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Artigo: A economia e as expectativas

6 de fevereiro de 2013

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Adam Smith chamou de mão invisível, Marx por sua vez, de mais valia, e para Keynes era o espírito animal. Embora caibam diversas discussões sobre essas definições, o objetivo na realidade era apenas um: justificar que o empresário por si só é um sujeito que pretende ganhar dinheiro, obter lucro nas suas operações. Porém, tal sentimento, ao que parece, traz certo incômodo a determinados segmentos da sociedade devido a questões de ordem política, partidária ou religiosa, o que seja, que vê a acumulação de capital como algo pecaminoso.

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Independentemente dessa problemática, é fato que para um país se desenvolver, progredir, esse ator, o empresário, passa a ter um papel crucial. Entretanto, levar esse sujeito a uma decisão de aumentar ou não a sua produção, depende de várias nuances, algumas delas factíveis, outras não.

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A crise na Europa e nos EUA continua a surtir seus efeitos nos mercados globais, onde o Brasil se encontra enquadrado e a curto e médio prazos as perspectivas de melhora continuam ínfimas.

Naturalmente a economia é dinâmica e uma mudança de estado de espírito motivada por decisões soberanas dos países envolvidos pode restaurar um alívio no mercado, mas, de qualquer modo, isso ainda demoraria a surtir seus efeitos na economia global.

Obviamente, as análises do cenário interno e externo das economias envolvidas tornam-se primordiais para qualquer decisão do empresário quanto aos seus investimentos. Contudo, entre tantas determinantes a analisar, em um cenário conturbado, como o atual, é salutar destacar uma variável especificamente: a expectativa, ou seja, algo que se espera que aconteça. Baseado nisso o empresário muitas vezes deixa-se levar por um otimismo frenético, bem como por um pessimismo abissal, ou então pelo que aparentemente ocorre hoje na economia, uma inércia completa, como se todos estivessem esperando ver para acontecer.

Como já dito, a economia externa não propicia mudanças substanciais no seu comportamento. Por sua vez, a economia interna, como sempre, deixa a desejar. Muitas juras e poucas ações. Assim, surge a questão: como mudar a expectativa empresarial pelo que está por vir? Anúncios de crescimento do PIB de 3% a 3,5% já estão na ordem do dia, propagados aos quatro ventos. Isso de alguma forma possibilita que se crie uma expectativa de melhora no quadro geral. Embora em 2012 o crescimento tenha sido irrisório, tal informação não deixa de ser um alento na busca por uma melhoria na economia brasileira, pois já que se estima um crescimento, significa dizer que, a princípio, a atividade econômica tomará novos impulsos que serão válidos para promover novos investimentos, de modo que a economia voltará a girar de uma maneira mais constante.

Mas apenas anunciar boas notícias não é suficiente; medidas no âmbito interno devem ser promovidas, a começar pela eliminação de ingerências do governo no mercado, com medidas unilaterais. Não que medidas não possam ser tomadas, mas o diálogo com os investidores, a transparência no que se procura alcançar, o respeito aos contratos, mais do que nunca devem ser respeitados e mantidos. As não adequações desses fatores nas relações comerciais acabam por espantar os investidores devido a uma possível falta de comprometimento, de modo que, muitas vezes, toda a credibilidade alcançada se perde em pouco tempo.

É de fundamental importância, no momento atual, criar expectativas. Contudo, elas precisam ser favoráveis, para justamente transmitir ao mercado a credibilidade necessária para estimular o empresário a investir. E não o contrário, como vem ocorrendo, trazendo com isso uma insegurança nos negócios. Promessas, discursos, embora tragam certo estímulo, ainda não são suficientes, de fato, para despertar o instinto empresarial dos investidores. Mais do que nunca é preciso ações factuais que levem a uma efetiva tomada de decisão quanto aos investimentos. Pois caso a retórica prevaleça, com certeza o empresário demorará um pouco mais para fazer que as coisas aconteçam. E a sociedade arcará com essa indefinição.

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* Eduardo Amat Silva é economista e professor da Faculdade Novos Horizontes

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Fonte: Estado de Minas/Opinião

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