Setor começa a se diversificar em Minas Gerais

 

Com a recente redução da demanda internacional por minério de ferro, outros minerais, antes explorados em menor intensidade, começam a receber atenção especial por parte de empresas e estudiosos do ramo. Nióbio e rochas ornamentais são dois exemplos de recursos que, na contramão da economia mundial, se mostram grandes filões de negócios para os mineiros.

“Não quer dizer que o minério de ferro deixou de ser o mineral mais vendido e produzido em Minas Gerais. Mas o Estado tem várias reservas de outros recursos que também têm sido explorados”, afirma o coordenador da graduação de Engenharia de Minas da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Carlos Alberto Pereira.

Pereira explica que a escola presta consultoria para a iniciativa privada no que se trata de recursos minerais e que, atualmente, a demanda, antes polarizada em minério de ferro, está se difundindo para outras áreas. Ele ressalta, porém, que os estudos referentes ao minério de ferro ainda são demandados, principalmente em função da importância que ocupa na balança comercial do Estado.

Para se ter uma ideia de como está o ano para o setor de rochas ornamentais no Brasil, basta verificar as exportações do setor, que somaram no acumulado de janeiro a setembro US$ 805,3 milhões, segundo dados apurados pela Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (Abirochas).

O valor é maior do que o alcançado nos últimos dois anos. Comparado com o mesmo período de 2011, a alta foi de 5,9%. Na época, o valor apurado com as vendas para o exterior alcançaram US$ 760,1 milhões.

Somente em setembro, o valor das exportações registrou US$ 81,8 milhões.O total foi alcançado com as vendas de um volume de 174,4 mil toneladas no mês. Os principais destaques são as rochas carbonáticas, como os mármores.

Demanda – Os três principais fatores que levaram ao incremento da demanda pelo produto, segundo a Abirochas são: sinais de recuperação do mercado imobiliário norte-americano, aumento da demanda da China pelo insumo e início de recuperação do setor produtivo nacional em decorrência de medidas governamentais como desoneração da folha de pagamentos.

Já em se tratando do nióbio, um recurso raro utilizado em indústrias de automação, nuclear e defesa, o Brasil detém mais de 90% da produção mundial, o que o torna estratégico para a economia nacional, conforme a Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração.

Com a diversificação dos ramos de atuação no segmento mineral, tem se intensificado a falta de profissionais qualificados. Associa-se a isso a necessidade de se encontrar novas minas no Estado, por se tratar de um recurso findo, e a pressão ambientalista crescente, que obriga as empresas a se preocuparem em realizar pesquisas mais aprofundadas antes de iniciarem a exploração mineral.

Pereira explica que é crescente também a disputa pelos profissionais formados no Brasil por empresas que atuam em outros países. Por essa razão, mesmo em épocas de mercado volátil, como o enfrentado atualmente pelo minério de ferro, as empresas continuam com os programas de formação e retenção de mão de obra. “Geólogos e engenheiros de minas estão sendo muito disputados no mercado. Para se ter uma ideia, hoje sobram bolsas que o governo tem dado para alunos que se interessam em fazer intercâmbio em outros países”, afirma.