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Vale projeta 80% de autossuficiência energética no Brasil em 2020

20 de julho de 2012

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João Coral, diretor de energia, fala ao iG sobre projetos em biomassa, eólica e solar. Ofensiva passa por termelétrica na África e meta é elevar em 150% a autogeração global

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Vilã da composição de custo do minério da Vale, a energia é uma das principais preocupações da mineradora. Somente nos últimos cinco anos, o peso energético no custo dos produtos vendidos (CPV) foi de R$ 26,65 bilhões – sendo R$ 9,52 bilhões em eletricidade. Energia é em média de 3% a 5% do preço final do minério entregue pela Vale. A empresa consome 1,2 mil megawatts-médios por ano. O suficiente para abastecer 4,38 milhões residências com 200 megawatts-hora mensais por 12 meses ou, conforme comparativo da Andrade&Canellas Consultoria, cerca de 70% dos 6 milhões de domicílios da Grande São Paulo.

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A autogeração é pequena perto da demanda. Apenas 45% da energia são gerados pela mineradora, apesar do aporte na área ter crescido quase 500% em cinco anos, saltando de US$ 165 milhões, em 2007, para US$ 820 milhões, em 2011. A Vale opera ou participa de nove usinas e quatro pequenas centrais hidrelétricas.

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A deficiência no autofornecimento está levando a companhia a estudar o uso da biomassa para geração. A energia solar e a utilização do vapor como fontes energéticas estão na lista das novas tecnologias a serem adotadas para atingir uma meta ousada: 80% de autossuficiência no Brasil até 2020. “A nossa previsão de crescimento orgânico é grande. Considerando projetos que temos, caso não haja aumento no consumo, queremos chegar a 80% [de autogeração] do nosso consumo”, diz afirma ao iG o diretor global de energia, João Coral.

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As opções entram na pauta de estudos técnicos da mineradora, cujo desafio é acompanhar o crescimento da produção anual projetado para minérios como ferro (acréscimo de 125 milhões de toneladas), carvão (11 milhões), potássio (5,5 milhões), cobre (200 mil) e níquel (58 mil). Os investimentos nesse projetos podem atingir US$ 23,5 bilhões nos próximos anos. “Energia tem estar três ou quatro anos à frente de um investimento [em produção]”, afirma o executivo. “Com os projetos [em andamento], vamos continuar precisando ter energia contratada bilateralmente”, observa.

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Somente a instalação da mina de ferro S11D, no Pará, irá elevar em 87 MW-médio o consumo até 2020, quando deve produzir 90 milhões de toneladas por ano. O reforço na oferta própria para atender o projeto virá da Hidrelétrica de Belo Monte, após aporte de R$ 2,3 bilhões para ficar com 9% do consórcio que constrói a usina. Belo Monte colocará 435 MW na rede da Vale, atendendo projetos de níquel e ferro na região Norte.

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O gráfico abaixo mostra quanto a energia pesou no CPV dos últimos cinco ano em bilhões de reais, oscilando entre R$ 4,927 bilhões, em 2007, e R$ 5,514 bilhões, em 20011.

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Meta global: 150% mais energia

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Paraense de Bélem, aos 52 anos, Coral assumiu o desafio de equilibrar a área de energia da Vale há quase um ano, quando voltou à mineradora após uma temporada na Camargo Corrêa. O engenheiro elétrico havia trabalhado por 15 no antigo braço de alumínio da empresa, a Albrás, em Barcarena (PA), entre 1984 e 2000.

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Na virada do milênio, migrou para a área de desenvolvimento de negócios, o que o levou a viajar pelo mundo para desenhar projetos de carvão, siderurgia, alumínio e energia. A experiência de três anos o credenciou para o posto de diretor de projetos de níquel no Brasil e, posteriormente, para a presidência Mineração Onça Puma – ex-divisão de níquel no Norte do país.

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Em 2009, Coral saiu da Vale para comandar a área global de energia da Camargo Corrêa. Voltou a viajar em busca de oportunidades para empreiteira até agosto de 2011, quando o presidente da Vale, Murilo Ferreira, repatriou o engenheiro para uma missão específica: suprir a demanda por energia, incluindo a ampliação da autogeração energética em 150% até 2020 na África, América Latina, Oceania e Oriente Médio.

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Biomassa e solar

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A mineradora pretende reduzir em 5% milhões de gases causadores do aquecimento global, como o gás carbônico – o CO2 vilão da camada de estufa que protege a terra dos raios solares. A redução pode representar 1,7 milhão de toneladas de CO2.

