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Japão deve iniciar extração de minério no oceano em 2017

19 de agosto de 2016

Em 2017, empresas japonesas e agências governamentais iniciarão a extração de minério a 1,6 mil quilômetros do sudoeste da capital Tóquio, e a 1,6 quilômetro abaixo da superfície do oceano

O Japão está se preparando para uma nova tendência no mercado de mineração. Em 2017, empresas japonesas e agências governamentais iniciarão a extração de minério a 1,6 mil quilômetros do sudoeste da capital Tóquio, e a 1,6 quilômetro abaixo da superfície do oceano. Segundo especialistas, esta será a prova em grande escala para saber se depósitos de sedimentos minerais podem ser extraídos comercialmente do fundo do mar.
 
As informações são da coluna de Adam Minter na Bloomberg. De acordo com especialistas, o projeto é audacioso. O fundo do mar é um lugar de depósitos de valor incalculável de minerais como ouro, cobre e cobalto. Devido às novas tecnologias, logo será possível descobrir se são exportáveis. Um receio sobre a atividade, no entanto, é o desafio ambiental para o mar e a economia que depende dele.
 
Desde a década de 1960 os cientistas sabem que é possível encontrar ricos depósitos de minerais nos nódulos metálicos espalhados em pedras no fundo do oceano. Em 1977, pesquisadores descobriram fontes de hidrometais no mar, além de um dos depósitos minerais mais ricos do mundo. Porém, na época, o baixo preço das commodities e o alto custo de extração minou os esforços de exploração.
 
A recuperação da economia chinesa no início desta década, aliada a maior demanda de matéria-prima, fez crescer a busca por fontes alternativas das commodities. Os escassos recursos do Japão aumentaram o interesse do país asiático na mineração no fundo do mar.
 
A China, por sua vez, começou a desenvolver sua própria mineração submarina, que inclui uma proposta de parceria com a Índia. Entre 1984 e 2011, a Autoridade Internacional do Fundo do Mar (International Seabed Authority, ISA, em inglês), que supervisiona a mineração submarina por conta de uma convenção da Organização das Nações Unidas (ONU), emitiu apenas seis permissões de exploração. Desde 2011, a mesma entidade emitiu 21 permissões, que cobrem aproximadamente 645 mil quilômetros quadrados do fundo do oceano que podem, um dia, serem explorados.
 
A preocupação ambiental dos especialistas, no entanto, existe. Segundo eles, os nódulos que suportam uma grande quantidade de organismos precisam de milhões de anos para se formar. Os equipamentos que seriam utilizados na mineração poderia gerar muitas nuvens de sedimentos e devastar corais e esponjas do mar.
 
 
Estas consequências poderiam atrapalhar a cadeia alimentícia marinha. No ano passado, a Nova Zelândia negou a permissão para a exploração no mundo do mar em uma de suas costas, depois que a indústria de mariscos local disse que poderiam gerar 45 milhões de toneladas de sedimentos na área da pesca.
 
O oceano também tem um papel importante na regulação do clima do planeta, por conta de sua grande absorção de carbono. Craig Smith, oceanógrafo da Universidade do Havaí disse recentemente que a exploração mineral “terá provavelmente a maior consequência de que qualquer outra atividade humana no planeta”.
 
A ISA ainda não emitiu a primeira permissão para iniciar, de fato, uma extração no mar. A entidade ainda trabalha para elaborar as regulações minerais, o que deve ser objeto de revisões por anos. Projetos territoriais, como os do Japão, no entanto, podem prosseguir de acordo com a legislação local, independente dos métodos utilizados pelo país.
 
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