Foi lançado na Holanda o primeiro ouro com classificação ‘Fairtrade & Fairmined’ – de mineração e comércio justos. A iniciativa da organização holandesa Solidaridad dá ao mundo
Foi lançado na Holanda o primeiro ouro com classificação ‘Fairtrade & Fairmined’ – de mineração e comércio justos. A iniciativa da organização holandesa Solidaridad dá ao mundo a primeira garantia de que o ouro foi explorado de maneira segura, justa e ambientalmente correta. A mina peruana Cuatro de Enero foi uma das primeiras a receber o certificado.
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Amor, fidelidade, romantismo, esperança, confiança no futuro. São coisas que associamos à compra de uma jóia de ouro. Mas para muitas pessoas o ouro significa algo muito diferente: problemas de saúde por intoxicação por mercúrio; crianças que têm que trabalhar na mineração em vez de ir para a escola; lugares desolados, sem esgoto ou serviços de saúde, repletos de prostituição.
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Esta é a realidade em muitos assentamentos de mineiros. Até pouco tempo, não havia escolha quando se queria comprar ouro. Não se sabia do sofrimento escondido por trás de jóias reluzentes. Mas agora é diferente.
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Para receber a classificação ‘Fairtrade & Fairmined’ uma mina de ouro tem que cumprir exigências rígidas. Isso é válido tanto para o trato com os empregados como para os cuidados com o meio ambiente. Santiago Ramírez Castro é diretor geral da mina peruana Cuatro de Enero, uma das primeiras empresas a receber a classificação. Ele esteve na Holanda para a apresentação da primeira jóia de ouro de mineração e comércio justos, em companhia do economista Federico Gamarra Chilmaza, que dá consultoria aos mineiros em nome da organização Red Social.
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Organização
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Santiago Ramírez nunca tinha imaginado que seria garimpeiro. Muito menos diretor de uma mineradora. Ele é da capital, Lima, mas como não conseguiu construir sua vida ali, partiu para as montanhas no sul do Peru para procurar ouro. Trabalhou junto com 700 outros garimpeiros de ouro (ilegais) vindos de diferentes regiões. “Num determinado momento decidimos nos organizar”, conta.
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“Decidimos comprar equipamentos juntos e empregar engenheiros. Fomos estudar, tivemos aula sobre mineração, mas também de administração de empresas. Aí decidimos criar a empresa, assim poderíamos desenvolver mais a mina.”
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Desde então, o assentamento cresceu e hoje é um vilarejo de 2500 habitantes. A mina ainda é a espinha dorsal do lugar, mas já existem restaurantes e lojas. Os garimpeiros recebem alimentação e escolarização da empresa.
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Vilarejo com um nome
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O vilarejo recebeu um nome: Centro Poblado de Cuatro Horas. E tem uma escola, paga pela mina. “As crianças recebem boa educação. Algumas já estão até na universidade”, diz Ramírez. “Também temos um posto de primeiros socorros. E as mulheres trabalham junto. Não na mina, mas procuram manualmente as pequenas pepitas que sobram nos detritos, pois ali também tem um pouco de ouro.”
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O economista Federico Gamarra Chilmaza admira a força dos mineiros de Cuatro de Enero. “A história da mina é rica em exemplos de solidariedade. Como eles pagaram do próprio bolso, quando ainda eram totalmente ilegais, para levar professores e médicos até lá. Graças a esta postura, hoje eles estão bem.”
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Ramírez, diretor democraticamente eleito, tem orgulho do fato de os trabalhadores terem um salário fixo, quer tenham encontrado ouro ou não. A história da mina Cuatro de Enero é, segundo o economista Gamarra, um belo exemplo para outras minas no Peru, que ainda têm um longo caminho a percorrer antes que possam receber a classificação ‘Fairtrade & Fairmined’.
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Mineração em pequena escala
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De todo o ouro explorado no mundo, 90% vem de mineração de larga escala, que é altamente mecanizada e tem relativamente poucos empregados. O restante vem de minas que exploram o ouro em pequena escala, nas quais trabalham cerca de 20 milhões de pessoas. Nelas acontecem a maior parte dos abusos e problemas ambientais. A classificação ‘Fairtrade & Fairmined’ é para as minas de ouro de pequena escala. Elas receberão 10% extra sobre o preço do ouro, quantia que deve ser reinvestida na própria mina.
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As primeiras minas elegíveis para receber o certificado estão na Colômbia, Peru e Bolívia. Outras que também deverão receber a classificação mais tarde são minas em Uganda, Tanzânia e Gana.
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Fonte: Rnw.nl
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