A 9ª Conferência Latino-Americana sobre Segurança de Processos será realizada no Rio de Janeiro, nos dias 18, 19 e 20 de outubro
Mapeamento e gestão de riscos, compliance, resposta a crises, treinamento de equipe, liderança e cultura em segurança de processos. Estas temáticas serão abordadas na 9ª Conferência Latino-Americana sobre Segurança de Processos, coorganizada pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e o Center for Chemical Process Safety (CCPS), nos dias 18, 19 e 20 de outubro, no Rio de Janeiro (RJ). Clique aqui para fazer a inscrição.
A Conferência contará com a participação de especialistas e acadêmicos de diversos setores da indústria, como mineração, energia, agricultura, de biocombustíveis e farmacêutico. A segurança de processos é um dos principais pilares no crescimento do setor mineral e é uma das metas da Agenda ESG da Mineração do Brasil. Para o PSM and Operational Risk Executive Manager da Vale, Claudemir Peres, um dos palestrantes da Conferência, as indústrias, não só a da mineração, deram importantes passos nesse amplo tema nos últimos 40 anos e reforça a importância da troca de experiências.
“O trabalho junto ao IBRAM, ao ICMM (International Council on Mining and Metals) e ao CCPS tem nos ajudado a aprimorar o conhecimento de Segurança de Processos na Mineração, na divulgação do tema e a fortalecer a relevância do PSM nas organizações e na busca de uma referência comum e própria para a mineração”, diz.
A gestão dos riscos é primordial para a segurança de processos. O palestrante ressalta que “os perigos de um processo devem ser identificados e classificados. Essas informações permitem estabelecer o nível de criticidade dos riscos e assim quais meios e controles são necessários para se garantir que eles estejam sendo geridos de maneira adequada, ou seja, com controles críticos suficientes e compatíveis com severidade dos cenários”.
Para isso, segundo o especialista, o compromisso da alta administração, o conhecimento técnico, a gestão da rotina e de mudanças, além do aprendizado contínuo, são fundamentais na composição do sistema de gestão. E todos devem ser interligados entre si. “O sucesso em vencer todas as barreiras está na criação de um valor e da crença que a estruturação e manutenção de um Sistema de Gestão de Segurança de Processos baseado nos riscos, sustentando a cultura organizacional em todas as decisões e níveis, promove a excelência operacional”, avalia.
Peres avalia que a Conferência Latino-Americana sobre Segurança de Processos é uma oportunidade técnica e geográfica para a promoção do conhecimento, da integração e relacionamento. “Os seminários e trabalhos apresentados historicamente possuem uma qualidade técnica diferenciada e, por ser realizado em nossa região, com um maior alinhamento cultural – embora seja global, promove alavancas relevantes para evolução desse tema na América latina”, finaliza.
Veja abaixo a entrevista completa com o PSM and Operational Risk Executive Manager da Vale, Claudemir Peres.
Quais os principais pontos devem ser considerados nos programas de Segurança de Processos?
Não consigo pensar em segurança de processos sem pensar na adequada gestão de riscos. Os perigos de um processo devem ser identificados e classificados. Essas informações permitem estabelecer o nível de criticidade dos riscos e, assim, quais os meios e controles são necessários para se garantir que eles estejam sendo geridos de maneira adequada, ou seja, com controles críticos suficientes e compatíveis com severidade dos cenários – nem mais, nem menos.
O compromisso da alta administração, o conhecimento técnico, a gestão da rotina, a gestão de mudanças, o aprendizado contínuo são temas que devem compor um Sistema de Gestão de Segurança de Processos de maneira interligada entre si. Uma das melhores referências disponíveis atualmente é o Manual de Segurança de Processos Baseado em Riscos do CCPS. Essa referência é aplicável a todos os tipos de organização e aborda os requisitos de um sistema de gestão, estando organizado em 20 elementos gerenciais e quatro pilares de sustentação: Compromisso com Segurança de Processos, Conhecendo Perigos e Riscos, Gerenciando os Riscos e Aprendendo com a Experiência.
Esse modelo nos permite uma visão clara de quais barreiras de proteção devem ser pensadas e estabelecidas para o sucesso de uma organização, no estabelecimento de Sistema de Gestão de Segurança de Processos, na busca da excelência e da preservação da vida.
A fortaleza e a sustentabilidade desses resultados ocorrem por meio do conjunto de requisitos. Na Vale esse modelo está sendo incorporado em no Sistema de Gestão, o VPS (Vale Production System), estruturado por 17 elementos de Gestão em 3 dimensões: Liderança, Técnica e Gestão, tendo as pessoas ao centro.
A Mineração do Brasil está em constante evolução e, além da sustentabilidade, a segurança operacional é um dos principais pilares no crescimento do setor. Como você avalia a evolução no gerenciamento de segurança de processo?
Desenvolvi a minha carreira durante mais de 30 anos na indústria química/petroquímica e tive a oportunidade de vivenciar a evolução de segurança de processos nesses segmentos a partir dos grandes acidentes industriais ocorridos entre os anos de 1980 e 2020. Esse período representou uma significativa evolução do desempenho em segurança de processo, com a publicação de diversas referências e normas internacionais, o Responsable Care e o manual de Segurança de Processos Baseado em Riscos pelo CCPS, revisto após o acidente da BP em Texas City. Realmente foram 40 anos de grandes resultados e aprendizados.
