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Como era de se esperar, o estabelecimento de metas para o alcance da sustentabilidade, tema central da Rio+20, não seria tarefa fácil. Todos concordam com a necessidade de o mundo começar logo a transição para a economia verde — um dos temas-chave da conferência —, menos consumidora de energia, menos geradora de gases do efeito estufa, não desmatadora, não escravagista, mais inclusiva e menos concentradora de capital e rendas. Mas a concordância termina quando se trata de definir em detalhes o que vem a ser a economia verde, o que o mundo concorda em fazer e em que prazo pretende alcançá-la.
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Parece haver consenso quanto à inviabilidade de se manter o atual ritmo de apropriação dos recursos naturais, renováveis ou não. Afinal, qualquer ser de mediano bom senso percebe que o esgotamento desses recursos e as consequências da deterioração das condições ambientais não vão afetar apenas seus autores, mas a todos que habitam o planeta. O problema é comprometer todo mundo com ações simultâneas e distribuí-las na razão direta da responsabilidade de cada país pelos estragos já feitos e na proporção do potencial de cada um para gerar mais problemas.
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Para começar, que papel cabe aos países ricos? E aos emergentes e mais pobres? Quanto cada economia deverá mudar, abrindo mão de processos consolidados de produção em troca de outros mais adequados à sustentabilidade do planeta? Bom exemplo dessa dificuldade pode ser retirado da indústria automotiva. Nem é preciso tomar toda a sua vasta cadeia produtiva, basta pegar um de seus itens mais pesados, o aço. Não se faz aço sem mineração e sem a fundição em altas temperaturas. Isso demanda energia, a maior parte vinda dos carvões mineral e vegetal, da eletricidade e do gás. E ainda nem chegamos ao carro funcionando e consumindo combustível fóssil ou, no futuro, eletricidade. Quem investirá na produção do aço verde, se não houver a certeza de que os concorrentes não vão manter o processo antigo enquanto ele for menos oneroso?
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É verdade que a discussão do problema já é um grande avanço em relação ao passado recente, quando nem se tocava no assunto. Mas, como sempre, o discurso é muito mais fácil do que a ação. O que resta, então, é compreender que, com ou sem um acordo detalhado na Rio+20, o Brasil e os países que forem capazes podem e devem continuar avançando. Há políticas públicas a serem implantadas, decisões corporativas que podem ser tomadas e atitudes individuais que cabem ao cidadão.
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O governo tem aberto mão de tributos para estimular a produção de automóveis. É hora de condicionar isso a passos no rumo da economia verde, mediante o compromisso de produzir carros menos poluentes. Para ficar ainda no automóvel, o governo deve uma ação mais consistente no estímulo ao investimento em etanol, para evitar que vá para o lixo a tecnologia brasileira dos motores flex, em vez de continuar subsidiando o preço do combustível fóssil. E ao motorista e aos passageiros é inadiável ensinar que atirar embalagens e guimbas de cigarro pela janela não é apenas incivilizado, mas ecologicamente criminoso.
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Fonte: Clipping do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
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