Menor cidade do Chile aposta na mineração para evitar desaparecer
24 de setembro de 2012
rnMenor município do Chile, Río Verde, na região da Patagônia, possui 149 habitantes e aposta em um projeto demineração para evitar desaparecer do mapa. Río Verde tem mais casas do que moradores, s
rn
Menor município do Chile, Río Verde, na região da Patagônia, possui 149 habitantes e aposta em um projeto demineração para evitar desaparecer do mapa. Río Verde tem mais casas do que moradores, segundo dados preliminares do Censo de 2012, confirmados à BBC Brasil pelo secretário da prefeitura local, José Llancabur, de 46 anos.
rn
“Nossa população também é inferior aos cerca de 2 mil turistas que chegam aqui anualmente, de acordo com dados oficiais”, afirmou Llancabur. O total da população, que tem em média 50 anos de idade, inclui os dois times de baby fútbol (esporte semelhante ao futsal) e um bebê de dois meses, o mais novo na cidade, onde há mais de um ano não havia recém-nascidos.
rn
Segundo a vereadora Dinah Macleay, há 15 anos o colégio local tinha regime de internato e cerca de 60 alunos. “Agora são dois ou três (alunos), e a população está envelhecendo”, afirmou em entrevista ao ao jornal El Pinguino, de Punta Arenas.
rn
Censo
rn
Río Verde está a cerca de 80 quilômetros de Punta Arenas, capital da região de Magallanes – uma das 15 regiões do país que tem quase 17 milhões de habitantes, de acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas (INE).
rn
Dominado por fazendas, Río Verde não possui hospitais ou supermercados, e seus moradores costumam viajar para Punta Arenas, onde fazem suas compras e exames médicos regulares. A economia local é baseada nas lãs das ovelhas e no gado.
No censo anterior, há dez anos, Río Verde registrou 358 habitantes, mais do que o dobro da população atual. Segundo especialistas, o resultado ocorreu por mudanças na metodologia do estudo, que deixou de considerar morador aquele que só está ali por poucas horas e a trabalho. “Este número de 149 habitantes é mais real do que o anterior”, diz o secretário municipal.
rn
Aposta
rn
No entanto, segundo Llancabur, a expectativa é de que a população aumente com um projeto de exploração de carvão e com a possível chegada do setor empresarial de salmão. “A população de Río Verde deverá subir para 500 habitantes com a chegada do projeto de mineração de carvão”, publicou o jornal El Mercúrio, de Santiago.
Mas os dois projetos geram polêmicas, como contou Llancabur, já que teme-se pela poluição das reservas naturais de Río Verde, banhada pelo oceano Pacífico. Río Verde só não tem menos habitantes do que a base chilena na Antártida, onde moram 115 chilenos, segundo o novo censo.
rn
O fenômeno demográfico também ocorre em outras cidades do país. Dos 346 municípios, dez – incluindo Río Verde – têm menos de 250 habitantes. São os casos, por exemplo, de Torres del Paine, com 179, e Laguna Blanca, com 220, também na região da Patagônia.
rn
Dilema
rn
Os pequenos munícipios chilenos, com forte potencial turístico, costumam viver dilemas entre atrair ou não investimentos que podem aumentar suas populações, mas com dúvidas sobre seus impactos ambientais.
rn
Para o presidente regional do opositor Partido Democrata Cristão, Juan Francisco Miranda Soto, somente investimentos dos governos em infraestrutura poderiam atrair o setor privado e estimular o aumento da população produtiva nestas cidades desérticas. “É um processo longo, que deverá durar mais de 20 anos”, disse Soto à BBC Brasil.
rn
Para ele, os investimentos da empresa de mineração Isla Riesco em Río Verde não devem provocar o esperado incremento da população. “Estão sendo construídos acampamentos para os trabalhadores, e não a infraestrutura para que eles possam estar aqui com suas famílias”, afirmou. “Com elas, poderiam surgir, aos poucos, comércios e serviços.”
rn
A prefeita de Río Verde, Tatiana Vásquez, diz que “existe lugar para todos” no município e que a produção de carvão vai desencadear “grandes benefícios econômicos e sociais” para a comunidade. O Chile possui vulcões, rios e lagos, e uma série de outros projetos defendidos pelos autoridades locais, e criticados por ambientalistas, que geraram polêmicas nos últimos meses.
rn
Fonte: Terra