O município de Araxá (MG), com 94,7 mil habitantes, virou o queridinho de gigantes do setor de mineração do Brasil, como Vale e CBMM, e da canadense Mbac, que começaram a ver possibilidades de novos lucros
O município de Araxá (MG), com 94,7 mil habitantes, virou o queridinho de gigantes do setor de mineração do Brasil, como Vale e CBMM, e da canadense Mbac, que começaram a ver possibilidades de novos lucros na cidade.
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O motivo vem da China, que concentra 97% da produção de terras-raras do mundo e, em 2010, passou a restringir suas vendas.
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Terras-raras são elementos químicos essenciais na fabricação de eletrônicos de alta tecnologia, como tablets, smartphones e telas de LCD.
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Os minerais existem em Araxá e agora são foco de investimentos, afirmou o especialista em recursos minerais Romualdo Paes de Andrade, geólogo do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), do Ministério de Minas e Energia.
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Embora as reservas de Araxá ainda não tenham sido oficialmente medidas, a atividade é promissora, diz Andrade, pois o nióbio e o fosfato, de onde são extraídas, são abundantes na região.
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A mineração já é o principal motor da economia local, que movimenta R$ 3 bilhões ao ano só da iniciativa privada, conforme a prefeitura.
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O PIB araxaense em 2009 (último medido) foi de R$ 1,98 bilhão, 258,6% superior ao de uma década atrás, quando era de R$ 552 milhões.
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A extração do nióbio, metal que dá mais resistência ao aço, é um dos destaques da economia local. As maiores reservas mundiais estão em Araxá e são exploradas pela CBMM, com cerca de 65 mil toneladas por ano (90% da produção global).
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DEPÓSITO DE NIÓBIO
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A companhia afirma que encontrou a solução para obter as terras-raras do nióbio.
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Em uma fábrica-piloto com capacidade para 1.200 toneladas/ano, produz concentrados de terras-raras e pode elevar a produção para 3.000 toneladas “sem grande esforço”, afirmou em nota.
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É pouco diante das 120 mil toneladas/ano de produção mundial. Mas já seria um salto consideradas as 239 toneladas produzidas pelo Brasil em 2011, segundo o DNPM.
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A companhia confirma que o diferencial, em Araxá, é a possibilidade de obter as terras-raras dos resíduos.
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A empresa investiu R$ 50 milhões na nova tecnologia. Outros R$ 12,5 milhões foram do governo de Minas, que tem participação de 25% nos lucros da CBMM.
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A Vale não dá detalhes dos estudos para a extração das terras-raras, que se encontram em suas minas de fosfato em Araxá e na vizinha Tapira, de 4.200 habitantes.
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Já a Mbac, segundo a Prefeitura de Araxá, vai investir R$ 280 milhões numa unidade. À Folha a empresa não revelou valores, mas confirmou que prepara a construção de uma planta-piloto em Araxá e que estudos feitos por ela mostram que as terras-raras são viáveis no município.
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BENEFÍCIOS A LONGO PRAZO
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Embora gigantes da mineração já vislumbrem possibilidades de ampliar seus lucros com a atividade em Araxá, alguns setores da cidade ainda são cautelosos sobre as terras-raras.
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A situação lembra, em parte, a desconfiança que rodeava o pré-sal, antes de serem confirmadas sua existência e viabilidade.
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O presidente da Acia (Associação Comercial, Industrial, de Turismo, Serviços e Agronegócios de Araxá), Marcio Antonio Farid, reconhece a importância da mineração para o desenvolvimento do município, mas diz que os benefícios à cidade ainda devem demorar.
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Para ele, o clima de otimismo está no fato de as mineradoras já estarem trabalhando na cidade. “Mas, no caso das terras-raras, acho que os benefícios devem aparecer mais a longo prazo, e não tão imediatamente.”
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O corretor de imóveis Danilo de Souza afirma que o setor imobiliário já se beneficia da atividade mineradora.
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“[As mineradoras] geram uma massa salarial expressiva, o que é bom para o setor imobiliário”, disse.
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Souza disse acreditar, porém, que é preciso esperar se consolidar o plano de novas empresas na cidade.
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O PIB per capita em Araxá, conforme medição do IBGE, é de R$ 21,3 mil. Já é mais do que em BH -R$ 18,1 mil.
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CENTRO INTERNACIONAL DE PESQUISA
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A importância das terras-raras também já foi percebida pelo poder público.
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O governo diz estimular novos projetos e incluiu o tema no Plano Nacional de Mineração, que trata de questões estratégicas do setor.
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Para o subsecretário de Política Mineral e Energética do Estado de Minas, Paulo Sérgio Machado Ribeiro, a exploração dos minerais de Araxá ajudará o país a reduzir as importações da China.
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Hoje, o Brasil enfrenta dificuldades, por exemplo, para comprar o lantânio, que é um elemento utilizado nos catalisadores para refino de petróleo da Petrobras.
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Segundo o Ministério de Minas e Energia, as empresas que detêm o direito de explorar ambientes geológicos favoráveis -como ocorre em Araxá- são estimuladas a desenvolver pesquisas ou a extração mineral propriamente dita, de acordo com a pasta.
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O Serviço Geológico do Brasil, empresa pública vinculada ao ministério, iniciou levantamento em todo território nacional para identificar as áreas potenciais para a ocorrência de terras-raras.
Além de Araxá, sabe-se que em Catalão (GO) também existem jazidas importantes.
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Por enquanto, segundo o DNPM, foram oficialmente dimensionadas apenas reservas nas regiões de Poços de Caldas e Vale do Sapucaí, ambas em Minas, e no norte do Estado do Rio de Janeiro, mas nesses lugares o volume de terras-raras é bem pequeno.
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A Prefeitura de Araxá iniciou uma série de tratativas para atrair instituições internacionais de pesquisa.
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Foram programados R$ 40 milhões na construção de um parque tecnológico para incubadoras de empresas e universidades estrangeiras.
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Protocolos de intenção chegaram a ser assinados, segundo Alex Ribeiro, assessor especial para assuntos internacionais da prefeitura. O projeto, no entanto, só será continuado após as eleições de outubro.
Fonte: Portos e Navios
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