Perspectiva da mineração é tema de evento em Minas Gerais

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro não deve chegar nem na previsão mais pessimista feita até agora: 1,27% (pesquisa Focus do Banco Central, divulgada na terça-feira). Para a pesquisadora e consultora de macroeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Maria Alice Veloso, é possível que o crescimento da economia nacional não ultrapasse 1%. “Minha aposta é que não chegue nem a 1%. Não podemos afirmar nada nesse momento, porque tudo que o governo previu não aconteceu. Mas a tendência é essa, as cartas já estão na mesa”, afirmou a especialista durante ciclo de palestras sobre a economia mineira e a participação da mineração, promovida ontem pela Vale S/A (Vale), em Belo Horizonte.

Maria Alice falou da importância da indústria extrativa mineral mineira para a economia do país, que segundo dados levantados pela FGV, em 2010, a participação da cadeia produtiva desse setor em Minas Gerais sobre o PIB nacional chegou a 89%.

“Existe uma dependência sim, mas isso está mais ligado ao preço das commoditiesdo que a qualquer outra coisa. Neste ano, com o preço do minério de ferro em queda, os resultados não serão tão positivos. Mas não vejo mudanças nesse modelo econômico nos próximos anos”, ressaltou.

O peso da indústria extrativa mineral é muito grande na economia nacional, segundo Maria Alice. “O comportamento do preço do minério de ferro no ano dá uma pista de como será o resultado da economia naquele período”.

De acordo com a consultora da FGV, a falta de investimentos de longo prazo, principalmente nos setores de infraestrutura, é o principal causa do fraco crescimento do país. “Mas a decisão de investimentos é institucional e das empresas, que optaram em fazer investimentos em consumo. Não estou aqui para dizer se está certo ou errado, mas as conseqüências são estas aí que estamos vendo”, disse.

Outro “vilão” que também pode ser responsabilizado pelos péssimos indicadores da economia brasileira até o terceiro trimestre de 2012 (alta de 0,6%)foi o setor de serviços, que representa mais de 66% do PIB nacional.

“Um conjunto de ações tão diferenciadas, que participa com mais de 65% do peso do PIB, precisa ter seus indicadores muito bem mensurados, e qualquer queda vai fazer uma diferença grande na economia brasileira”, disse. Foi o que acorreu no último trimestre, quando o setor apresentou queda de 1,3%. “Como os demais segmentos não tiveram nenhum crescimento expresivo, tivemos este resultado próximo de zero”, ressaltou.

Maria Alice explicou que o Brasil tem apresentado um crescimento pequeno com índices de inflação altos, diferente do que vem ocorrendo com outros países da América do Sul e Latina. “O México, por exemplo, está prestes a passar o Brasil. O que temos percebido é que os Estados Unidos têm deslocado parte de sua produção da China para o México, e isso tem sido muito positivo para o país. O problema do Brasil não é crescer 1%, mas obter este resultado quando a perspectiva era atingir 4,5%”, disse.

Eventos – A esperança de melhora nos próximos anos, conforme a pesquisadora da FGV, está totalmente relacionada aos grandes eventos previstos no Brasil, como a Copa das Confederações no ano que vem, o Mundial da Fifa de 2014 e as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016. “Resta saber se esses investimentos serão feitos”, avalia.