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Matozinhos investirá riqueza do calcário em novo distrito industrial

7 de julho de 2014

Com 34 mil habitantes, a pequena Matozinhos, distante 47 quilômetros de Belo Horizonte, é sede de grandes empresas de mineração, caldeiraria, refratários e cimentos. O município, tema da sexta matéria d

Com 34 mil habitantes, a pequena Matozinhos, distante 47 quilômetros de Belo Horizonte, é sede de grandes empresas de mineração, caldeiraria, refratários e cimentos. O município, tema da sexta matéria da série de reportagens sobre cidades mineradoras, publicada aos domingos pelo Hoje em Dia, utiliza a receita que vem da indústria para incrementar a infraestrutura e aprimorar a qualidade da mão de obra local. Um segundo distrito industrial já está no forno.

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Segundo o prefeito Antônio Divino de Souza (PMDB), o principal objetivo das ações do Executivo municipal é geração de emprego e o aumento da arrecadação. A intenção é a de que o novo distrito industrial seja voltado para instalação de empresas direcionadas para os segmentos tecnológicos. “Com isso, pretendemos atrair formação tecnológica para nossos jovens, igual vemos em cidades mais desenvolvidas”, diz.

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De acordo com ele, já há parceiros interessados na construção do novo parque industrial, que será erguido na modelagem de parceria público-privada, em função do volume de investimentos previstos. Também é necessário construir uma nova via de acesso, como novo desenho e traçado.

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Com a demanda efervescente, o distrito industrial existente já exauriu suas áreas para novos projetos. Entre as 46 empresas que lá estão, a maioria no segmento de caldeiraria, destacam-se as unidades da Yazaki, Construmetal, Edgel, Teixeira Empreendimentos, Label Distribuidora (Grupo Belfar), Marmoraria e Granitos Teixeira, Central Ibec, Mecalbras, Decor Vidros, Soldecar, Sava Móveis, Fortmetal, Calmom, MM Tratamento Metais, Usimig, DMF Pré-moldados, Magna Flux, Adubos Vangard, Fragminas, Caesp, Ligas Gerais, entre outras.

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A atividade minerária tem peso fundamental para a economia da cidade. O pagamento de impostos das mineradoras corresponde a 25% da arrecadação municipal, dinheiro que é investido, segundo o prefeito Antônio de Souza, em áreas prioritárias como a saúde, educação e infraestrutura.

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Calcário

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Uma das mais importantes companhias é a Mineração Belocal, da multinacional belga Lhoist, que produz cal a partir da calcinação de calcário retirado de mina própria. Nos planos da companhia para os próximos anos, estão investimentos da ordem de R$ 100 milhões.

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Segundo o diretor de Operações da Belocal, Sávio Torres, a empresa fincou os pés em Matozinhos em 2004, quando adquiriu os ativos de cal industrial da Votorantim Cimentos. “Com a chegada da Belocal, houve uma expansão da unidade de britagem e calcinação, trazendo benefícios como a criação de mais postos de trabalho, o que consequentemente gerou uma maior movimentação no comércio local”, diz.

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Hoje, a fábrica conta com 170 funcionários diretos. Cerca de 80% desses empregados são moradores de bairros próximos à unidade. A empresa produz cal virgem, produto empregado em diversos segmentos, com destaque nas siderúrgicas no Vale do Aço e também de São Paulo e Rio de Janeiro, indústrias de papel e celulose e para o processo de pelotização do minério de ferro.

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Cerca de R$ 1 milhão por mês são recolhidos aos cofres estaduais a título de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Já o pagamento da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) é de aproximadamente R$ 75 mil mensais. E Matozinhos fica com o equivalente a 65% desse montante.

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“Nos próximos anos, com os projetos de expansão da capacidade produtiva, vamos gerar ainda mais empregos e impostos”, afirma o diretor Sávio Torres.

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Técnicos são formados na própria cidade na escola do Senai

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Grande parte da mão de obra utilizada nas diversas fábricas já instaladas em Matozinhos é formada no próprio município. Das salas de aula da escola do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que mantém na cidade o Centro de Formação Profissional Isauro Figueiredo, da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), saem pelo menos 40% dos futuros funcionários das unidades fabris.

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Vinte instrutores ministram, nos três turnos, cinco cursos técnicos: Mecânica, Elétrica, Automação Industrial, Administração e Informática. Ao final, o estudante com pelo menos 60% de aprovação e 75% de frequência recebe o diploma. E, na maioria dos casos, ganha uma vaga no mercado de trabalho. Homens e mulheres estão em igual número. “Profissões até então masculinas estão sendo hoje ocupadas por mulheres. É o caso das funções ligadas a refratários e mecânica. As próprias empresas buscam as profissionais, geralmente mais atentas a detalhes e mais observadoras”, descreve o diretor da unidade, André Luiz Pires Horta.

