Geólogos desenvolvem modelo para encontrar depósitos de hélio
4 de julho de 2016
Geólogos desenvolveram o primeiro método de pesquisa sistemático para descobrir um dos maiores campos de gás hélio do mundo, associados a vulcões em Rift Valley, na Tanzânia
Geólogos desenvolveram o primeiro método de pesquisa sistemático para descobrir um dos maiores campos de gás hélio do mundo, associados a vulcões em Rift Valley, na Tanzânia. Esta foi a primeira vez que o gás nobre hélio, considerado em esgotamento, foi encontrado intencionalmente, abrindo o caminho para a descoberta de outras reservas em outras partes do mundo.
A região na Tanzânia, onde o hélio foi encontrado, é um complexo de falhas tectônicas que surgiu há cerca de 35 milhões de anos com a separação das placas tectônicas africana e arábica. Até hoje depósitos de hélio só haviam sido descobertos acidentalmente, e em pequenas quantidades, durante a perfuração para produção de petróleo e gás. O problema é que os geólogos não sabiam como associar o hélio a alguma estrutura geológica que lhes apontasse onde perfurar para procurar por ele.
Como não havia formas de encontrar novas minas, e as reservas do gás são extremamente limitadas, era crescente o temor de que a oferta de hélio não pudesse ser mantida a médio e longo prazos.
O hélio é essencial para várias tecnologias, como escâneres de ressonância magnética na medicina, energia nuclear, solda, dirigíveis, detecção de vazamentos industriais, em aparelhos científicos como os aceleradores de partículas do LHC e nos futuros reatores de fusão nuclear.
O estudante de doutorado Diveena Danabalan da Universidade de Durham e uma equipe da Universidade de Oxford, no Reino Unido, descobriram que a atividade vulcânica fornece o calor necessário para liberar o gás de rochas antigas que o hospedam e que estavam aprisionadas em campos próximos às superfícies.
“Demonstramos que os vulcões em Rift desempenham um papel importante na formação de reservas de hélio viáveis. A atividade vulcânica provavelmente fornece o calor necessário para liberar o hélio acumulado em rochas da crosta terrestre antigas, mas a localização precisa ser exata: se o ponto de captura do gás estiver localizado muito perto de um determinado vulcão, há o risco de que o hélio seja fortemente diluído por gases vulcânicos, como o dióxido de carbono”, diz Danabalan. Neste caso, não seria comercialmente viável explorá-lo.
“Nós estamos agora trabalhando para identificar a zona rica [em gás] entre a antiga crosta e os vulcões modernos, onde o equilíbrio entre a liberação do hélio e a diluição vulcânica seja exatamente a correta”, afirma Danabalan um dos autores do trabalho “New High-Grade Helium Discoveries in Tanzania”, apresentado na Goldschmidt Conference 2016.
Os primeiros cálculos dos recursos prováveis encontrados na Tanzânia indicam a presença de 1,53 bilhão de metros cúbicos de hélio, quase sete vezes o que o mundo consome em um ano.
As estimativas indicam que, com a taxa de consumo de hélio atual, as reservas conhecidas até agora poderiam se esgotar até 2040. "Agora que entendemos as técnicas, prevemos mais grandes descobertas de hélio. Isso vai ajudar a salvaguardar as futuras necessidades de hélio da sociedade," disse o professor Chris Ballentine, membro da equipe.
Pete Barry, do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Oxford, que analisou amostras dos gases disse que a mesma estratégia pode ser aplicada em outras partes do mundo com perfil geológico similar para encontrar depósitos de hélio.
“Ligamos a importância da atividade vulcânica à liberação do hélio com a presença de potenciais estruturas hospedeiras. E esse estudo representa mais um passo em direção à criação de um modelo viável para a exploração de hélio”.
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