Itabirito investe receita da mineração em infraestrutura

Uma cidade do interior com toques de metrópole. Assim pode ser definida Itabirito, distante 57 quilômetros de Belo Horizonte, a meio caminho de Ouro Preto. Com 48,6 mil habitantes, o município utilizou a vocação minerária para engordar a receita e investir na infraestrutura que, hoje, atrai empresas dos mais diversos segmentos, diversificando a economia.

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Como consequência, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Sanders Assis, já prevê um salto forte do recolhimento de impostos para o curto prazo. “A instalação de empresas na cidade vai ampliar, e muito, a arrecadação. Vai mais que dobrar. A mineração foi o começo”, comemora o secretário.

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O principal investimento em Itabirito, hoje, é feito pela fabricante da Coca-Cola Femsa, que está aportando US$ 258 milhões em uma unidade engarrafadora na cidade. A indústria, com cerca de 65 mil metros quadrados de área construída, está instalada em uma área de 300 mil metros quadrados. Até 2015, a fábrica terá capacidade para produzir 2,1 bilhões de litros de refrigerantes, volume 47% superior ao da fábrica de Belo Horizonte.

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“Esse investimento faz parte do compromisso da empresa com o desenvolvimento sustentável e está alinhado com o processo de crescimento do país”, afirma o presidente da Coca-Cola Femsa Brasil, José Ramón Martínez. Embora a quantidade de empregados na fábrica não tenha sido informada, estima-se que 1 mil empregos sejam criados no município. A contratação já foi iniciada. 

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Distritos industriais 

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A unidade está em fase de implantação no Distrito Industrial BR-040, um dos seis complexos industriais da cidade. Nesse, que margeia a rodovia, funcionam quatro outras empresas. No Marzagão, estão instaladas 20 indústrias, enquanto 30 companhias estão implantadas no Córrego do Bação. No José Farid Rahme estão três, e no Pólo Industrial 17 empresas dos setores de serralheria e marcenaria serão implantadas. 

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Na avaliação do secretário, a localização de Itabirito é privilegiada, principal fator responsável pela atração de empresas. “O deslocamento para todas as regiões do país é fácil a partir de Itabirito”, diz. Facilidades fiscais para as empresas também foram citadas por Assis como responsáveis pela instalação de novas companhias no município. O terreno, segundo o secretário, é concedido pela prefeitura por 20 anos, com possibilidade de prorrogação. 

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Outras empresas 

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Além da gigante Femsa, outras empresas de renome estão prestes a desembarcar na cidade. A Orthocrin, fábrica de colchões, vai investir cerca de R$ 300 milhões na implantação de uma unidade no distrito industrial da BR-040. A previsão, de acordo com o secretário, é a de que a produção comece ainda neste ano.

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 A indústria francesa de revestimentos para pisos e fachadas Rebeton também vai se instalar na cidade. A expectativa é a de que US$ 30 milhões sejam investidos pela companhia, que deve ocupar um terreno de 2 mil metros quadrados em Itabirito. 

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Outra que também está prestes a ocupar um espaço na cidade é a Suplimed, fábricante de equipamentos oftalmológicos. Ainda conforme o secretário de desenvolvimento, a unidade receberá US$ 15 milhões em aportes. A montagem da estrutura começa neste ano, e a estimativa é a de que a produção seja iniciada em outubro.

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A Krug Bier, indústria de cervejas, também negocia com a prefeitura um terreno para implantação de uma unidade no município.

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Comércio vive a euforia do novo fluxo migratório para a cidade

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O comércio de Itabirito vive um momento ímpar, com o novo fluxo migratório para a cidade. Esse movimento já aconteceu uma vez, em função da instalação na cidade de uma série de fornecedores de materiais e serviços para as mineradoras que atuam no município, principalmente a Vale. Estima-se que pelo menos 10 mil trabalhadores tenham se mudado para Itabirito nos últimos anos.

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Agora, o comércio comemora a chegada das novas empresas nos distritos industriais.

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De acordo com a gerente–executiva da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Itabirito (CDL–Itabirito), Edna Aparecida da Silva, a cidade possui 1.700 lojistas. “A quantidade de lojas acompanhou o crescimento da população. Afinal, os trabalhadores trazem família, consomem e fomentam os negócios”, afirma.

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O proprietário do supermercado Central, Leony Marçal Niquini, abriu o negócio em 2011 e, a partir de então, viu o faturamento crescer 20% ano após ano. “As mineradoras giram a economia da cidade”, diz o empresário, que emprega 22 trabalhadores.

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Na Farid Magazine, loja de móveis, eletrodomésticos e vestuário, as vendas aumentam cerca de 15% ao ano, segundo afirma o gerente Robson Rodrigues.

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A vendedora da Império Jeans, Elaine Cristina, também está satisfeita com o desempenho da loja, que se reflete diretamente nas comissões que recebe. “O pessoal da Vale e das empreiteiras compra muito”, afirma.

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Esse boom econômico também tem reflexos no mercado imobiliário. Os imóveis dobraram de preço nos últimos anos, conforme o corretor José Luiz Veloso Silva. “Os aluguéis subiram ainda mais em função da procura”, diz.

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Adaptação

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Tradicional em Itabirito, a mercearia Paraopeba não possui máquina de cartão ou computador. Fazer as contas de quanto foi vendido no dia também não faz parte das tarefas do proprietário, Roney Almeida, o Roninho. Apesar disso, ele comenta que a ida de pessoas de diversas partes do país para a cidade refletiu diretamente nos negócios. “Nossos produtos estão mais diversificados”, afirma.

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A carne seca e o azeite de dendê, que antes não faziam parte do mix de produtos, hoje estão nas prateleiras para atender ao pessoal que chegou do Nordeste para trabalhar na cidade. Assim como outras milhares de coisas que o consumidor só encontra ali. “Temos jatobá, óleo de mamona para acender lampião, sabão de cinza, penico, goiaba e queijo, entre outras milhares de coisas”, enumera.

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Aeroporto será motor para mais crescimento

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Para dar suporte às companhias que se instalam em Itabirito, inclusive mineradoras, um aeroporto será construído na cidade. De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Sanders Assis, o empreendimento receberá o nome de BH Sul e será 100% executivo, ou seja, voltado para voos particulares. O empreendimento, que terá capacidade para receber até aviões Boeing 737-800, será instalado em uma área de 1 milhão de metros quadrados.

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O secretário aguarda aprovação do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta), do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DCEA) para dar segmento aos planos. No entorno do aeroporto, ele afirma que será desenvolvido um polo de convergência de negócios, com o objetivo de atrair mais empresas para a região.

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Capacitação

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Assis comenta, no entanto, que a mão de obra é uma preocupação. “Com a diversificação da economia, precisamos capacitar melhor nossa população”, afirma. Para solucionar o problema, a prefeitura inaugurou, em fevereiro deste ano, o Centro Público de Educação Profissional de Itabirito (Cepep).

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O centro, que recebeu R$ 7,5 milhões em investimentos, sendo R$ 1 milhão da Vale, foi criado em parceria com a mineradora, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), o Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem no Transporte (Sest/Senat), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).

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No Cetep, que possui 2 mil metros quadrados de área construída, 500 pessoas estudam a cada turno. São oferecidos cursos de mecânica, elétrica, elétrica predial, cabeleireiro, costureira, administrativo, entre outros. “Itabirito é a bola da vez. Temos que estar preparados para o crescimento que vem por aí”, afirma Assis.

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