Ouro foi o melhor investimento de setembro
1 de outubro de 2012
rnO desenrolar do pacote de austeridade e o pedido de socorro aos bancos na Espanha ditaram o comportamento dos investidores na última semana de setembro. O clima de nervosismo ajudou a derrubar a bolsa brasileira. Desta forma, mais uma vez, o
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O desenrolar do pacote de austeridade e o pedido de socorro aos bancos na Espanha ditaram o comportamento dos investidores na última semana de setembro. O clima de nervosismo ajudou a derrubar a bolsa brasileira. Desta forma, mais uma vez, o ouro foi o campeão de rentabilidade em setembro, com alta de 4,46%, segundo ranking elaborado pelo administrador de investimentos Fabio Colombo. No ano, o metal rendeu 22%, e é um ativo considerado porto seguro para a carteira dos investidores estrangeiros, já que não é um investimento popular no Brasil.
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A bolsa de valores, que até quinta-feira tinha chances de ter o segundo melhor resultado mensal do ano desde janeiro, sofreu um revés na sexta-feira em razão das notícias da Espanha e da queda dos papéis do setor financeiro no Brasil. Em setembro, o Ibovespa subiu somente 3,8% e retornou ao patamar abaixo dos 60 mil pontos, alcançando os 59.175 pontos. No ano, o ganho da bolsa de valores foi de 4,27%, menor do que o da poupança. Ainda assim, analistas esperam que a bolsa reaja até o final do ano. Intervenções do governo
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Para o analista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, a volatilidade deve continuar no mercado acionário, com as atenções voltadas ao desenrolar da crise na Europa. “O quarto trimestre será decisivo para a Espanha. Vamos ver se conseguirão implementar o plano de austeridade”, diz.
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Em um único dia, a perda do Ibovespa foi de quase 2% e parte desse resultado foi atribuído à queda das ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Cielo, que caíram 7,43%, e os papéis do Banco do Brasil (-3,88). A ação preferencial (PN, sem direito a voto) do Itaú Unibanco caiu 2,89% e a do Bradesco, 1,75%.
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O movimento de baixa do setor é resultado da pressão do governo para reduzir as taxas de administração cobradas do lojista pela credenciadora Cielo e também as tarifas de serviços dos bancos. “O governo quer que o Banco do Brasil reduza sete tarifas, que foram reajustadas em janeiro. Isso vai atrapalhar a rentabilidade da instituição. Esta série de intervenções, inclusive no setor de energia elétrica, está impedindo a bolsa de subir”, afirma o trader da Mirae Asset Corretora, Julio Pimentel Algodoal Neto. Ele diz que a bolsa poderia subir até 15% neste ano se não houvesse intervenção do governo no setor de energia elétrica e nem pressão para baixar o spread bancário. Estas notícias, afirma, derrubaram papéis que tradicionalmente ofereciam um bom retorno ao acionista.
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“O que deve puxar a bolsa neste fim de ano são os papéis de mineração, commodities e alimentos. Também acredito que as empresas mais dependentes do mercado externo sejam opções melhores do que as que dependem da economia interna”, diz Algodoal Neto. Para Galdi, da SLW, as medidas do governo vão surtir efeito no crescimento da indústria em 2013, e as quedas destes setores ocorrem apenas no curto prazo.
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Mesmo com o revés de sexta-feira, os analistas esperam que a bolsa encerre o ano no azul. “Só a saída da Grécia do Euro ou outro evento forte mudaria uma projeção positiva para a bolsa neste ano”, afirma Colombo, que elaborou o ranking de investimentos.
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Recuperação do Ibovespa
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Em setembro, a bolsa teve um mês de boas notícias vindas do exterior, que fizeram o investidor estrangeiro voltar ao mercado acionário brasileiro. O cenário do mês passado alimentou boas perspectivas para o fechamento da bolsa neste ano. Uma pesquisa feita pela Agência Reuters, com estimativas de 30 analistas, mostrou que a mediana de todas as projeções aponta para uma alta de 7,4% para o Ibovespa, o que corresponde a 65 mil pontos, até o final deste ano. Para o primeiro semestre de 2013, o prognóstico de 23 analistas sugere um avanço de 15,7%, ou 70 mil pontos. O levantamento foi divulgado na semana passada.
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O estrategista de pessoa física da Bradesco e Ágora Corretoras, José Francisco Cataldo, projeta 69 mil pontos para a bolsa neste ano. Segundo ele, em setembro vieram finalmente as boas notícias que os investidores esperavam desde julho. Entre elas, o anúncio da terceira rodada do Quantitative Easing (injeção de dólares para ajustar o crescimento da economia norte-americana), e indícios de que o Banco Central Europeu (BCE) fará a compra de bônus em maiores volumes. Do outro lado do globo, a China anunciou duas injeções de recursos que, somados, são de mais de US$ 100 bilhões no mês passado. “Estas notícias fizeram o volume de recursos de investidores estrangeiros aumentar”, disse Cataldo. No mês passado, até o dia 20, o fluxo de recursos de investidores estrangeiros estava positivo em R$ 2,6 bilhões. Na última semana, os investidores realizaram os lucros e a saída superou a entrada de dinheiro. Segundo dados da BM&FBovespa de 3 a 26 de setembro, a entrada de recursos de investidores estrangeiros foi de R$ 56 bilhões e a saída, de R$ 60,8 bilhões.
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Euro ganha musculatura
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Os anúncios de pacotes para a Espanha e de compra de títulos pelo Banco Central Europeu fizeram o euro ganhar força ante o dólar. Em setembro, a valorização foi de 2,08% e este foi o ganho de investidores que tem no portfólio fundos cambiais atrelados à moeda europeia. Para o investidor desses fundos, o euro gerou uma rentabilidade de 7,67% no ano. De acordo com Colombo, este tipo de aplicação é indicada para investidores com perfil conservador e moderado, e com visão de longo prazo, já que a moeda tem uma oscilação forte.
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Mesmo com a injeção de dólares pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), o dólar não disparou. No mês, quem aplicava em fundos cambiais atrelados ao dólar teve prejuízo de 0,05%. Como o fundo cambial é investimento de longo prazo, o investidor que apostou na moeda norte-americana teve retorno positivo no ano, de 8,56%, que ocupa a quarta colocação do ranking de investimentos.
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RENDA FIXA PERDE DA INFLAÇÃO
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Com a taxa básica de juros (Selic) em 7,5% ao ano – no patamar mais baixo da história – os investimentos em renda fixa estão rendendo cada vez menos. Em setembro, apenas o título público indexado ao Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) superou a inflação de 0,97% medida por este índice. O rendimento do papel foi de 1,05% a 1,25% no mês passado e de 10,51% no ano, sendo o segundo mais rentável depois do ouro.
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Os demais investimentos perderam da inflação. Os fundos de renda fixa renderam de 0,65% a 0,85% em setembro, o mesmo que os papéis do governo indexados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A diferença entre os investimentos, é que os fundos de renda fixa superaram o IGP-M no ano, com rendimento de 8,73%, contra uma inflação medida pelo índice de 7,1%. Já os papéis que seguem o IPCA renderam menos no ano, 7,03%. Com a Selic baixa, o rendimento dos fundos DI encostou na poupança. No mês , este tipo de fundo deu retorno de 0,4% a 0,6%, de acordo com a taxa de administração. Próximo do rendimento líquido da caderneta de poupança com aniversário em 1º de outubro, de 0,43%.
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No ano, os fundos DI tiveram rentabilidade de 6,77% e se destacaram da caderneta . A poupança no acumulado do ano teve rendimento líquido de 4,74%.
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Fonte: Diário do Comércio