Crédito: Ed Alves Correio Braziliense
A transição energética é, acima de tudo, uma transição mineral. Os minerais críticos e estratégicos são a ponte entre a ambição climática e a realidade tecnológica. Eles determinam quem liderará a economia verde do futuro e quem dependerá dela. A COP 30, conferência sobre mudança climática das Nações Unidas, que será sediada em Belém (PA) em novembro, representa uma janela geopolítica estratégica para o Brasil. Os minerais críticos da transição energética serão centrais nas discussões climáticas e o IBRAM atuará como ponte entre o setor mineral e os compromissos climáticos globais, com a proposta de posicionar o setor mineral como parte da solução climática.
Esta foi a tônica da apresentação conduzida pelo vice-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Fernando Azevedo, em debate da série CBTalks, realizado nesta 3ª feira (13/5) pelo jornal Correio Braziliense, em Brasília, sob o tema “Os Desafios da Agenda de Minerais Estratégicos para o Brasil”, uma iniciativa do jornal em parceria com o Instituto Escolhas. Azevedo representou o diretor-presidente Raul Jungmann, e chamou a atenção para o fato de os minerais críticos serem essenciais para economia e tecnologia, com risco de escassez, e os minerais estratégicos relevantes para segurança nacional e desenvolvimento. A temática, segundo ele, envolve risco de suprimento e impacto econômico.
Ao dizer que quase todos os elementos da tabela periódica estão no subsolo, Azevedo destacou que o Brasil tem potencial de liderar globalmente essa agenda. “Temos um enorme potencial para liderar. É uma oportunidade geopolítica e econômica. E temos que tomar cuidado com o risco de dependência tecnológica. Desenvolver tecnologia para avançar nesta agenda é muito importante”, afirmou. Ele defendeu a expansão da produção mineral e explicou que “a perspectiva da mineração é atuar com sustentabilidade e responsabilidade, com foco em ESG”. Azevedo também pontuou que o IBRAM, atualmente com 292 associados, mantém uma interface proativa entre os setores privado e público, fomenta a inovação no setor por meio do espaço de inovação aberta chamado Mining Hub e tem interlocução com a Frente Parlamentar da Mineração Sustentável para democratizar ainda mais os debates em torno dos temas relativos à mineração brasileira.
Fernando Azevedo pontua oportunidades e desafios da agenda mineral
O dirigente destacou oportunidades e desafios na agenda dos minerais críticos e estratégicos (MCEs): fortalecer pesquisa geológica e mapeamento; desenvolver cadeia de valor mineral nacional; atrair investimentos com sustentabilidade; equilibrar exploração, conservação e soberania. O Brasil apresenta potencial destacado para ser um dos líderes no suprimento de MCEs e na sua industrialização, mas precisa adotar políticas e estratégias, recomendou Fernando Azevedo:
– “O Brasil precisa de uma política pública para estimular a produção de minerais críticos e estratégicos, dar incentivos à industrialização e à inovação mineral, celebrar parcerias internacionais estratégicas e conduzir com excelência o monitoramento e a governança dos recursos minerais”, disse.
O evento pode ser assistido no canal Youtube do Correio Braziliense.
Deputado Zé Silva cobre posicionamento do Executivo sobre MCEs
Também presente ao debate, o deputado federal Zé Silva (Solidariedade-MG), presidente da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável, disse que cobra do governo federal um posicionamento claro se a política voltada a expandir os MCEs é prioritária. Se não houver avanços, disse, até a pauta da COP30 poderá ser esvaziada, já que o tema mineração e transição energética será abordado na conferência da ONU.
“Está faltando o Executivo se posicionar com mais clareza sobre isso”, afirmou. Silva é autor do projeto de lei nº 2780/24, que institui a política nacional voltada aos MCEs. “O IBRAM é o pilar do estudo científico que permitiu que eu pudesse elaborar este projeto de lei”, elogiou, dizendo que a política pública é importante para oferecer segurança aos investidores internacionais, que sinalizam com aportes bilionários no Brasil para impulsionar a agenda da transição energética, que passa pela expansão da produção mineral.
Fortalecimento e pacificação do debate em torno dos MCEs
Ricardo Sennes, diretor-executivo da Prospectiva Public Affairs LAT.AM, defendeu que além de governo, congresso, ONGs e setor mineral, os segmentos de empresas que consomem MCEs sejam envolvidos nos debates sobre a expansão mineral para fortalecer a pauta, como a indústria bélica, o setor de eletrônica, de computação, de redes de dados, entre tantos outros.
Larissa Rodrigues, diretora de Pesquisas do Instituto Escolhas, disse que o debate nacional sobre este assunto deve focar não o imediatismo, mas o planejamento que se faz necessário para as próximas décadas. Segundo ela, a expansão da produção de minerais com foco na transição energética reúne várias correntes divergentes de pensamento e é preciso buscar a pacificação entre elas para que se possa avançar no diálogo e na apresentação e discussão de propostas concretas que beneficiem o país como um todo.
Mediaram a mesa de debates os jornalistas do Correio Braziliense, Carmem Souza, editora de Opinião e Carlos Alexandre de Souza, editor de Brasil, Política e Economia. Também participou do evento Rodrigo Cota, diretor do Departamento de Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia.
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