Ex-presidente da Vale negocia assessorar Guiné em mineração
24 de setembro de 2012
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RIO – A AGN Participações, empresa fundada pelo ex-presidente da Vale Roger Agnelli, negocia com o governo da Guiné sua entrada no país. Na mira da companhia, estão projetos nas áreas de biocombustíveis, logística emineração, entre eles a reserva de minério de ferro de Simandou, da qual a Vale detém parte da concessão.
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As conversas esquentaram este mês, com a vinda de uma missão do governo guineense ao Brasil. Mohamed Condé, filho do presidente da Guiné, aterrissou em São Paulo semana passada, acompanhado dos ministros de Transportes e Minas e Energia e estiveram com executivos da AGN.
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Na próxima semana, Agnelli inicia um périplo pela África para prospectar negócios. Fontes asseguraram que a Guiné não está na agenda, mas que, em breve, o governo Condé deve tomar uma decisão a repeito. Paralelamente, o governo também está em tratativas com o BTG Pactual, de André Esteves, para consultoria financeira para o projeto Simandou, como publicou a revista “Exame” semana passada.
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Com a AGN, está em discussão um serviço de assessoria pela B&A, empresa do ramo de mineração criada pela empresa de Agnelli em parceria com o BTG. Caso o negócio vingue, a B&A já estaria com um pé no país, o que facilitaria a entrada da empresa em projetos de mineração no país.
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Mudança de contrato
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Um dos ativos mais cobiçados na Guiné é a reserva de Simandou, apontada por especialistas como a nova Carajás. A reserva é dividida em dois. Metade está sob concessão da australiana Rio Tinto em parceria com a chinesa Chinalco. A outra metade é explorada pela Vale Beny Group, joint-venture da Vale com o empresário israelense Beny Steinmetz.
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Recentemente, o governo de Alpha Condé, eleito em 2010, decidiu alterar os termos dos contratos de mineração. O Estado quer se apropriar de 15% dos projetos e ter a opção de compra de mais 20%, além de ter participação na logística.
A Rio Tinto já acertou um novo acordo, pelo qual 51% do corredor logístico serão do governo. Condé, agora, busca levantar capital para sua participação no investimento. Segundo fontes, a BTG o ajudaria a captar esses recursos.
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A Vale ainda não assinou o novo acordo. Está em compasso de espera para decidir o que fazer com Simandou. Também pesa contra a permanência da empresa no país a insistência do governo da Guiné em alterar o traçado da ferrovia que vai escoar o minério. O projeto original, de 2010, sob gestão de Agnelli, prevê o ponto final da ferrovia na Libéria. Condé quer que a Vale use um porto na Guiné, o que oneraria o projeto.
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Protestos trabalhistas
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O projeto também foi alvo de protesto há quase dois meses, porque a Vale não teria contratado o percentual acordado com o governo de uma das etnias locais. O episódio resultou na morte de cinco pessoas, após repressão da polícia local, o que dá uma ideia do clima de instabilidade no país.
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Caso a Vale desista de Simandou, isso abriria portas para a B&A. Neste caso, no entanto, a empresa teria de buscar um investidor privado de peso para uma futura sociedade. Isso porque a B&A não teria cacife para tocar o projeto sozinha. Somente a área de concessão da Vale e de seu sócio demanda investimentos da ordem de US$ 8 bilhões.
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Dentro da Vale, o assunto é tratado com cautela. Sair da Guiné agora significaria não apenas abandonar um dos projetos mais promissores da indústria da mineração como jogar milhões de dólares no lixo. A companhia já pagou a seu sócio US$ 500 milhões dos US$ 2,5 bilhões acertados em 2010 por 51% do projeto Simandou.
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O problema é que, em tempos de preço de minério de ferro em baixa, a ordem na empresa é dar prioridade a determinados projetos. E a prioridade número 1 é o projeto S11D, ao sul de Carajás e com previsão de produção de 90 milhões de toneladas de minério de ferro por ano a partir de 2016. Segundo analistas, para preservar o caixa, a Vale deve empurrar o projeto Simandou com a barriga até que o governo local dê um ultimato à companhia.
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Fonte: Yahoo Brasil