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Moradores comemoram instalação de usina de exploração de minério em Sergipe

15 de abril de 2014

Brasil importa 90% de potássio e carnalita vai diminuir essa dependência. Minério deve ‘baratear’ produção agrícola, pois é base para fertilizantes.rnA implantação do Projeto Carnalita nos

Brasil importa 90% de potássio e carnalita vai diminuir essa dependência. Minério deve ‘baratear’ produção agrícola, pois é base para fertilizantes.

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A implantação do Projeto Carnalita nos municípios de Capela e Japaratuba, ambos em Sergipe, trouxe esperança de dias melhores com mais trabalho e oportunidades. A região, que tem a plantação de cana-de-açúcar como uma das principais atividades rentáveis, vai explorar as riquezas do subsolo. A carnalita é um minério que pode ser transformado em cloreto de potássio, matéria-prima utilizada na produção de fertilizantes. Segundo a Vale, o Brasil importa 90% do potássio que utiliza na agricultura. Essa necessidade vai diminuir com o aumento da produção nacional na usina a ser erguida no limite entre os dois municípios.

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Para a dona de casa Edjan Rodrigues Mota, 38 anos, essa notícia despertou a vontade de concluir o ensino médio e de ter uma profissão com carteira assinada. Após parar de estudar duas vezes por causa das dificuldades impostas pela vida, ela decidiu voltar à sala de aula e agora se dedica ao curso de formação em auxiliar técnico em mineração.

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“A carnalita representa um sonho para mim. O sonho de voltar a estudar e de poder trabalhar em uma coisa que vai beneficiar tanta gente, que vai ajudar no desenvolvimento da minha cidade. Está muito difícil conseguir um emprego fixo em Capela, nem para trabalhar em casa de família e ganhar um salário mínimo estou conseguindo, por isso prefiro só me dedicar aos estudos agora para traçar um caminho melhor na minha vida”, afirma Edjan. Para ajudar nas despesas de casa ela vende perfumes. Os maiores incentivadores são os cinco filhos dela.

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Durante a semana Edjan frequenta as aulas do 3º ano do Ensino Médio e aos sábados se dedica ao estudo do solo, rochas, extração e mineração em um curso que tem sete meses de duração. O investimento mensal que ela faz na qualificação profissional é de R$ 70, o restante do valor é de custeado através de um convênio entre a administração municipal e a instituição de ensino. “Estou me preparando para o mercado de trabalho, também já fiz curso de informática e quero sempre evoluir”, destaca.

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Diante da dúvida sobre o que escolher, a possibilidade de se qualificar em áreas que se enquadrem no trabalho na extração e na usina de beneficiamento da carnalita são apontadas como opções promissoras. “Pensava em fazer faculdade de engenharia em petróleo e gás, mas com a descoberta da carnalita vejo as possibilidades se expandirem para eu não ter a necessidade de sair da cidade para conseguir um bom emprego”, analisa o estudante Edvaldo França Júnior, 15 anos.

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Todos os dias o comerciante Edson Silva Menezes, 51 anos, acorda cedo para arrumar a banca de frutas na Praça XV, no Centro de Capela. Lá acaba sendo ponto para uma rápida conversa com os amigos e clientes, onde há 13 anos ele observa o movimento, ainda tímido, da rotina da cidade e fica por dentro dos acontecimentos. “A chegada da usina vai mudar muita coisa por aqui, penso que vai ser bom para os jovens trabalharem e uma oportunidade de eu ter meus filhos e netos por perto”, analisa.

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Para receber as mudanças que estão por acontecer, os dois municípios estão fazendo um estudo técnico detalhado sobre a previsão de crescimento populacional, investimentos necessários nos setores de saneamento básico, infraestrutura, cursos profissionalizantes, construção de novas creches e escolas. Além do desenvolvimento do Plano Diretor das cidades para atração de indústrias.

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A previsão de um desenvolvimento mais rápido tem uma explicação, devem ser gerados quatro mil empregos diretos e dez mil indiretos durante a implantação do Projeto Carnalita e mil postos de trabalho diretos e mais 2.750 indiretos na fase de operação. Mais empregos fixos, melhor divisão de renda e maior circulação de dinheiro na cidade devem fortalecer o comércio local e atrair novos investidores para área também para os setores industrial e de serviços.

