A Vale realiza neste ano um teste futurista em uma de suas minas de minério de ferro em Minas Gerais. Uma equipe de funcionários vai comandar caminhões, carregadeiras e perfuratrizes à distância, por controle remoto.
A Vale realiza neste ano um teste futurista em uma de suas minas de minério de ferro em Minas Gerais. Uma equipe de funcionários vai comandar caminhões, carregadeiras e perfuratrizes à distância, por controle remoto. É a primeira vez que a empresa terá – ainda que de maneira experimental – o que chama de mina integrada autônoma. O plano é adotar, em algum momento, esse modelo em locais de difícil acesso ou que expõem o trabalhador a muitos riscos.
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A Vale não está sozinha. Outras grandes mineradoras estão investindo milhões e milhões de dólares em processos semelhantes ou ainda mais avançados. Não só a segurança dos trabalhadores, mas também a expectativa de enormes ganhos de produtividade explicam o interesse pela renovação tecnológica.
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O teste da Vale será feito numa parte de uma mina que funciona da maneira convencional, com motoristas e operadores sentados ao volante de suas máquinas. Luiz Mello, diretor do Instituto de Tecnologia da Vale, não revela qual mina foi escolhida para o primeiro experimento. Em Minas, a empresa tem mais de 25 minas em atividade. O investimento no projeto também é mantido em segredo. Mello diz apenas que o orçamento aprovado é de dezenas de milhões de dólares. “Estamos fazendo os contatos com os fornecedores e os testes começam este ano. Os equipamentos que vamos empregar já existem. Estamos em processo de compra”, disse ele ao Valor.
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O executivo diz que o primeiro ganho que a empresa espera ter com os testes de automação é com a segurança dos trabalhadores. Como os equipamentos usados na operação de uma mina são sempre pesados de grandes proporções (caminhões, por exemplo, têm 250 toneladas), os trabalhadores estão constantemente expostos a riscos.
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Não é só isso. Muitas minas – e isso é quase uma regra para o setor – estão em locais inóspitos onde nem sempre é fácil recrutar trabalhadores dispostos a passar longas temporadas longe de casa em condições desfavoráveis. “Vários países, por exemplo, têm formas de malária violentas, casos de ebola, serpentes para as quais nem existe soro antiofídico”, diz Mello, citando alguns exemplos extremos de ambientes onde a sistemas automatizados seriam bem vindos.
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Em alguns países, o trabalho pesado numa mina já não atrai tanta gente. “Na Austrália, um operador de caminhão ganha US$ 150 mil por ano porque é um emprego que pouca gente quer”, diz. É claro que as leis de imigração australianas são bastante restritivas, o que evita um grande afluxo de estrangeiros disputando esse emprego. No Brasil, os salários estão ainda longe disso porque há uma oferta de mão-de-obra maior. “Mas e daqui a 50 anos, ou antes?”, questiona Mello, para justificar a necessidade de automação.
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Além da segurança, a expectativa em relação à automatização, diz Mello, é de aumento de produtividade e de uma diminuição no número de paradas para manutenção dos equipamentos.
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Os caminhões, perfuratrizes e escavadeiras que farão parte do experimento serão todos guiados funcionários que operarão seus controles remotos na própria mina. Mas no futuro, especula Mello, esses comandos poderão ser enviados de qualquer lugar – muito mais confortável do que uma mina.
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A Vale já tem alguma experiência com “joy-sticks”. Em abril de 2010, pôs para funcionar sistemas de controle remoto de máquinas no Terminal Portuário de Ponta da Madeira, no Maranhão, e no Complexo de Tubarão, no Espírito Santo. Dentro de uma mina, um sistema integrado de diversos equipamentos é inédito.
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A AngloGold Ashanti é outra das grandes mineradoras que também quer pôr máquinas para fazer trabalho pesado e perigoso. “Nosso foco atualmente é levar automação para o processo de extração do ouro que é ainda um processo baseado no trabalho humano. Nós gostaríamos de transformá-lo num trabalho baseado em máquinas”, diz Michael MacFarlane, vice-presidente para tecnologia e inovação da empresa.
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A empresa trabalha no desenvolvimento de um sistema de corte mecânico que substituiria as detonações com explosivos em minas subterrâneas – algumas delas a mais dois quilômetros de profundidade. A estimativa conservadora de MacFarlane é de um aumento da produtividade de cinco vezes com as máquinas “mineiras”.
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Stefano Angioletti, diretor global de mineração da empresa francesa Schneider Electric, diz que algumas minas já adotam não equipamentos guiados por controle remoto, mas que funcionam autonomamente – orientados por sensores, monitores e softwares que traçam seus movimentos.
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Todo esse avanço tende a ter um custo: empregos. “Haverá menos gente trabalhando fisicamente nas nossas minas”, prevê MacFarlane. Luiz Mello, da Vale, diz que a o perfil dos trabalhadores das mineradoras será outro no futuro. “Vamos ter de contratar mais gente que sabe operar sistemas de computação, equipamentos de controle remoto, rádio transmissão.” A empresa, por enquanto, continua contratando operadores e motoristas que trabalham com as mãos no volante.
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Fonte: Valor Econômico
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