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13 de junho de 2014

A Suzano Papel e Celulose inaugurou em março uma das mais modernas fábricas de celulose do mundo em Imperatriz, no Maranhão. Resultado de um investimento de US$ 3 bilhões, a nova planta tem capacidade para produzir 1,5 mil

A Suzano Papel e Celulose inaugurou em março uma das mais modernas fábricas de celulose do mundo em Imperatriz, no Maranhão. Resultado de um investimento de US$ 3 bilhões, a nova planta tem capacidade para produzir 1,5 milhão de toneladas/ano, destinadas ao mercado externo, e vai oferecer 3.500 empregos diretos e 15 mil indiretos.

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A exemplo do que fizeram centenas de empresas nos últimos anos, a Suzano se instalou no Nordeste para aproveitar as oportunidades oferecidas pela região e pegar carona em uma onda de crescimento superior à média nacional. De 2003 a 2013, a economia nordestina registrou avanço médio de 4,1% ao ano, enquanto a marca brasileira ficou na casa dos 3,3% ao ano, segundo o Banco Central. A participação da região no Produto Interno Bruto (PIB) do país passou de 13%, em 2002, para 13,8% no ano passado.

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“Com a exportação da celulose pelo Porto de Itaqui, ganhamos de três a quatro dias de frete marítimo, um grande diferencial para quem exporta prioritariamente para os Estados Unidos e a Europa”, diz Ernesto Pousada, diretor executivo de operações da Suzano. Os 600 quilômetros que separam Imperatriz do porto são percorridos por trem. “O Maranhão soma R$ 116,57 bilhões em investimentos, entre os que já estão em operação ou em diferentes estágios de implantação”, diz Maurício Macedo, secretário do Desenvolvimento, Indústria e Comércio do Estado.

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Números bilionários estão em toda a região. Nos últimos sete anos, cerca de cem empresas se instalaram em Alagoas, onde aplicaram R$ 7 bilhões e criaram 10 mil empregos diretos. Na Bahia, dados da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração dão conta de investimentos de R$ 70,5 bilhões, dos quais R$ 49,7 bilhões estão em fase de implantação e podem gerar 114 mil empregos diretos. Em Pernambuco, foram aprovados 741 projetos desde 2007, responsáveis por aplicações de R$ 18,6 bilhões e criação de 70 mil empregos. Até 2015, mais US$ 50 bilhões serão investidos no Complexo Portuário de Suape (PE), em Camaçari (BA), no Porto de Pecém (CE) e em Goiana (PE), como mostra levantamento da Plano CDE, empresa especializada em pesquisa e inovação, com foco nas classes C, D e E.

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Até o início deste século, o Nordeste era sinônimo de atraso e pobreza. Como se transformou, em tão pouco tempo? Algumas respostas estão no livro “Fatos Recentes do Desenvolvimento Regional do Brasil”, assinado por sete pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ainda no prelo. Nos anos 1990, enquanto o Brasil crescia a uma taxa média de 2,5% ao ano, o avanço do Nordeste era de 2,1%. Na década de 2000, a região passou a ter uma expansão de 4,4% ao ano, para uma média nacional de 3,6%.

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As políticas federais tiveram papel fundamental na mudança. Entre 2004 e 2010, o Bolsa Família irrigou com R$ 41 bilhões a economia nordestina. “Os fundos constitucionais colocaram mais R$ 50 bilhões e o Minha Casa Minha Vida construiu 336 mil unidades habitacionais, dinamizando o setor da construção civil”, diz Guilherme Resende, coordenador de estudos e políticas regionais, urbana e ambientais do Ipea e um dos autores do livro. Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que o valor atual de R$ 724 para o salário-mínimo significa um ganho real de 72,31% desde 2002. No Nordeste, 58,2% dos ocupados ganham até um mínimo.

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A política de atração de investimentos levou para a região um grande número de novos empreendimentos. “É preciso tratar os desiguais de forma desigual”, diz o secretário de Desenvolvimento Econômico do Ceará. A frase é repetida como um mantra por todos os representantes dos governos locais que defendem os benefícios fiscais para as empresas dispostas a se instalar na região.

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A oferta de crédito ajuda a sustentar os investimentos na região. O desembolso do BNDES evoluiu de R$ 3,7 bilhões em 2004 (7% do total), para R$ 18,6 bilhões em 2012 (13%). As contratações do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) passaram de R$ 2 bilhões em 2006 para R$ 23 bilhões em 2013. E os empréstimos concedidos pelo Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) pularam de R$ 1 bilhão para R$ 12,73 bilhões. “Hoje, 37% de todos os empregos formais criados no Nordeste são oriundos de projetos aprovados pelo banco”, diz Nelson Antônio de Souza, presidente do BNB. Para este ano, a meta do banco é aplicar R$ 25,15 bilhões e destinar R$ 13,7 bilhões ao FNE.

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Incentivos e crédito resultaram em diversificação econômica. Na área industrial, multiplicaram-se os investimentos em siderurgia (Ceará e Maranhão), estaleiros (Pernambuco, Maranhão, Alagoas e Bahia), refinarias (Pernambuco, Maranhão e Ceará), petroquímica (Pernambuco), setor automotivo (Pernambuco), farmoquímica (Pernambuco) e papel-celulose (Maranhão e Bahia).

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A população com carteira assinada passou de 4,3 milhões, em 2000, para 13,3 milhões em 2011. A renda per capita dos 10% mais pobres cresceu 120% entre 2001 e 2012. O aumento médio do PIB per capita foi de 3,12% entre 2000 e 2010, acima da média nacional de 2,2%. O PIB nordestino continua em expansão. Cresceu 2,5% em 2012 e 3,1% no ano passado, segundo o Escritório Técnico de Estudos Econômicos (Etene), ligado ao BNB, acima do PIB nacional, de 1% e 2,3%, respectivamente. “Foi um crescimento puxado pelas camadas mais pobres”, diz Resende, do Ipea.

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O Nordeste tem dois grandes desafios além de manter a economia em expansão: os gargalos logísticos e os indicadores sociais. O estudo Nordeste Competitivo, da consultoria Macrologística, listou 83 projetos prioritários, em nove eixos de integração regional, que exigirão R$ 25,8 bilhões para preparar a infraestrutura logística para as necessidades do parque produtivo em 2020. Os indicadores sociais, por sua vez, precisam avançar muito para ficarem perto das médias do país. “Enquanto no Brasil a classe média é a maioria, no Nordeste 80% da população ainda está nas classes C, D e E. Um terço da população moradora em favelas está na região”, diz Luciana Aguiar, sócia-diretora da Plano CDE.

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Fonte: Valor Econômico

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