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Entrevista Fernando Zancan: Carvão Mineral gera mais de 5 mil empregos diretos no Brasil

22 de junho de 2017

A Indústria do Carvão Mineral no Brasil possui atualmente 14 empresas em operação e emprega, diretamente, mais de cinco mil pessoas.

Nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, a cadeia Termelétrica gera em torno de 53 mil empregos e movimenta cerca de R$ 12 bilhões por ano. O Presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), Fernando Zancan, conversou com o Portal da Mineração e mostrou um pouco dessa área tão importante para a mineração brasileira.

Confira a entrevista completa:

Qual é o cenário atual na Indústria do Carvão Mineral no Brasil?

Atualmente a indústria do Carvão Mineral é de extrema importância para a Região Sul do País. Existem dez empresas em operação em Santa Catarina, uma no Paraná e três no Rio Grande do Sul.

No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina o recolhimento de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) gira em torno de 36%. Além disso, o Carvão Mineral envolve, na cadeia produtiva de mineração em Santa Catarina, o transporte ferroviário – existe, por exemplo, uma ferrovia específica para o transporte de carvão para o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda.

Qual a sua perspectiva para o setor para os próximos anos? Considerando que a segurança energética do Brasil está ligada às térmicas, quais os principais projetos em desenvolvimento?

A expansão do setor de carvão mineral depende, basicamente, do mercado de energia elétrica. Esse mercado, nesse momento, está em retração. Uma mina da Copelmi Mineração será aberta em 2018 para abastecer uma usina que começará a operar em 2019. Para os próximos três anos, no entanto, não existe nenhum projeto novo de carvão e, com isso, não temos expectativa de crescimento para os anos de 2020, 2021 e 2022. Temos capacidade, no entanto, de aumentar a produção no parque existente, em função das questões hidrológicas – se deixar de chover, as térmicas serão mais requisitadas.

Mas, se não criarmos um programa de modernização para os próximos dois anos, teremos plantas sendo desativadas por questões econômicas, por exemplo. Apresentamos uma proposta Governo, já que existem muitas plantas de térmicas de carvão que precisam ser modernizadas.

Em relação às novas tecnologias, dentro do programa de modernização que estamos propondo há uma grande discussão em relação aos tipos de tecnologia que devem ser utilizados. A ideia é que façamos plantas mais eficientes para que, emitindo a mesma quantidade de gás carbônico (CO2), sejam gerados mais Megawats. O mundo inteiro está buscando essa modernização, desativando plantas antigas e ineficientes e construindo minas novas. Nesse sentido, estamos investindo em um projeto junto ao Departamento de Energia dos Estados Unidos que visa o desenvolvimento de uma tecnologia de laboratório para a captura de gás carbônico.

Como surgiu a Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina – SATC? Qual é o retorno recebido pela sociedade por conta do desenvolvimento desse tipo de projeto?

Começamos em 2007/2008 a montar o Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL). Por termos acesso a recursos provenientes da CFEM, conseguimos obter também recursos federais. A escola atende hoje aproximadamente 7,7 mil alunos em mais de 55 hectares de área total. Oferecemos Ensino Infantil, Fundamental, Médio, 19 cursos técnicos, Formação Continuada Profissionalizante, 11 cursos superiores e nove de pós-graduação. O prédio da escola é eficiente e foi pensado com a utilização de tecnologias de última geração.

O que percebemos é que o benefício para a sociedade de Criciúma é muito alto e temos a certeza que, se a CFEM arrecadada em cada Estado fosse transformada em pesquisa e desenvolvimento ou utilizada para agregar valor ao minério, o recurso estaria sendo muito bem aplicado.

Estimamos que, a cada R$ 1,00 investido, o “retorno” para a sociedade é de R$ 4,00. No caso específico do Carvão Mineral, sabemos que esses recursos são muito bem aplicados e, com esse tipo de investimento, alavancamos produtos e processos, além de agregarmos mais valor ao bem mineral.

Quais os principais desafios e obstáculos enfrentados pelo setor produtivo brasileiro?

Acredito que o desafio principal é definir a questão do Marco Regulatório da Mineração. Definir quais são as regras. O investidor quer e precisa ter regras claras e estáveis. Nossos empreendimentos são de longa duração e precisamos de segurança de investimento. Em relação ao licenciamento ambiental, nosso objetivo é que ele seja tratado de forma técnica e que tramite de forma rápida e com segurança jurídica.

Além disso, precisamos mostrar para a sociedade que a mineração é uma das mais antigas atividades do planeta, assim como a agricultura e que, sem ela não vamos a lugar algum. Precisamos de bens minerais para tudo. Portanto, é necessário valorizar a atividade.

Como a indústria do carvão brasileira é muito pequena hoje, outro desafio é criar uma nova política industrial. O primeiro ponto dessa política é, sem dúvida, a modernização – modernizar para preparar o parque para uma futura expansão. É fato que o País precisará utilizar térmicas em seu sistema energético porque elas possuem um custo mais baixo e não estão sujeitas às variações das commodities internacionais, de câmbio e de preço.

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