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A indústria do aço enfrenta seu pior cenário em quatro anos, com uma queda de preços e de demanda levando seus executivos a querer cortar custos e fechar siderúrgicas deficitárias.
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As perspectivas sombrias refletem em grande parte a crise da Europa e o desaquecimento do setor de construção na China. Elas contrastam bastante com a situação um ano atrás, quando, fortalecidos pelas indústrias de automóvel e energia, os fabricantes de aço podiam impor aumento de preços e elevar a produção. Aquele momento representou a primeira esperança real de recuperação da crise financeira de 2008, que já havia corroído severamente os lucros.
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Lakshmi Mittal, diretor-presidente da ArcelorMittal, a maior companhia de aço do mundo, disse que a indústria não tem como impulsionar a demanda, o que torna “crucial” para os produtores reduzir custos e o fornecimento. “Este não é um cenário animador”, disse Mittal na terça-feira a respeito da economia mundial, durante a conferência anual Estratégias de Sucesso para o Aço. “Quando a economia está em dificuldades, é muito natural que o aço sofra um impacto.”
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Produtores de aço estão fechando fábricas em todo o mundo, de forma temporária ou permanente. No mês passado, a americana RG Steel LLC pediu concordata e fechou uma fábrica de grande porte em Sparrows Point, no Estado de Maryland, e duas outras plantas, eliminando mais de 4.000 empregos. A alemã ThyssenKrupp AG está tentando vender o seu enorme complexo siderúrgico no Alabama, que vem dando prejuízo. A ArcelorMittal fechou uma fábrica na Bélgica no ano passado e está desativando outras duas .
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Os preços caíram 12% desde fevereiro, de US$ 827 para US$ 723 a tonelada para o aço padrão laminado a quente, e deve cair abaixo dos US$ 700 a tonelada no terceiro trimestre, segundo a firma de pesquisas do setor World Steel Dynamics. A utilização de capacidade – o volume produzido comparado com a capacidade total de produção – caiu de 80% para 76%. Alguns analistas disseram que é necessário cortar mais a produção para manter os preços firmes. “Pelo menos 100 milhões de toneladas de capacidade mundial de produção de aço”, – cerca de 6,5% da produção mundial – precisam ser eliminadas para segurar os preços, disse John Lichtenstein, diretor-gerente da firma de consultoria Accenture.
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A nova conjuntura se reflete na cotação das ações das fabricantes de aço. A ação da U.S. Corp. caiu de um valor acima de US$ 31 três meses atrás para US$ 20,15. Já as da ArcelorMittal, negociadas na Bolsa de Nova York, baixaram de mais de US$ 21 para US$ 15,56 durante o mesmo período.
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A siderurgia brasileira também está sofrendo com a situação. As produtoras de aço do Brasil têm baixado preços para concorrer no exterior, enquanto a redução do crescimento doméstico tem enfraquecido a demanda no país – e tudo isso tem pesado sobre as cotações do setor em bolsa.
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A esperança de que a demanda do aço continuaria a crescer levou a uma produção mundial recorde de 1,5 bilhão de toneladas no ano passado, enquanto a demanda real chegou só a 1,36 bilhão de toneladas, segundo a Associação Mundial do Aço.
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A Europa e a China são as duas maiores incertezas da indústria. Na Europa, a crise de dívida sugou dinheiro do orçamento de infraestrutura pública e matou o apetite por empréstimos para projetos de construção.
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“A demanda na Europa caiu de 200 milhões de toneladas por ano para 150 milhões de toneladas, e terá dificuldade para se recuperar”, disse Mittal.
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A China, onde a demanda forte sustentou em grande parte a indústria mundial, está perdendo fôlego. Luke Folta, um analista do banco de investimento Jefferies & Co., diminuiu sua previsão para o crescimento do consumo de aço na China este ano de 8,5% para 7,5%. Um crescimento menor do consumo na China implica que os produtores de aço do mundo procurarão outros mercados. Implica, também, que os produtores chineses vão depender cada vez mais de exportações.
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As importações dos Estados Unidos, que se beneficiaram de uma demanda relativamente forte dos setores de automóveis e manufatura, cresceram18,8% nos primeiros quatro meses deste ano, segundo dados da firma Global Trade Information Services. Os líderes da indústria americana já disseram que estão preparados para entrar com uma queixa comercial se as importações continuarem nesse ritmo. A Rússia, a Turquia e a China são considerados os principais alvos de possíveis queixas comerciais, dizem executivos do setor.
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Por outro lado, os setores gêmeos de automóveis e combustíveis continuam brilhando nos EUA.
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André Gerdau Johannpeter, diretor-presidente da Gerdau Group, de Porto Alegre, RS, disse que o mercado automotivo dos EUA está se recuperando. É importante “separar o que é uma crise [na Europa] e o que é uma desaceleração”, disse o executivo, referindo-se ao crescimento da demanda fora da Europa.
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Fonte: Valor Econômico
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