Investimento recua no governo Dilma
10 de setembro de 2012
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Apesar do objetivo da presidente de levar taxa de investimento para 22% do PIB até o fim do mandato, índice caiu de 19,4% para 18,8%
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A taxa de investimento da economia brasileira caiu quase o tempo todo durante o governo de Dilma Rousseff, indo na direção contrária ao objetivo da presidente de levá-la ao nível de 22% a 23% do Produto Interno Bruto (PIB). Dilma iniciou seu mandato com uma taxa de investimento acumulada em quatro trimestres de 19,46% do PIB, que caiu para 18,83% em junho de 2012, tornando cada vez mais difícil alcançar o objetivo.
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Para a maioria dos economistas, é preciso chegar a pelo menos 22% de taxa de investimento para sustentar um ritmo de crescimento aceitável para a economia brasileira. Diversos países emergentes têm taxas superiores a 20%, e mesmo a 30% ou 40% do PIB (caso da China).
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Muitos analistas consideram que uma taxa de investimento de 22% ou 23% do PIB no Brasil tornaria viável um crescimento equilibrado e sustentável em torno de 4% ou até 4,5% ao ano.
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou seu governo com taxa de investimento de 16,4% do PIB, e a levou até 19,5% em 2010, pelos dados das contas nacionais anuais.
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Nas contas nacionais trimestrais, a taxa de investimento em quatro trimestres saiu de 19,46% do PIB em dezembro de 2010, ao fim do governo Lula, para 19,52% em março de 2011, início do governo Dilma. A partir daí, ela caiu em todos os trimestres da administração da presidente.
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Nenhum analista responsabiliza a gestão de Dilma pela queda da taxa de investimentos, que é um indicador que depende de fatores estruturais de longo prazo ou de oscilações conjunturais da demanda – em nenhum caso, algo que possa ser atribuído diretamente ao governo de plantão.
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Mas problemas como câmbio valorizado, carências de infraestrutura, carga sufocante de impostos e entraves burocráticos e jurídicos (ver página B3) são vistos por alguns como obstáculos que vêm travando uma alta mais substancial do investimento há décadas. Na realidade, a taxa de investimentos anual não supera 20% do PIB há 21 anos.
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“O custo Brasil está matando o investimento no País”, disse Luiz Aubert, presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamento (Abimaq).
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Uma outra corrente, mais otimista, considera que a alta da taxa de investimentos, especialmente a partir de 2006, foi interrompida por fatores conjunturais. Primeiro, a grande crise global de 2009, e, agora, a forte desaceleração da economia brasileira a partir do segundo semestre do ano passado, também associada à piora internacional.
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“Tem um componente conjuntural na freada no investimento que a gente não pode ignorar”, disse o economista Paulo Levy, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
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Para Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse no Brasil, “uma das razões principais para a recente contração dos investimentos é a incerteza sobre a economia global”. Ele crê em retomada, com ritmo dependente do cenário externo.
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Com a perspectiva de retomada da economia brasileira neste segundo semestre, e se houver crescimento em torno de 4% nos dois últimos anos do governo de Dilma, a taxa de investimentos poderia reiniciar a alta rumo aos 22% do PIB (mas chegaria lá após o fim do atual mandato).
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Para Armando Castelar, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), a alta da taxa de investimento durante o governo Lula está ligada ao boom de commodities (favorável a diversos países da América Latina), que criou oportunidades em setores como agricultura, mineração e petróleo.
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Agora, a interrupção da alta dos preços das matérias-primas pode ter contribuído para conter a expansão do investimento.
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Já Octavio de Barros, diretor de pesquisa econômica do Bradesco, nota que a indústria e o investimento foram afetados mundialmente desde a grande crise global.
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O economista Fernando Rocha, sócio da gestora de recursos JGP, lembra ainda que a expansão dos investimentos depende do aumento da poupança interna, para evitar uma dependência excessiva da poupança de estrangeiros, que vem na forma de déficits externos.
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Fonte: Estadão