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Quem não se qualificar pode acabar perdendo a chance. A dona de casa Maria Berenice dos Santos, 88 anos, sonha em ver o neto Nathanael dos Santos ocupar o tempo livre com algo produtivo. Com 25 anos de idade ele só cursou até o 6º ano do ensino fundamental e ajuda a avó nos afazeres de casa. “Parei de estudar para ajudar em casa, penso em voltar para o colégio. Quem sabe eu não me animo dessa vez. Quero ter um emprego fixo e poder comprar uma casa em Capela e uma em Aracaju com o dinheiro que eu ganhar”, afirma Nathanael. “Seria um orgulho muito grande ver meu neto empregado, vamos ver se ele toma gosto pelos estudos”, revela Berenice.

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Alimentos mais baratos

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A área onde a usina vai ser construída fica localizada no Povoado Terra Dura pertence à Petrobras e também tem petróleo, mas foi arrendada para que a Vale possa explorar a carnalita durante 30 anos, período previsto até o esgotamento do minério. O acordo de arrendamento foi firmado em abril de 2012 e somente após esse período é que a Petrobras vai poder retirar o petróleo da região. Apesar disso, somente em março deste ano Capela e Japaratuba chegaram a um acordo que trata sobre a divisão dos valores da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), do Imposto Sobre Serviços (ISS) e do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte (ICMS).

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Já no primeiro ano de funcionamento, a unidade deve alcançar a produção de 1,2 milhão de tonelada do cloreto de potássio, quantidade que pode chegar ao dobro com a maturidade do empreendimento. A Usina Taquari-Vassouras, localizada em Rosário do Catete (SE), produz atualmente cerca de 700 mil toneladas por ano. A expectativa é que o potássio produzido em Sergipe barateie o cultivo de alimentos e provoque a expansão do agronegócio, segmento responsável por números positivos na balança comercial do país.

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No projeto elaborado pela Vale, estão especificados 75 poços de exploração, sendo cerca de 80% deles localizados na área de Capela e os outros 20% em Japaratuba. Já a usina de beneficiamento ficará no limite entre os dois municípios, a maior parte em Japaratuba. Também serão construídos dois Centros de Distribuição, um em cada cidade. O valor estimado em investimentos na região chega a R$ 4 bilhões.

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Negócios à vista

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No terreno onde a nova usina vai ser instalada nenhum sinal que indique o início das obras, mas a certeza de que o projeto vai ser executado já anima os empreendedores dos municípios beneficiados diretamente.

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Com menos de três anos de inaugurada, uma pousada de Japaratuba já deve passar por obras de ampliação. Maria Auxiliadora Sales Hora, gerente do estabelecimento, revela que o tamanho do refeitório vai ter a capacidade duplicada ainda em 2014 e que a quantidade de quartos, que são 12, também deve aumentar nos próximos anos. “Oferecemos as três principais refeições do dia para hóspedes e para clientes de fora também. Já percebemos melhora na ocupação com a estadia com pesquisadores do Projeto Carnalita e de professores de cursos profissionalizantes”, comemora.

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O feirante conhecido como Zezinho da Roupa também acredita que os negócios vão melhorar com a construção da usina. “Se melhorar para a cidade melhora para todo mundo. Viajo com os produtos para feiras de vários municípios e percebo que em Japaratuba foi o local onde apresentou maior queda nas vendas nos últimos meses”.

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O empresário Arildo Rosa Vieira Barros Filho espera concretizar em breve o sonho de construir um balneário no município de Capela. “Vejo esse investimento cada vez mais próximo. Com o aumento de moradores na cidade e com mais dinheiro circulando tenho certeza que esse será um bom negócio”, afirma. De imediato, o também proprietário de um restaurante já promove melhorias no cardápio e qualificação dos funcionários.

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“O município evoluiu ao longo dos anos, mas de forma muito lenta. A carnalita representa o desenvolvimento rápido, mas é preciso que os administradores públicos se planejem e façam o que for melhor para a população. As prefeituras vão receber muito dinheiro e precisam usar bem essa quantia com investimentos na saúde e educação, principalmente. Sem esquecer a criminalidade tende a aumentar junto com o progresso e esse aspecto também deve ser analisado e prevenido”, comenta o representante comercial José Barbosa sob a copa das árvores de uma praça de Japaratuba, local discussão sobre vários assuntos nos intervalos das partidas de dominó.

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Fonte: G1

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