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Como presidente do conselho diretor do Instituto Aço Brasil, o empresário André Gerdau Johannpeter assumiu a gestão, pela primeira vez, em maio de 2010, em meio a uma avalanche de aço importado. O problema, lembra ele, não foi apenas a entrada direta de aço, mas sim as milhões de toneladas de aço indireto, por meio da importação de máquinas e equipamentos, automóveis, autopeças, bens de linha branca e outros tipos de produtos, principalmente da China. “Enquanto houve queda no aço direto, nas importações indiretas não parou. Cresceram 20% no ano passado, atingindo mais de 5 milhões de toneladas”.
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O impacto disso, afirma, foi a desindustrialização brasileira, com efeitos diretos no consumo doméstico de aço, pois atingiu toda a cadeia produtiva – automotiva, de bens eletrodomésticos e de máquinas e equipamentos, principalmente. “Isso exigiu um trabalho forte de atuação, de coalização com outras entidades industriais e com sindicatos trabalhistas”.
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A conjunção de esforços, apontou Gerdau, se estendeu no trabalho de combate à chamada “guerra dos portos”. Vários governos estaduais concederam incentivos tributários, com redução do ICMS para produtos importados. O resultado foi o aumento das importações de aço e de bens acabados por portos com baixa tradição de importações, como o de São Francisco do Sul (SC). “O problema grave disso era que favorecia a criação de empregos fora do Brasil”, diz, ressaltando que foi corrigida uma “distorção histórica”.
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Gerdau admite que para surtir efeitos sobre a importação de aço, que ainda participa de 15% do consumo aparente do país, vai depender de outros fatores, como câmbio e custos do país. A medida entra em vigor em janeiro de 2013.
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A redução da carga tributária é outra questão combatida pelo setor. “Em comparação a outros países, quando se adiciona o peso dos impostos sobre o custo da produção, o Brasil assume a ponta na liderança de maior custo. Fizemos estudos com consultorias que apontam isso. Nosso objetivo é que toda a cadeia de produção liga ao aço seja competitiva”.
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O setor também enfrenta a estagnação do consumo de aço, outro ponto de preocupação há anos. “A solução passa pelas reformas estruturais do país, que levarão ao crescimento do PIB e, consequentemente, vai proporcionar maior o consumo”, observa o empresário. No Brasil, o consumo per capita não passa de 140 kg. Na China, já está acima de 400.
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O setor, por meio da sua entidade, também buscou alertar o governo para o problema das assimetrias comerciais, caso dos incentivos estaduais nos portos, e principalmente para os artificialismos criados por vários países. André Gerdau aponta diversos exemplos, com destaque para a China: subsídios, câmbio não flutuante, empréstimos às empresas que acabam se transformando em participação societária estatal, imposto de 40% na exportação de carvão para produção de coque e a não reciprocidade nos investimentos de lado a lado. “Os chineses vêm aqui e compram minas de ferro, empresas de energia e de petróleo e terras e não permitem que estrangeiro tenha controle de uma siderúrgica ou de uma mineradora de carvão”.
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Ele apontou que isso leva o setor a acompanhar com atenção a possível venda da usina da ThyssenKrupp CSA, no Rio. A entrada de um grupo chinês, admite, seria motivo de preocupação pela não reciprocidade dada pelo governo da China a um grupo brasileiro no caso de aquisição de uma companhia naquele país.
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Uma mudança importante para uma atuação mais ágil e eficiente do Aço Brasil, destaca o empresário, foi a implantação de novo modelo de governança da entidade ao se criar o cargo de presidente-executivo, um profissional de mercado, desvinculado das empresas. “A gestão ganhou mais agilidade e foco nas tomadas de decisão sobre os temas importantes do setor”. O presidente do conselho diretor, lembrou, é transitório. Muda a cada dois anos. “Agora, estamos trazendo metodologias de gestão das empresas para dentro da entidade”.
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Fonte: Valor Econômico
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