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O primeiro passo foi iniciar uma plantação de palma em Moju, no Pará, onde irá extrair óleo de dendê para produzir biodiesel para uso de locomotivas e caminhões. O projeto também é um importante redutor de custos. A Vale irá deixar de comprar 20% do diesel que utiliza hoje.

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O passo seguinte será reutilizar o bagaço da palma para gerar 11 MW de eletricidade. A equipe de energia da companhia, formada por 190 profissionais no globo desenha o modelo a ser implantado.

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A investida deverá ser a primeira de uma série sobre biomassa. “Estamos trabalhando fortemente para viabilizar algumas iniciativas e projetos de biomassa no Brasil”, antecipa Coral.

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A Vale também começa a flertar com a energia solar para ampliar seu portfólio no futuro. “Temos um time que olha a questão solar, discutindo algumas alternativas de tecnologia. Podemos desenvolver mais à frente projetos pilotos em energia solar e outros [energéticos] como o hidrogênio”, afirma o executivo.

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“Tinha um time olhando eólica há quatro, cinco anos. Vínhamos aprendendo o negócio. A solar está desse mesmo jeito”, diz o diretor, em referência à parceria com a australiana Pacific Hydro para construir parque eólico de R$ 650 milhões no Rio Grande do Norte.

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O modelo para projetos futuros deve seguir o praticado com a Hydro. Segundo Coral, a parceria prevê 50% de participação para cada sócio na empresa que será criada para administrar o parque eólico. “A linha é sempre buscar parceiros estratégicos para desenvolver projetos”, afirma.

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As inovações compõem parte dos investimentos energéticos executados pela mineradora – como mostra o gráfico abaixo. A previsão para 2012 é aplicar de 3,6% dos US$ 21 bilhões de investimentos globais, podendo atingir US$ 756 milhões. “A tendência é termos um investimento sempre maior, dependendo do crescimento orgânico da Vale”, indica.

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Termelétricas na África

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A mina de carvão de Moatize, em Tete, província de Moçambique, pode receber uma termelétrica a base de carvão para atender a demanda da mina da mina de Moatize. A unidade consome 32 MW por ano, contratados de fornecedores locais. Em 2020, serão 137 MW-médios anuais – alta puxada pelo aumento da produção de carvão em 11 milhões de toneladas de carvão metalúrgico (usado na produção de aço) e térmico (energético), após um aporte de US$ 2 bilhões.

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A oferta própria do insumo usado em fornos termelétricos justifica a opção pelo uso do carvão, apesar da meta de redução de CO2, tendo em vista a segurança energética do projeto moçambicano. “As opções energéticas e a vocação da África é o carvão. O continente tem um problema gigantesco de energia e estamos estudando projetos para lá”, diz Coral.

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Contrato na Argentina

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A nacionalização da petrolífera YPF pelo governo Cristina Kirchner na Argentina tirou o sono da diretoria da Vale no primeiro momento. Agora, a mineradora diz confiar no sócio para explorar bloco de gás natural vital para abastecer de energia a extrassão do potássio de Néuquem, no norte do vizinho sul-americano.

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O contrato com a YPF prevê 50% da produção de gás para a Vale, na quantidade suficiente para atender 100% da demanda da mina do insumo usado na produção de fertilizantes. “Temos uma cláusula que prevê que caso nosso consumo ou a produção da nossa concessão [50%] seja menor que a demanda, temos o direito de preferência pela parte da YPF”, afirma.

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As empresas discutem neste momento o preço que será pago pelo excedente demando pela Vale. O debate central é se será um preço pré-definido agora, antes da conclusão da pesquisa de exploração para medir o tamanho da reserva, ou se valerá o valor de mercado da época com algum desconto. “O preço está sendo discutido no acordo de concessão”, diz o diretor.

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O que ainda não está confirmado é a tecnologia necessária para abastecer a demanda prevista de 57 megawatts-médio para o projeto Rio Colorado em 2015 e a ampliação para 79 MWmédio a partir de 2020.

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Vapor elétrico

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A incerteza do modelo energético para Argentina pode fazer a solução desenhada para a mina de potássio de Carnalita, em Sergipe, cruzar a fronteira.

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O gás natural será injetado no solo sergipano para facilitar a retirada do mineral. O processo feito gerando vapor, que será reutilizado para produzir eletricidade. “A tendência é não termos impacto em energia elétrica [com o projeto], porque vamos produzir lá”, diz João Coral.

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Fonte: iG

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