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No Congresso, IBRAM debate Política Nacional de Minerais Estratégicos com foco na Amazônia

22 de outubro de 2025

A Política Nacional de Minerais Estratégicos, com atenção especial à região Amazônica, foi tema de uma audiência pública na Câmara dos Deputados, realizada nesta terça-feira (21). O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) foi representado pela gerente de Sustentabilidade, Cláudia Salles, que apresentou a perspectiva da entidade sobre os desafios e diretrizes para o avanço da mineração brasileira, em especial na produção dos minerais críticos e estratégicos.

A audiência foi promovida de forma conjunta pelas Comissões da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais e de Minas e Energia. A iniciativa partiu dos deputados Defensor Stélio Dener (Republicanos-RR) e Jadyel Alencar (Republicanos-PI), para aprofundar o debate sobre critérios de soberania e segurança nacional na exploração de minerais estratégicos, além de avaliar diretrizes para a construção de uma política pública voltada ao setor.

Cláudia Salles ressaltou que essa agenda vem sendo construída nos últimos anos com base em um sólido repertório técnico e teórico. “Temos trabalhado fortemente no reforço da articulação institucional e técnica, com o objetivo de qualificar o setor mineral para os desafios da transição energética e para uma economia  de baixo carbono”, afirmou. Ela também destacou que, assim como o Brasil é biodiverso, é também altamente geodiverso, com tipologias minerais distribuídas por praticamente todo o território nacional. “É um setor pujante, com enorme potencial. O Brasil é um dos grandes players na produção de uma ampla variedade de bens minerais, inclusive os chamados minerais críticos e estratégicos, fundamentais para o futuro da transição energética global”, disse.

Segundo o IBRAM, a previsão de investimentos na mineração brasileira é de US$ 68,4 bilhões até 2029, sendo que os minerais críticos e estratégicos representam cerca de 27% desse total. “Não existe energia renovável sem mineração. Cada fonte depende de diferentes minerais, e o Brasil possui muitos deles. Estamos bem posicionados nessa agenda global, com uma ampla diversidade geológica, matriz energética limpa, potencial de industrialização e um ambiente democrático com instituições funcionais”, reforçou Cláudia. Ela também destacou que a mineração e a descarbonização fazem parte de uma mesma equação, sendo uma demanda da nova geopolítica internacional.

No Congresso, IBRAM debate Política Nacional de Minerais Estratégicos com foco na Amazônia

Audiência pública na Câmara dos Deputados – crédito: divulgação

Nesse cenário, o Brasil reúne vantagens estratégicas que o colocam em posição de destaque: uma legislação ambiental e mineral sofisticada, estabilidade institucional e capacidade de se tornar referência na nova diplomacia mineral, baseada em desenvolvimento sustentável, soberania nacional e justiça climática. No entanto, Cláudia alertou que o país precisa investir em pesquisa, inovação e no fortalecimento de sua base industrial, a fim de agregar valor à cadeia produtiva dos minerais extraídos: “hoje, o Brasil ainda não consegue atender plenamente à demanda global por esses minerais com valor agregado, e isso precisa mudar”.

Por fim, ela apontou quatro eixos estruturantes que devem ser fortalecidos para que o Brasil avance com competitividade e responsabilidade socioambiental na agenda dos minerais estratégicos: o desenvolvimento de infraestrutura adaptada e de baixa emissão, especialmente voltada à variabilidade climática e à expansão de linhas de transmissão; o estímulo à industrialização verde, com foco na produção nacional de insumos estratégicos; a criação de políticas públicas e mecanismos de financiamento voltados a esses minerais; e a promoção da justiça social global, assegurando que o avanço do setor ocorra com respeito aos direitos das populações, aos territórios e ao meio ambiente.

Também participaram da audiência Salomão Cruz, ex-vice-governador de Roraima, geólogo e estudioso das terras raras; Mariana Vaini de Freitas Daher, coordenadora-geral do Departamento de Desenvolvimento Sustentável na Mineração do Ministério de Minas e Energia (MME); Thiers Muniz Lima, coordenador de Estudos Econômicos da Agência Nacional de Mineração (ANM); e Lúcia Travassos, representante do Serviço Geológico do Brasil (SGB).

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