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Mercado de terras-raras atinge equilíbrio e preços se acomodam

8 de agosto de 2012

Para enfrentar os solavancos do mercado de terras-raras no ano passado, a Fábrica Carioca de Catalisadores (FCC), que fornece catalisadores para as refinarias da Petrobras, traçou um plano estratégico. A empresa articul

Para enfrentar os solavancos do mercado de terras-raras no ano passado, a Fábrica Carioca de Catalisadores (FCC), que fornece catalisadores para as refinarias da Petrobras, traçou um plano estratégico. A empresa articulou esforços com seus clientes para diminuir o uso da matérias-prima mineral, além de renegociar os preços e investir em pesquisas. “A crise foi uma oportunidade para diminuirmos a dependência das terras-raras”, afirma Edson Kleiber de Castilho, diretor superintendente FCC.

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Essa estratégia, para encarar os picos dos preços das terras-raras no mercado internacional, que chegou às alturas em 2011, foi comum a 60 grandes empresas globais consumidoras dessa matéria-prima, segundo um estudo da consultoria alemã Roland Berger. E é justamente esse movimento um dos fatores que tem aliviado o mercado. Agora, a oferta e os preços das terras-raras já não estão em situação tão crítica.

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No ano passado, os preços do conjunto de 17 elementos que formam as terras-raras usados para a produção de diversos produtos modernos – de ímãs, fibras ópticas, celulares, carros elétricos, baterias de alta performance a geradores de energia eólica – alcançaram pico que assustaram a maioria da empresas dependentes desses insumos. O preço cobrado por alguns elementos chegou a ser multiplicado por 25. Isso porque a China, que detém 90% da oferta global, forçou a alta com restrição das exportações. O desequilíbrio do mercado foi potencializado pelo crescimento do consumo puxado por programas de inovações nas empresas consumidoras.

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O estudo – realizado com 60 companhias dos setores automobilístico, de energia eólica, químico, de tecnologia, entre outros – revela algumas estratégias mais utilizadas pelas consumidoras de terras-raras para se defenderem do mau momento do mercado. Cerca de 91% das pesquisadas tentaram assegurar o fornecimento das matérias-primas em preços competitivos, por meio de ações como renegociação e desenvolvimento de novos fornecedores, além de hedge físico.

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A segunda estratégia mais utilizada pelas companhias foi a redução do uso das matérias-primas, com maior eficiência de produção, e de substituição de materiais. Das pesquisadas, 84% afirmaram ter adotado essa medida. A FCC, por exemplo, reviu seus processos de produção para diminuir o consumo de óxido de lantânio, um de seus principais insumos.

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A empresa – formada pela união entre a Petrobras (detentora de 50% do capital da FCC) e a americana Albermale Corporation – é a única fabricante no Brasil de catalisadores para o craqueamento do petróleo nas refinarias. Com faturamento de R$ 320 milhões e uma capacidade de produção de 45 mil toneladas de catalisadores por ano, cerca de 90% de sua produção vai para as refinarias da Petrobras.

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A solução encontrada pela FCC diante da crise de fornecimento de terras-raras foi se unir às refinarias da Petrobras e testar a atividade das unidades de craqueamento com catalisadores de menores teores. “Fomos testando junto com as refinarias qual era o limite mínimo de utilização do insumo, sem diminuir a qualidade”, explicou Castilho. Assim, a companhia conseguiu reduzir em 20% o consumo do lantânio que era utilizado na formulação das refinarias.

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Além disso, a FCC investiu em pesquisas para a substituição do óxido de lantânio e tentou repassar os preços para seus clientes. “Mas nem sempre isso foi possível. Os consumidores aceitaram uma parte desse repasse”, afirmou o executivo. Cerca de 70% das empresas pesquisadas fizeram como a FCC e adaptaram os contratos. A Philips, segundo o estudo, é outro exemplo. A empresa realizou em outubro de 2011 uma excepcional elevação nos preços de suas lâmpadas eficientes no consumo de energia.

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Também foi muito utilizada pelas grandes empresas a estratégia de melhorar o posicionamento geográfico. Algumas realocaram suas unidades na China ou fizeram parcerias para estarem próximas do fornecimento das matérias-primas. Em julho do ano passado, a Siemens, por exemplo, firmou com a australiana Lynas a formação de joint venture para a produção de magnetos baseados em neodímio (um dos elementos de terras-raras), utilizados para a área de geração eólica. Segundo o acordo, a Lynas vai fornecer os insumos, por meio de contratos de longo prazo.

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“Muitas tecnologias de ponta só se viabilizam com a utilização massiva de terras-raras. As empresas formaram verdadeiras forças táticas para administrar os efeitos do aumento dos preços desses insumos”, explica Thomas Kunze, consultor da Roland Berger, especialista em mineração.

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E foi justamente o conjunto das ações das grandes consumidoras que trouxe um pouco de alívio para o mercado. As empresas passaram a consumir em menor quantidade ou de modo mais eficiente as terras-raras. Ao mesmo tempo, os altos preços estimularam a entrada de companhias nesse mercado, o que elevou a oferta. A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), por exemplo, anunciou em maio que começou a produzir concentrados refinados de terras-raras em sua fábrica em Araxá (MG). A fábrica-piloto, que já está em operação, tem capacidade para produzir 1.000 toneladas de concentrados por ano, mas poderá chegar a 3 mil.

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A China, por sua vez, respondeu positivamente às críticas da União Europeia, EUA e Japão, que no início do ano deflagraram uma disputa na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o país, acusando o governo chinês de restringir as exportações das terras-raras. “Depois disso, houve um afrouxamento das políticas abusivas chinesas”, afirma Kunze.

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Todos esses fatores mudaram o cenário do mercado de terras-raras. Segundo a FCC, o preço do óxido de lantânio, por exemplo, que em 2008 estava no patamar dos US$ 5 mil a tonelada, em 2011 chegou a US$ 150 mil a tonelada, sendo que hoje está na faixa dos US$ 20 mil a tonelada. “Sem dúvidas as pressões diminuíram”, diz Castilho.

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O estudo da alemã Roland Berger mostra que realmente o clima melhorou: enquanto no ano passado 58% das empresas classificavam a situação de preços e oferta das matérias-primas como muito crítica, atualmente apenas 25% delas classificam desta maneira. “A demanda por terras-raras vai crescer entre 5% e 10% ao ano, para US$ 10 bilhões [mercado global desses minerais] em 2020”, projeta Kunze. Hoje, a demanda mundial é de 140 mil toneladas, um mercado de US$ 5 bilhões.

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Fonte: Valor Econômico

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