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Multinacionais do setor de mineração caçam executivos brasileiros

10 de outubro de 2012

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Para alavancar resultados em tempos de crise, multinacionais de mineração têm aproveitado o desaquecimento do mercado doméstico brasileiro para garimpar talentos no país, responsável pela segunda maior produção de minério de ferro do mundo. Entre os mais interessados destacam-se as nações africanas, Austrália, Canadá, Estados Unidos, a região do Oriente Médio e a do Sudeste Asiático.

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Esse movimento contribuiu, por exemplo, para que o executivo Hermes Ferreira voltasse a atuar no mercado de mineração, no qual acumula mais de 30 anos de experiência. Ele ficou afastado do setor por um ano e meio, quando assumiu a presidência da Empresa Maranhense de Administração Portuária em 2009 — ano em a crise internacional afetou fortemente a mineração.

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No fim do ano passado, quando houve uma breve retomada no setor, Ferreira foi procurado por headhunters e aceitou o desafio de assumir o posto de COO (Chief Operation Officer) na AEMR Trafigura Group, mineradora sediada na África do Sul.

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Sua missão é alavancar resultados superando uma série de entraves comuns aos brasileiros: problemas de logística e infraestrutura, escassez de mão de obra qualificada, elevada burocracia e morosidade no trâmite com órgãos governamentais. O projeto sob sua responsabilidade, contudo, fica na província de Huila, ao Sul de Angola e a 600 km do porto principal. “Estamos retomando os investimentos nesse setor, que ficou estagnado por quase 40 anos no país”, conta Ferreira.

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Segundo o executivo, no continente africano há muita oportunidade para profissionais experientes e os executivos brasileiros estão entre os mais procurados. “Além de falarem português e inglês, eles possuem expertise nesse mercado”, ressalta. Na Trafigura, é possível encontrar profissionais de 20 nacionalidades diferentes. Atualmente, há 50 pessoas envolvidas no projeto de Angola, mas a expectativa é que o número atinja 6 mil até 2017.

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Na opinião de Ferreira, é importante que o executivo consiga trabalhar com culturas diferentes, pois além dos estrangeiros, precisará lidar também com muitas etnias africanas. “Como já passei por 11 estados brasileiros, estou acostumado com essa diversidade”, analisa. A distância da família, contudo, é o maior desafio do expatriado, que viaja ao Brasil apenas uma vez por mês para ver a esposa e suas três filhas. “O maior problema é administrar essa distância. Quando voltar definitivamente ao Brasil, porém, terei uma bagagem profissional bem mais robusta”, diz.

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Mas o know-how brasileiro, cada vez mais cobiçado no exterior, vai além do conhecimento em mineração. “Por nosso passado de instabilidade econômica e de hiperinflação, o brasileiro tem mais facilidade em lidar com situações de recessão e com a volatilidade e a imprevisibilidade do mercado”, afirma Itamar Resende, brasileiro escolhido para ocupar o cargo de CEO da mineradora LSM, multinacional londrina de ligas especiais.

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O engenheiro, de origem mineira, ingressou no grupo por meio de uma filial em São João del Rei, em 1985. Onze anos depois, tornou-se CEO da companhia no Brasil e, em 2006, assumiu o comando na Inglaterra. “Trouxe dois diretores brasileiros para trabalhar comigo recentemente e, a cada ano, recebo um grupo de executivos do país para um treinamento de seis meses.”

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Esse tipo de intercâmbio, inclusive, pode virar uma vaga permanente para quem se destaca, tanto em cargos de gestão quanto em posições de nível operacional. Bruno Serra, engenheiro especializado em recursos minerais, deixou a filial da multinacional SRK em Minas Gerais e foi prestar consultoria, há um ano, para o grupo no Colorado, Estados Unidos. Após esse prazo, foi convidado a ficar. “O que mais me atraiu foi a possibilidade de atuar com ouro, níquel, cobre e terras raras. No Brasil, o mercado é mais concentrado no minério de ferro”, diz. Embora tenha sido sondado também pela unidade australiana do grupo, pesou na decisão de Serra pelos EUA a proximidade com a Colorado School of Mines, referência mundial do setor. “Quero voltar a estudar e a me especializar.”

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Fonte: Valor Econômico

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