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Ex-diplomata dos Estados Unidos extrai diamantes no norte de Minas Gerais

15 de julho de 2013

Durante parte do governo do ex-presidente George W. Bush, Roger Noriega foi embaixador dos EUA na Organização dos Estados Americanos (OEA) e sub-secretário de Estado para a América Latina e Canadá. A diplomacia deix

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Durante parte do governo do ex-presidente George W. Bush, Roger Noriega foi embaixador dos EUA na Organização dos Estados Americanos (OEA) e sub-secretário de Estado para a América Latina e Canadá. A diplomacia deixou de ser sua atividade e, nos últimos anos, Noriega tem dedicado seu tempo a escrever artigos, a fazer palestras e a sua consultoria a empresas americanas que buscam oportunidades na América Latina. Desde o começo do ano, o próprio Noriega também tem interesses comerciais no Brasil. Ele é um dos diretores de uma pequena e recém-criada mineradora, com sede na Califórnia, que em janeiro começou a extrair diamantes numa área próxima ao Rio Jequitinhonha, no norte de Minas Gerais.

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Além dele, dois ex-embaixadores fazem parte do corpo diretivo da mineradora, a Brazil Minerals: John Bell (que foi cônsul do Canadá em São Paulo e embaixador no Brasil entre os anos 70 e início dos 90), e Paul Durand (ex-embaixador do Canadá na Costa Rica, Chile e OEA entre os anos 90 e 2000).

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Quem está à frente da companhia é Marc Fogassa, um brasileiro-americano de 46 anos, que estudou no MIT e fez carreira nos EUA em empresas de venture capital e em negócios do setor de saúde. Fogassa vive em Los Angeles, Califórnia. Em 2011 começou a avaliar o negócio com a área em Duas Barras (MG), a área nas margens do Jequitinhonha. Os donos eram os canadenses da Valdiaam, que no fim da década passada foi uma produtora importante de diamantes no Brasil.

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Em entrevista ao Valor durante passagem por Belo Horizonte, Fogassa contou que a Brazil Minerals tem interesses em outros minerais no país. Um deles é o fosfato, numa área no município de Lagamar, no oeste mineiro. Também numa área onde haveria reservas de titânio, vanádio e minério de ferro no Piauí e ouro em uma região de difícil acesso perto do município de Apuí, no Amazonas.

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Mas de todos os projetos em vista, é o de diamantes que está mais desenvolvido. E o único em produção. No primeiro trimestre, Brazil Mineral retirou de uma área alagada, separada por uma faixa de vegetação do rio, cerca de 350 quilates; no segundo trimestre, segundo comunicado ao mercado americano, foram aproximadamente 900 quilates. A Brazil Minerals tem ações negociadas no “over to counter” (OTC) nos EUA – um tipo de mercado de papéis do qual geralmente empresas menores participam.

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A Brazil Minerals foi formalmente criada em 18 de dezembro de 2012. E Fogassa se mostra surpreso com o número crescente de acionistas. Em 13 de junho, por exemplo, eram 2.160; no dia 28 já eram 2.452 – 95% deles são americanos, diz o empresário, e entre eles há pequenos hedge funds e family offices. A possibilidade de diversificar investimentos, de apostar em recursos minerais numa empresa com a transparência do mercado americano e com uma equipe operacional e técnica brasileira parece ser o apelo da Brazil Minerals, diz Fogassa. E há também o atrativo pelo carro-chefe, o negócio com diamantes.

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“Os diamantes voltaram a ser a coisa mais sexy do momento”, disse Fogassa, com seu sotaque americano, ao lado do geólogo Paulo Amorim, ex-funcionário da Vale, e agora parte da equipe da nova mineradora. O mercado sofreu um recuo com a crise de 2008, mas foi recuperando espaço. “Quase todo dia tem gente me procurando interessada em comprar diamantes. Eu até fiz uma lista outro dia dos brokers de diamantes brutos que já me escreveram, pessoas de Dubai, do Canadá, do Reino Unido, Estados Unidos, Bélgica, Rússia e Itália.”

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A produção de Duas Barras está sendo vendida, até agora, apenas para intermediários no Brasil. Mas o plano de negócios da mineradora passa também por lapidar uma parte menor, talvez 20%, da produção. Uma possibilidade seria vendê-la para joalherias de médio porte nos EUA. O valor de um diamante lapidado costuma ser algumas vezes maior do que o de um bruto, mas no Brasil a lapidação de diamantes em escala é um tipo de atividade que praticamente desapareceu. O custo na Índia, considerada especialista em pedras menores, por exemplo, é uma fração do encontrado no Brasil. Mas Fogassa acha que vale apostar. Sua equipe, diz, já começou a entrar em contato com lapidadores que ainda resistem.

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A reserva indicada e inferida de diamantes de Duas Barras, segundo o empresário, é de 432 mil quilates; a de ouro – também em início de produção – 491 quilos.

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Por e-mail, o ex-embaixador dos EUA Roger Noriega falou de sua participação no negócio. Disse que seu envolvimento “está diretamente relacionada à confiança” que tem em Fogassa, a quem descreve como um “brilhante jovem empreendedor brasileiro-americano” que conhece muito bem o Brasil e sua economia. “Espero que minha experiência diplomática traga benefícios à Brazil Minerals porque eu entendo os desafios e oportunidades de se fazer negócios no Brasil.” Noriega disse que também é conselheiro de Marc num fundo de investimento, o Hedgefort, voltado para o Brasil.

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A Brazil Minerals investiu US$ 2 milhões no país, segundo Fogassa, e pretende captar mais recursos este ano. O objetivo é chegar ao faturamento da antiga dona da área, cerca de US$ 10 milhões. Há duas semanas ele esteve nas margens do Jequitinhonha com dois executivos de um banco de investimentos de Nova York, interessados em conhecer de perto os ativos de uma empresa sobre a qual começam a acompanhar os resultados e a produzir relatórios, contou Fogassa. Os contatos com potenciais investidores estão em curso, afirmou. E para isso, ele conta com sua rede de contatos e com as dos ex-embaixadores. Sobre o colega americano, diz: “Noriega conhece as grandes empresas, muitos altos executivos na América Latina e ele me põe em contato com facilidade com eles.”

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Fonte: Valor Econômico

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