Na Vale já há alguns anos e interagindo com outras mineradoras de atuação global, vejo que os desafios são muito parecidos com o que vivenciei na área química/petroquímica no início da minha carreira. Entretanto, é nítido a capacidade de aceleração da velocidade de aprendizado e a incorporação desses conceitos na mineração – não há muito que se reinventar a roda. Ajustar conceitos e linguagem ao mundo da mineração, incorporando esses conceitos na rotina é de fato um desafio. Veja um exemplo: na área química temos muitos dutos para transporte de produtos, na mineração, em algumas empresas como a Vale, o paralelo aos dutos é a ferrovia e a navegação. Trazer esses processos logísticos para dentro da segurança de processo, considerando-os “in site” é uma adaptação conceitual necessária.
O trabalho junto ao IBRAM, ICMM e ao CCPS tem nos ajudado a aprimorar o conhecimento de Segurança de Processo na Mineração, na divulgação do tema e a fortalecer a relevância do PSM nas organizações e na busca de uma referência comum e própria para a mineração.
Poderia falar um pouco sobre a importância da liderança e a cultura de segurança de processos?
A importância da liderança na segurança de processos começa pela própria definição de líder, ou seja, aquele indivíduo que exerce influência no comportamento ou no modo de pensar de alguém”.
O líder sempre fará diferença – quer para o bem, quer para o mal. Empresas onde a maturidade do sistema de gestão ainda é baixa, a influência será maior e muito dependente das crenças pessoais desse líder. Neste cenário, o sistema poderá torna-se frágil e sofrer com alterações contínuas de rotas, comprometendo a continuidade das estratégias e o desempenho pode não atender aos resultados esperados.
Por outro lado, empresas com um sistema de gestão mais maduro se tornam menos expostas aos riscos de influência individual de um líder ou falta de continuidade das estratégias. Não significa que um sistema maduro esteja completamente “blindado” aos líderes, mas possuem condições favoráveis de identificar e corrigir desvios com clareza e agilidade. Segurança torna-se sustentável quando equivale a uma “política de estado” e não uma “política de governo”.
Segurança de Processo envolve todos os setores e funcionários de uma empresa. Quais os maiores desafios para o gerenciamento dos programas?
Existem desafios de todas as naturezas e de todas as complexidades. Entretanto, sempre que obtive sucesso em vencer esses desafios, a firmeza de propósito em se ter a vida em primeiro lugar foi sempre um ponto cultural comum. Essa clareza de propósito deve ser suportada pelo compromisso da administração com a continuidade na implantação das estratégias, no alinhamento cultural pela busca da excelência, da melhoria contínua, da capacidade de se manter um diálogo aberto e transparente e, em especial, pela busca da excelência operacional. A segurança não deve ser encarada como algo isolado, específico ou um feudo dentro das organizações – caso esse seja o cenário, não haverá evolução e sustentabilidade de resultados. Segurança é a rotina do dia-a-dia da organização, indivisível e indelegável das responsabilidades pela produção e custos. A excelência operacional é a base da segurança.
De uma maneira direta, o sucesso em vencer todas essas barreiras está na criação de um valor e da crença que a estruturação e manutenção de um Sistema de Gestão de Segurança de Processos baseado nos riscos, sustentando a cultura organizacional em todas as decisões e níveis, promove a excelência operacional.
Infelizmente, o sucesso nessa jornada não ocorre por decreto, mas por uma estruturação que mantenha de forma robusta uma base técnica dos seus processos, pela interligação e conexão dos elementos de gestão e pela persistência e continuidade na implantação das estratégias. Para garantir essa integração o VPS, Sistema de Gestão da Vale, é utilizado como base de toda essa integração e conexão, e possui uma gestão global exatamente por nossa Área de Excelência Operacional.
Qual importância de se debater este tema na 9ª Conferência Latino-Americana sobre Segurança de Processos e como eventos como esse podem contribuir na evolução da Segurança de Processos no Brasil?
A Conferência Latino-Americana sobre Segurança de Processo é uma oportunidade técnica e geográfica para a promoção do conhecimento, da integração e relacionamento em nossa região dos profissionais em empresas. É historicamente um fórum de distinta excelência.
Os seminários e trabalhos apresentados historicamente possuem uma diferenciada qualidade técnica e, por ser realizado em nossa região, com um maior alinhamento cultural – embora seja global, promove alavancas relevantes para evolução desse tema na América Latina.
Estar junto com as maiores autoridades em segurança de processos e conhecer o que as empresas de diversos segmentos de mercado e de todos os tamanhos estão fazendo é uma oportunidade única de desenvolvimento.
Nós da Vale ficamos muito orgulhosos em contribuir para que o IBRAM seja a entidade que atuará junto com o CCPS na organização e condução dessa conferência. É a mineração exercendo o seu papel de destaque na área de segurança de processos.
Serviço:
9ª Conferência Latino-Americana sobre Segurança de Processos
Data: De 18 a 20 de outubro de 2022
Local: Rio de Janeiro
Inscrições: https://bityli.com/FzDbvn
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