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Os efeitos da desaceleração da economia brasileira, aprofundada por desdobramentos negativos da crise na Europa e pelo freio no consumo de gigantes emergentes, não foram sentidos no setor nacional de mineração em 2011. Com crescimento de 28%, a produção mineral brasileira alcançou o patamar dos US$ 50 bilhões no ano passado, impulsionada pelo desempenho recorde do segmento de ferro. Foram produzidas 467 milhões de toneladas de minério de ferro no país, o que representou o maior crescimento anual da história, de 25%. E para 2012, o cenário não deve ser diferente. Mesmo com as bases altas de comparação, as primeiras projeções apontam para uma continuidade de números positivos para o setor neste ano.
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“A demanda global pelo minério apresentou total recuperação no ano passado”, afirmou ao Valor o novo presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), José Fernando Coura. O momento do setor será propício para a atuação do mineiro, nascido em Dom Silvério. Em sua primeira entrevista à imprensa – entre uma ligação e outra de políticos – Coura mostrou estimativas com otimismo. Formado em Engenharia de Minas, sócio de uma empresa de ferro-gusa, foi indicado ao cargo pelo presidente da Vale, Murilo Ferreira. “Houve melhorias nos processos produtivos brasileiros, que estão mais eficientes”, disse.
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Balanço do Ibram mostrou que produção mineral duplicou de tamanho entre 2009 e 2011, passando a representar 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O saldo comercial, aos US$ 38,4 bilhões, ficou quase 30% acima do saldo total brasileiro. Tudo isso embalado pela grande estrela da mineração brasileira: o minério de ferro, que representou quase 85% das exportações do setor. O ganho foi em volume, mas também em preço. Segundo o Credit Suisse, a commodity avançou 82% desde 2007.
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Com produção nacional de 90 mil toneladas, o nióbio também pesou sobre os resultados, mantendo o Brasil na liderança desse mercado (o país fornece mais de 95% do total mundial). O desempenho do metal avançou na esteira do aquecimento do mercado de ferroligas, matérias-primas importantes para os setores automobilístico e eletroeletrônico.
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O avanço de quase 9% nos preços internacionais do ouro no ano passado (fechando o período em US$ 1.532,05 por onça-troy), estimulou os investimentos e fez com que a produção do metal no país crescesse de 58 toneladas para 66 toneladas. A produção do níquel – utilizado na fabricação de aço inoxidável – também teve destaque, com avanço de 18%, para 70 mil toneladas em 2011, sendo que grande parte do impulso veio da entrada em operação do projeto de Barro Alto (GO), da mineradora britânica Anglo American.
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No cobre, a situação segue o mesmo caminho. Apesar do recuo nas cotações no segundo semestre do ano passado, os projetos de exploração e produção – como o da Mina do Sossego, da Vale, no Pará – continuaram avançando no país e a produção do metal passou de 224 mil toneladas para 400 mil toneladas em 2011. O setor do alumínio, por outro lado, cresceu menos, 10%, para 31 mil toneladas de bauxita produzidas no ano passado. O setor foi pressionado pelos elevados custos de produção e pelo recuo de 22% nos preços internacionais do metal no segundo semestre de 2011. Já a produção do zinco caiu, de 288 mil toneladas para 284,4 mil toneladas.
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“A variação dos preços dessas commodities foi muito forte no ano passado, mas a produção, focada no longo prazo, continua sendo impulsionada pela necessidade de desenvolvimento de infraestrutura da China. A nossa infraestrutura também está no jogo. Somos autossuficientes em todos os bens minerais necessários para esse setor”, afirmou Coura.
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Para este ano, o Ibram prevê avanços menores, mas ainda representativos diante dos altos patamares de comparação. Em suas primeiras projeções, a produção mineral brasileira deve alcançar os US$ 55 bilhões, o que representaria crescimento de 10%. A produção do minério de ferro, com perspectivas de alta contínua nos preços, deve apresentar avanço de 9,4%, para 510,8 milhões de toneladas. Segundo o Credit Suisse, em abril o preço do minério estava em US$ 151, para o produto com teor metálico de 62% de ferro.
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Para atender esse potencial, os investimentos previstos para a mineração brasileira também avançaram: entre 2012 e 2016 deverão ser desembolsados US$ 75 bilhões para projetos no país. No ano passado, o instituto previa US$ 68,5 bilhões entre 2011 e 2015. Segundo o presidente do Ibram, além do minério de ferro, entre os maiores destinos desses recursos está a área de fertilizantes, da qual o Brasil é dependente de importações.
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Esse cenário azul para a mineração brasileira, no entanto, já começou a ser abalado, com os resultados negativos de grandes mineradoras no primeiro trimestre. Além disso, o setor vive o impasse sobre a criação do novo marco regulatório, que deve mudar as regras dos negócios e gera incertezas no mercado. “O governo sinalizou que logo enviará (os projetos) ao Congresso. Queremos ser ativos nisso”, disse Coura. Ele critica a morosidade dos processos de licenças ambientais, que limitariam a velocidade de implantação dos novos projetos e reduziriam a competitividade do país no mercado internacional. “Mas só resolveremos essas barreiras com diálogo”. Esse diálogo inclui, segundo ele, uma maior integração entre os sindicatos patronais e a indústria. Coura é presidente do Sindicato da Indústria Mineral de Minas Gerais.
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Fonte: Valor Econômico
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