NOTÍCIAS

Indústria reaproveita 85% dos resíduos das usinas

8 de maio de 2013

A descoberta de que as sobras do processo de fabricação de aço têm valor econômico e trazem ganhos ambientais mudou o conceito de resíduo para o setor. Escória de alto-forno, carepa, pó de aciaria

A descoberta de que as sobras do processo de fabricação de aço têm valor econômico e trazem ganhos ambientais mudou o conceito de resíduo para o setor. Escória de alto-forno, carepa, pó de aciaria, lama de alto forno, pó de balão, entre outros, ganharam uma nova utilidade. Materiais que eram descartados em aterros ou aproveitados em processos internos das empresas se tornaram matéria-prima para pavimentação de estradas, correção de solo, fabricação de cimento, fundições, materiais cerâmicos, etc. Na indústria do aço tudo se transforma. Ou pelo menos, quase tudo. O setor produziu cerca de 19 milhões de toneladas de resíduos no último ano. No entanto, 85 % desse material é hoje reaproveitado nos coprodutos.

Escória de alto-forno, que já era utilizada há mais de 20 anos na produção de cimento, sofreu valorização e hoje é uma das principais matérias-primas do cimento CP3. A escória de aciaria também sofreu beneficiamento, passou por controle de qualidade até surgir a açobrita, substância que pode ser utilizada no lugar ou como complemento da brita, extraída de morros e pedreiras, para construção de vias e estradas. Além de diminuir o descarte, o coproduto tem uma enorme vantagem ambiental. Seu uso diminui a necessidade de explorar um recurso natural não renovável.

A qualidade técnica também é um fator de vantagem. No caso da açobrita, o material tem resistência suficiente para aguentar o peso de veículos.

A questão mais sedutora, no entanto, é que além dos ganhos ambientais, o coproduto traz um retorno econômico muito expressivo que não pode ser desprezado. Em 2011, os coprodutos da Votorantim, por exemplo, resultaram na receita de R$ 300 mil. Em 2012, esse número saltou para R$ 4,7 milhões. “O resultado é fruto de uma política que coloca a gestão de coprodutos como um dos pilares da estratégia de sustentabilidade da Votorantim”, diz Marco Tulio Xavier Lanza, gerente corporativo de sustentabilidade da Votorantim Siderurgia. Desde 2009, a empresa trabalha para aprimorar esse segmento. Uma equipe foi criada para se dedicar a atividades de reúso ou na reciclagem dos coprodutos gerados nas unidades da empresa.

Entre os produtos, o mais representativo para a Votorantim é a escória de aciaria utilizada como base e sub-base de asfalto na área de pavimentação e recuperação de estrada. O material pode ser também aproveitado na composição do cimento. Embora a empresa não tenha ainda o conhecimento tecnológico nessa área, já existe um trabalho em parceria com a Votorantim Cimento para que isso aconteça.

Os coprodutos também podem aparecer como matéria prima e substituir materiais que estão escassos na natureza. É o exemplo do pó da aciaria elétrica. O material se tornou matéria-prima no processo de produção de óxidos de zinco e outros metais na unidade de polimetálicos da Votorantim Metais, em Juiz de Fora (MG). Outro coproduto de peso é a carepa, espécie de óxido de ferro capaz de substituir em alguns processos o minério de ferro na produção de cimento.

As unidades da Votorantim Siderurgia em Barra Mansa e Resende destinam mais de 85% de seus resíduos para ser reaproveitados em outros processos. Na Unidade de Curvelo, esse número chega a mais de 97%.

Para a Gerdau, os coprodutos chegam a contribuir com uma economia entre 30% e 50% no uso de matéria-prima. Ao utilizar seus próprios coprodutos, a empresa economizou, neste ano, cerca de R$ 5 milhões em obras civis. Em 2012, a empresa reaproveitou 80% de seus resíduos.

“É uma verdadeira mudança de paradigma na indústria. Com a escassez de recursos naturais, a sociedade passou a se questionar sobre seus processos de produção. No setor do aço não foi diferente”, diz Cristina Yuan, diretora de assuntos institucionais do Instituto Aço Brasil. “Ninguém mais acha que sucata de aço é um resíduo. É um material totalmente aproveitado”, comenta.

Em 2010, o Instituto Aço Brasil criou o Centro de Coprodutos do Aço com o objetivo de fomentar o desenvolvimento de coprodutos com qualidade. A proposta é assegurar a qualidade aos coprodutos do setor. Nesse sentido, já aprovou com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) uma comissão de estudos de coproduto do aço para elaborar normas técnicas para que as empresas façam bons materiais e garantam a segurança ao mercado.

A ArcelorMittal, que desde 2006 tem uma gerência dedicada a coprodutos em sua unidade de Tubarão, tem experiência no segmento. A empresa comemora em 2013 a produção de 1 milhão de toneladas de Revsol, nome dado ao coproduto feito com a escória de aciaria. O material serviu para pavimentar 390 km de estradas no Espírito Santo, nos entornos da empresa em Vitória. 

Segundo a Arcelor, para cada tonelada de aço produzido, 600 kg de resíduos são gerados. Mais de 90% desse material é destinado para esse processo.
rn

 

rn

 

rn

 

Fonte: Valor Econômico

Compartilhe:

LEIA TAMBÉM



ESG é caminho sem volta para mineração e outros setores empresariais

3 de novembro de 2020

Mineração e outros setores têm que estar engajados na adoção dos fundamentos de ESG, sigla em inglês para se referir…

LEIA MAIS

Venda interna de aço cresce 2,3% em 2017

23 de janeiro de 2018

As vendas internas cresceram 2,3% em 2017 e atingiram 16,9 milhões de toneladas, de acordo com dados do Instituto Aço…

LEIA MAIS

AngloGold Ashanti realiza simulado de emergência de barragem na comunidade de Barra Feliz

19 de novembro de 2018

Terceiro evento em Santa Bárbara mobiliza moradores. Mais de 240 se envolveram na ação, 60% do público-alvo. Próximo treinamento ocorrerá…

LEIA MAIS