Diretor-presidente do IBRAM participa virtualmente de debate em Portugal sobre este e outros temas.
Raul Jungmann, diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), reforçou o posicionamento do setor sobre a ação de municípios mineiros afetados pelo rompimento de barragem em Mariana (MG), que têm recorrido a tribunais no exterior em busca de decisão favorável. Conhecida como “forum shopping”, essa prática envolve a escolha de tribunais que ofereçam melhores perspectivas de decisões favoráveis para as partes envolvidas. Jungmann abordou o tema nesta sexta-feira (29) durante sua participação online no Fórum sobre os Impactos Econômicos e Sociais dos Litígios de Massa, realizado em Portugal. O evento é organizado pelo Fórum de Integração Brasil-Europa (FIBE), com o apoio da Fundação Getulio Vargas (FGV) Justiça e do Instituto de Direito Público (IDP).
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“Os proponentes junto a Corte inglesa alegavam que o sistema judicial brasileiro não estava sendo capaz de fazer justiça, mas, na realidade, isso se configura como um ataque à soberania brasileira. Quando um município recorre à Corte inglesa, ele está subvertendo a soberania do Brasil em favor de outra nação. Além disso, essa prática fere a Constituição, pois, embora estados e municípios possuam autonomia, não são soberanos em relação ao Estado brasileiro”, destacou Jungmann. Para saber mais sobre o caso, acesse o posicionamento do IBRAM sobre a ADPF 1178.
Jungmann também alertou sobre os riscos dessa prática, apontando que, se um precedente como esse for estabelecido, qualquer empresa brasileira com atuação internacional poderá ser acionada em tribunais estrangeiros, o que geraria grande insegurança para o setor privado do Brasil. “Se um caso como o de Mariana for julgado por uma corte estrangeira, estaríamos, na prática, voltando a ser uma colônia. Isso é um desrespeito à jurisdição brasileira e à soberania da nossa nação. Não somos uma colônia, e provamos isso quando resolvemos o caso de Mariana sem a intervenção da Corte inglesa. Isso é inaceitável, e, por meio do Supremo Tribunal Federal (STF), daremos as respostas necessárias a quem agir contra o Estado brasileiro”, afirmou.
Jungmann também criticou a característica oportunista da ação dos municípios sobre Mariana na Corte inglesa.“Entramos com uma petição pedindo que o STF solicitasse os contratos desses municípios com a banca de advocacia inglesa, que havia financiado a ação com mais de um bilhão de dólares. Os primeiros contratos se tornaram públicos, e descobrimos que a banca foi contratada sem o cumprimento da legislação brasileira. A lei do Brasil exige que entidades públicas realizem licitação para contratar bancas de advocacia, o que não ocorreu. Além disso, a legislação brasileira proíbe a inclusão de cláusulas de êxito a favor da banca, o que foi feito. A lei também determina que os contratos de litígios sejam regidos por cláusulas nacionais, e não por cláusulas inglesas, como estava acontecendo. Para agravar, os valores estavam estipulados em libras esterlinas, e não em reais. A banca contratou dois mil advogados no Brasil, que mobilizaram 732 mil pessoas para entrarem com ações na Justiça”, detalhou.
O diretor-presidente do IBRAM ressaltou o êxito do acordo de reparação e indenização firmado no Brasil. “O acordo sobre Mariana foi fechado, e o presidente e ministro do STF, José Roberto Barroso, revalidou esse acordo. Ele já notificou a Corte inglesa sobre o trânsito em julgado do processo no Brasil, deixando claro que a Justiça foi feita”, completou.
O painel também contou com a participação de André Chaib, professor da Maastricht University, Marcelo Eugênio Feitosa Almeida, procurador-geral da União, Murillo de Aragão, professor da Columbia University e presidente do Instituto Brasileiro de Direito Legislativo, e Richard Fentiman, professor da University of Cambridge.
*Com informações do site Fórum de Integração Brasil-Europa
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