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Atualmente, a escola tem 748 matriculados. No segundo semestre, serão abertas outras 300 vagas. “O aproveitamento dos estudantes no mercado de trabalho da cidade é muito satisfatório. Pelo menos 40% conquistam um posto em Matozinhos, enquanto os outros 60% prosseguem nos estudos, chegando a cursar faculdade”, afirma Horta.

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Esse é o sonho do aluno do curso de caldeiraria Jonathan Henrique Rocha, 18 anos, que já garantiu o diploma de soldador. “Espero aprofundar na metalurgia, conseguir um emprego e ir para a universidade. Quero ser engenheiro”, diz.

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O colega Ygor Martinho, 17, está no seu primeiro curso. “Aqui em Matozinhos tem muito emprego nessa área. Estou abrindo as portas para meu futuro”, acredita. Quem um dia foi aluno e teve a carteira assinada por uma grande empresa também retorna à instituição como instrutor. Essa é a história de Cristhian Layon, 23, que formou-se em 2009 e hoje ensina noções de eletrotécnica, caldeiraria e solda a 20 estudantes.

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O professor Marcos Paulo é outro que trocou de posição na sala de aula. “A partir do conhecimento adquirido, os alunos conseguem emprego e agregam valor à indústria. Os setores que mais demandam profissionais são petróleo, gás e mineração em geral”, diz.

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Atividade industrial beneficia o comércio

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A indústria também engorda o caixa dos comerciantes locais. Há 11 anos, quando abriu a Panificadora Tropical, no Bairro Cruzeiro, a empresária Geralda de Fátima Gonçalves tinha nove funcionários. Mas em 2009, quando assinou contrato para fornecimento de café da manhã para empregados de várias empresas, ela ampliou o quadro para 32 profissionais e fermentou o lucro.

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Só para a indústria Belocal, a maior da cidade, a padaria envia, de segunda a segunda, 160 pães de sal, 80 pães doces e 130 minibolos. “Às vezes variamos com pão de queijo e cachorro quente”, diz. Em dia de festa como as de aniversariantes do mês ou Dia das Mães, é a vez dos cupcakes. “Para incrementar o lanche, duas confeiteiras foram treinadas. E a receita ficou um sucesso”, afirma Felipe Gonçalves, filho e braço direito de Geralda na direção da padaria.

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Com o ingrediente da indústria, a família comemora o crescimento médio de 10% ao ano no faturamento.  As parcerias e convênios com quase 30 unidades fabris também são fundamentais para a Farmácia São Marcus, no Centro. “É uma fatia determinante para a manutenção no número de funcionários e atendimento 24 horas”, afirma o administrador Ronaldo Duarte Xavier Júnior.

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Termômetro

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Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Matozinhos (CDL), Vinícius Araújo Silva, a indústria é termômetro para o comércio local. “Se a performance das fábricas vai bem, puxa a economia para cima. Mas se esfria, ou se há demissão, sentimos diretamente o impacto”, diz ele, que considera 2013 e o primeiro semestre de 2014 meio mornos.

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Dono da Centrogás, Silva e sua família abriram o negócio há 11 anos. Graças à demanda por gás especial, principalmente pelas empresas de caldeiraria instaladas na cidade, ele passou de dois para 12 funcionários e viu o faturamento aumentar 10% ao ano, em média.

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Depoimento

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Diniz Pinheiro, presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais

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“Encontramos em Matozinhos um recorte da típica cidade mineira: eloquente no equilíbrio entre tradição, modernidade e montanhas. Sua economia reflete a pujança industrial de Minas, tendo abrigado, ainda em 1908, a primeira fábrica de tecidos de lã do Estado. A mineração explica em grande medida a performance da economia matozinhense, afinal 15% de todo o minério de ferro extraído do mundo vem do Brasil, e Minas Gerais é onde encontramos as maiores e melhores jazidas minerais do país. E é nesse contexto que Matozinhos vive um dilema, que é também de Minas, do Brasil e do mundo. A mineração é fonte de riqueza e bem-estar para todos, mas ela gera impactos locais. Ela altera o meio ambiente e como isso a vida daqueles que vivem no entorno das áreas minerárias. Por isso é necessário que a sociedade tenha em mãos tanto um conjunto de normas para promover e perpetuar a riqueza proveniente do subsolo, como para se proteger e minimizar dos impactos não desejáveis da atividade.”

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Fonte: Hoje em dia

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