 6,7 milhões de toneladas, 5,1% superior ao de 2011. Já o volume de vendas foi de 6,1 milhões de toneladas – ou 9,9% maior quando comparado ao de 2011.
A Gerdau investe R$ 838 milhões para ampliar a capacidade de produção própria de minério de ferro dos atuais 6,5 milhões de toneladas para 11,5 milhões de toneladas. Esse aumento se dará com a entrada em operação da segunda unidade de tratamento de minério de ferro em Miguel Burnier, que, junto a Várzea do Lopes e Gongo Soco, compõe os recursos minerais da empresa em Minas Gerais.
O projeto envolve também uma estrutura de logística própria, com investimentos em via de transporte rodoviário para facilitar o transporte do material de Várzea do Lopes para Miguel Burnier, assim como a instalação de um sistema de correia de longa distância, com nove quilômetros de extensão, para o transporte do minério beneficiado até a usina Ouro Branco.
Na CSN, os projetos de expansão em andamento elevarão a capacidade de Casa de Pedra para 50 milhões de toneladas anuais e da Nacional Minérios S. A. (Namisa) para 39 milhões de toneladas anuais nos próximos anos.
Na última divulgação de resultados da companhia a atividade de mineração, com receita de R$ 4,5 bilhões, rendeu a maior fatia do Ebtida – quase R$ 2,2 bilhões. As vendas da CSN no segmento de mineração atingiram 31,8 milhões de toneladas, em 2012, sendo 25,1 milhões para o mercado externo, 6,1 milhões de toneladas para seu processo produtivo e 632 mil toneladas para o mercado interno. A empresa também trabalha para conquistar a autossuficiência em coque, insumo para a produção de aço, no biênio 2013/2014. A produção atual do coque atende a 65% das necessidades do grupo.
Os investimentos em mineração representam uma retomada do perfil siderúrgico nacional, de acordo com especialistas. Muitas companhias tinham minas próprias e decidiram desfazer-se delas quando as margens ficaram pequenas e a siderurgia tornou-se mais atraente que a mineração. No começo do século o cenário sofreu uma reviravolta com o desenvolvimento da China. O impacto se refletiu na mudança dos padrões de operação das siderúrgicas, com a introdução de novas tecnologias, e a necessidade de abastecer um mercado que cresce mais de 7% ao ano. Além da China há ainda o crescimento da Índia, da África do Sul e de países asiáticos, como Coreia do Sul e Vietnã, e as próprias necessidades do Brasil em superar os gargalos de infraestrutura.
O cenário internacional desenhado por especialistas prevê uma recuperação mais robusta a partir de 2015. No ano passado, o uso global de aço deve ter crescido apenas 2,1%, em comparação com o crescimento de 6,2% de 2011, por causa de crise na zona do euro, de acordo com o estudo “Global Steel Report 2013”, da Ernst & Young Terco.
Para 2013, a previsão é que aumente 3,2%. A partir de 2015 deve atingir 3,5%, principalmente por causa da demanda dos mercados emergentes. O sucesso da nova economia, aponta o estudo da Ernst & Young Terco, vai depender da capacidade das siderúrgicas em responder ao desafio global de atuar com agilidade operacional e competitividade de custo para atingir os clientes.
“Hoje, 30% da capacidade instalada das siderúrgicas nacionais estão ociosos, mas no auge da crise a utilização esteve abaixo dos 70%. Em alguns países a indústria está aproveitando para desativar ativos, mas aqui faz todo o sentido a verticalização, porque a expectativa é que em dois anos haja uma acomodação para um cenário mais favorável. As plantas defasadas devem ser fechadas e os cenários macroeconômicos mais positivos devem aumentar a demanda”, diz Carlos Assis, da Ernst & Young Terco.
“Nossa siderurgia tem tudo, qualidade, eficácia, mas depende de infraestrutura e tributação. Há certa cautela em investir por causa das crises internacionais. O Brasil tem tudo para ser a China do século 21. Nós estamos desesperadamente necessitando de infraestrutura competitiva e isso depende de aço. Estamos prontos para um salto qualificativo. Se o mercado não fizer essa leitura, o Brasil vai se limitar a ser um exportador de aço”, afirma José Mendo, da J Mendo Consultoria.
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Fonte: Valor Econômico
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