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Venda de usina da Thyssen terá de passar por crivo da Vale

28 de setembro de 2012

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Quem vencer a disputa pelo controle da ThyssenKrupp CSA – Companhia Siderúrgica do Atlântico vai ter que sentar com a Vale para negociar direitos de veto que a empresa tem garantidos no acordo de acionista, por deter quase 30% da siderúrgica controlada pelo grupo alemão. Entre eles, destaca-se a cláusula que não permite a venda do controle da CSA a competidores da Vale em minério de ferro, sem que haja anuência da sócia brasileira. A parceira dos alemães tem um contrato de exclusividade de fornecimento anual de 8,5 milhões de toneladas de minério de ferro até 2024 para a usina, localizada em Santa Cruz, no Rio.

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Entre os direitos relevantes no acordo selado entre os sócios, e sobre os quais a Vale pode usar ou não o poder de veto, se destaca o de impedir o negócio, pois a existência da cláusula de ” lock in period” (bloqueio) proíbe os sócios da CSA de venderem suas ações até setembro de 2013. “Se a Vale não der um waiver neste impedimento, os alemães não podem vender o ativo”, avalia uma fonte próxima das negociações.

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A mineradora também detém direito de preferência na compra do controle da CSA. Para poder vender suas ações, a Thyssen tem que oferecê-las primeiro à Vale. Os direitos do terminal portuário do complexo siderúrgico instalado às margens da Baía de Sepetiba também pertencem à mineradora. Se o futuro controlador quiser expandir o porto, vai precisar de consultar a sócia.

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Outro imbróglio é com o BNDES. O banco tem que opinar sobre o novo controlador por ser credor de R$ 2,4 bilhões da ThyssenKrupp. Desse valor, a quase totalidade já foi desembolsada, conforme apuração do Valor. O primeiro empréstimo do banco para a CSA foi de R$ 1,487 bilhão, contratado em 2007. O segundo, de R$ 920 milhões, saiu em junho de 2010.

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Para transferir esse débito ao escolhido em adquirir a CSA, o grupo alemão tem que contar com a aprovação do BNDES, com o qual firmou um contrato de financiamento. Se o banco não aceitar a troca, o antigo controlador da CSA terá que antecipar a quitação do empréstimo.

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O Valor apurou que a Vale não tem intenção de vetar a operação de venda da CSA. Também não tem interesse em adquirir 100% da siderúrgica. Mas não quer sair do negócio e está de olho no futuro parceiro. A Vale quer um sócio que faça a empresa crescer. “Quem vai escolher a noiva é a Vale”, comentam pessoas próximas aos sócios da CSA. A Vale, segundo rumores do mercado, teme que sua participação na siderúrgica seja desvalorizada por avaliar que seus sócio alemão escolheu uma ” hora errada” para vender a usina, em pleno “ciclo de urso” da indústria do aço.

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Desde que selou sociedade com os germânicos, ainda na gestão de Roger Agnelli, a Vale já colocou US$ 2 bilhões na empresa. Inicialmente, acertou participação de 10% e depois ampliou em mais 17% durante a crise de 2008/2009, num socorro financeiro à Thyssen, para garantir o término do empreendimento. Ao todo, detém pouco mais de 27%, quase um terço da companhia.

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Procurada, a Vale não quis se pronunciar sobre o assunto.

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Hoje, tem início o processo de venda da CSA com apresentação das ofertas “não vinculantes” pelos grupos interessados na disputa. O nome dos ofertantes será conhecido a partir das 10 horas, horário do Brasil, quando se encerra o prazo para as propostas. A partir daí, serão escolhidas as melhores ofertas para, num segundo round, ser conhecido o nome do vitorioso.

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O ativo da CSA é avaliado por analistas entre US$ 2 bilhões e US$ 4 bilhões, correspondentes a 100% das ações. Quase uma dezena de grupos siderúrgicos visitou o data room da CSA, no Rio. Os nomes de potenciais compradores são os da brasileira CSN, das japonesas Nippon Steel e JFE, das chinesas Baosteel e Hebei, da ítalo argentina Ternium e da europeia ArcelorMittal. Uma fonte da Ternium negou a participação da empresa.

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A CSA foi o maior investimento já feito pelo grupo alemão no mundo. O custo final do projeto ficou em US$ 8 bilhões. O valor foi revisto várias vezes dadas as circunstâncias negativas que cercaram a construção que começou em 2004/2005. A inauguração foi em junho de 2010, na presença do presidente Lula. Planejada com processo integrado de produção de aço, com dois alto-fornos, coqueria, térmica de cogeração e terminal portuário, a CSA teve muitos problemas. Em 2005 e 2006 o mercado de máquinas e equipamentos para a indústria do aço ficou com oferta apertada pelo excesso de projetos no mundo, encarecendo os custos do projeto. Faltava até bate estaca.

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Além disso, os alemães foram criticados por contratar a chinesa Citic para construir a coqueria e trazer trabalhadores chineses para o Brasil. A valorização do real e a crise financeira de 2008 – que erodiu o caixa do grupo Thyssen – levaram o valor do projeto às alturas. A morte de um dos seus inúmeros CEOs, o alemão Erich Heine, no acidente do voo 447 da Air France, que caiu no mar na rota Rio/Paris em 2009, traumatizou a CSA.

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Uma catástrofe ambiental se abateu sobre a empresa com a entrada em operação do primeiro alto forno. A falha técnica atingiu uma das instalações, causando emissão de partículas químicas que caíram como “chuva de prata” sobre as comunidades no entorno da usina. O fato, depois de muitos protestos dos moradores, levou a multas e à assinatura de um TAC entre a CSA e o órgão ambiental fluminense, que exigiu reformas na operação do projeto de US$ 100 milhões.

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A CSA, hoje, opera 20% abaixo da plena capacidade de 5 milhões de toneladas dado a fraqueza do mercado de aço. Produz e exporta 4 milhões de toneladas de placas. NO ano passado, a empresa teve prejuízo de quase R$ 8 bilhões.

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O desfecho para o processo de venda da usina é esperado para o final do ano. No Rio, a campanha “Pare a TKCSA” tenta impedir a venda. A acusa a CSA de várias irregularidades socioambientais.

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Fonte: Valor Econômico

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