Mineração: indústria da vez, mas com muitos desafios e obstáculos a enfrentar
14 de agosto de 2012
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Depois de muito se falar e discutir sobre o mercado de Petróleo e Gás no Brasil, o setor de mineração está ganhando um lugar de destaque na economia brasileira. Este é o segmento privado que mais se investe no Brasil de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Segundo o orgão, a indústria será responsável, até 2015, pelo investimento recorde no País de mais de U$$ 68 bilhões, Esse maior interesse por projetos minerais tem como pano de fundo o cenário de demanda aquecida que vem sendo puxada por alguns fatores: aumento da população mundial, crescimento da economia dos países que fazem parte do bloco dos BRICS, a demanda em alta por investimentos em infraestrutura e grandes projetos ligados, principalmente, à realização no Brasil da Copa do Mundo de Futebol e das Olimpíadas.
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Nessa indústria, que está se fortalecendo cada vez mais, o minério de ferro se apresenta como principal produto a receber os investimentos previstos para mineração, em função principalmente do apetite chinês que mesmo mostrando sinais de diminuição ainda é responsável por grande parte das exportações brasileiras. O Ibram prevê que serão aplicados neste segmento cerca de US$ 45 bilhões nos próximos cinco anos, ou seja, mais de 60% do total de investimento previsto.
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Esse investimento deve elevar em 112% a produção de minério de ferro de2012 a2015, chegando a 787 milhões de toneladas no período. Além da China, também procuram por commodities minerais os países em desenvolvimento como o Japão, que terá que aumentar a demanda de minério em função do processo de reconstrução pelo qual passa o país, após os danos provocados por terremoto seguido de tsunami em março de 2011. Já a demanda doméstica também deve se manter aquecida nos próximos anos em razão do desenvolvimento de programas de infraestrutura e da implantação de grandes projetos ligados, principalmente, à realização no Brasil da Copa do Mundo de Futebol e das Olimpíadas.
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Este cenário de elevada demanda da indústria de mineração contribui para que o setor continue apresentado não somente bons resultados ao País, mas também uma longa lista de desafios e gargalos pela frente que limitam ainda mais o crescimento da indústria. Entre eles estão a dificuldade na obtenção de licenças ambientais, a demora na entrega de equipamentos e a relação com a cadeia produtiva. Além disso, as companhias que atuam no setor terão de demonstrar habilidade para negociar com os clientes num cenário de volatilidade de preços gerada pela crise financeira global e saber lidar com a competitividade por preços menores do minério da China, um gigante asiático no setor. Vale a pena citar também o gargalho que existe no Brasil em relação à Logística. Esse ponto é um desafio para o País já que os custos logísticos muitas vezes inviabilizam alguns projetos de mineração. A realidade de hoje é que existe a necessidade de maior investimento em infraestrutura logística brasileira (portos e ferrovias, entre outros), além da questão da competitividade do preço do minério no mercado asiático frente ao minério oriundo da Austrália, em função da proximidade entre eles.
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Em uma área que tem um déficit de centenas de engenheiros e de técnicos, a falta de mão de obra e a limitada qualificação dos profissionais para atuarem nessa atividade são outros obstáculos no cotidiano das mineradoras, e estão entre as questões mais urgentes a serem resolvidas pelas companhias. A escassez de trabalhadores e as carências em baixa capacitação se tornaram uma dor de cabeça para a indústria. Dados da Confederação Nacional da Indústria mostram que o País forma hoje cerca de 30 mil engenheiros por ano, um número muito inferior se compararmos à Rússia, que coloca no mercado 120 mil profissionais dessa área, à Índia, que dispõe de 190 mil, e à China, que tem diplomado cerca dez vezes mais engenheiros que o Brasil.
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Outro fator, não menos importante que os anteriores, é o investimento em pesquisa mineral no País, considerado por muitos especialistas como escasso. A não realização da chamada pesquisa geológica básica do solo brasileiro, que tem o potencial de indicar o potencial de descoberta de minerais, pode reduzir e até afastar o interesse de empresas estrangeiras em instalar e investir no País. Cerca de 20% do território brasileiro tem cobertura numa escala que permite identificar a presença de jazidas.
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Não podemos esquecer que para superar estes e outros obstáculos ainda há muito a ser discutido e implantado no setor, com a criação de órgãos de regulamentação e de fiscalização, como o Conselho Nacional de Política Mineral, a Agência Nacional de Mineração e o Marco Regulatório da Mineração. A discussão passa ainda pela implantação e consolidação da política para a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais, chamada também de royalties da mineração. Todas essas ações estão previstas no Plano Nacional de Mineração 2030, lançado pelo Governo Federal, e que tem como objetivo garantir uma indústria forte e competitiva e que norteará o setor mineral brasileiro nos próximos 20 anos.
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De qualquer forma, apesar da aparente desaceleração do mercado chinês e da crise européia o setor ainda se mostra aquecido. É a hora, portanto, do fortalecimento da indústria no Brasil e consolidação da atividade para garantir um lugar de destaque no cenário mundial. Por isso, as mineradoras precisam estar preparadas para enfrentar esses e outros desafios que ainda virão e ficar atentas para não perder os benefícios que o desenvolvimento trará a rebote.
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Fonte: Jornal Indústria & Comércio