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Posição estratégica

13 de junho de 2013

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13/06/2013

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Quando começou a atuar com o tema sustentabilidade no setor financeiro, Denise Hills, atual superintendente de sustentabilidade do Itaú, ouvia uma piada recorrente: que seu trabalho se resumia a um misto de abraçar árvore com perder dinheiro. Ao longo dos últimos dez anos, no entanto, as questões socioambientais deixaram de ser um tema periférico na agenda das grandes empresas e foram alçadas a uma posição mais estratégica, ligada a risco e oportunidade de negócios. Entre os principais bancos, por exemplo, sustentabilidade já norteia a política de crédito e começa a ser incorporada como variável na precificação de ações e outros ativos financeiros.

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“Há cinco anos, o tema quase não influenciava as decisões em relação a investimento. Hoje é consenso que as questões ambientais impactam o resultado financeiro, seja no curto ou no longo prazo”, afirmou Denise no painel “Como mensurar os impactos das políticas de sustentabilidade” no seminário “Sustentabilidade: do Brasil de 2013 para o Brasil de 2050”, promovido pelo Valor e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).

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A executiva explica que, no caso da política de concessão de crédito, o tema está presente tanto nos questionários submetidos às empresas quanto em vistorias em grandes empreendimentos. “É preciso analisar essas questões, pois como vamos financiar um empreendimento que esteja sendo construído em uma área contaminada, ou que invada uma área de preservação ambiental? Todas essas questões impactam a recuperação do crédito no médio prazo”, disse Denise.

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Apesar dos avanços, ainda há um caminho a percorrer para o mercado colocar o resultado socioambiental em pé de igualdade com o resultado financeiro. “O mercado financeiro só olha o lucro, não a forma como ele foi obtido. Nesse sentido, o mercado ainda está no passado. É preciso olhar não só o resultado, mas como a empresa está entregando esse resultado”, afirma Marise Barroso, presidente da Masisa Brasil, empresa que produz painéis de madeira para arquitetura e construção.

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Para mostrar ao mercado que sustentabilidade é um tema importante para a agenda dos negócios, o caminho escolhido pelas empresas tem sido o de investir em ferramentas de mensuração dos impactos das políticas de sustentabilidade. No caso da Masisa, uma das principais questões é mostrar para consumidores e investidores que a matéria-prima utilizada na fabricação dos painéis de madeira é de origem plantada e certificada com o selo verde FSC. A empresa também adota os padrões de sustentabilidade do Global Reporting Initiative (GRI) não só para a elaboração de relatórios corporativos, mas como ferramenta de gestão socioambiental. Uma das conquistas dos últimos anos foi alcançar o objetivo de utilizar 84% de energias de fontes renováveis em suas plantas industriais. “Nossa próxima meta é zerar o consumo de energia fóssil nas fábricas”, diz Barroso.

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Não faltam ferramentas para alavancar a gestão socioambiental nas empresas. Se antes havia à disposição das empresas apenas os sistemas de gestão qualidade, como a série ISO, atualmente há certificações e sistemas voluntários para todos os gostos. Um dos exemplos bem sucedidos é o sistema GHG Protocol, que tem a proposta de medir e reportar as emissões de gases de efeito estufa nas empresas. A metodologia internacional foi trazida ao Brasil em 2008, fruto de uma parceria entre a Fundação Getúlio Vargas, a ONG World Resources Institute (WRI) o CEBDS e o Ministério do Meio Ambiente e hoje é utilizada por 100 empresas, como Braskem, Alcoa, AmBev, Natura e Whirlpool. Tornou-se a principal ferramenta para as empresas mapearem suas emissões de carbono, o que ajuda na tomada de decisão rumo a fontes mais limpas, por exemplo.

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“A adesão ao GHG Protocol mostra um alto nível de engajamento das empresas brasileiras nas questões ambientais. Isso precisa ser mostrado ao mundo”, diz Rachel Biderman, diretora do WRI Brasil e uma das responsáveis por apresentar a metodologia GHG Protocol ao empresariado brasileiro. Segundo ela, a farta adesão ao método fez com que novas ferramentas começassem a ser elaboradas, com o objetivo de auxiliar as empresas em suas políticas de gestão das emissões. Uma delas está sendo construída para ajudar o setor agropecuário a mapear suas emissões de gases-estufa.

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“O agronegócio é um setor cujas emissões de carbono vêm crescendo, por isso a ferramenta é necessária. Essa será um exemplo de ferramenta desenvolvida no Brasil e que servirá de modelo para o resto do mundo”, disse Rachel. Outra ferramenta em produção servirá para contabilizar as emissões de carbono de produtos, uma demanda das indústrias. A ideia é mapear quanto CO2 cada item fabricado no país gera, desde a extração da matéria-prima até o descarte, ao fim de sua vida útil, explicou Rachel.

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Outra tendência que deve influenciar fortemente a gestão da sustentabilidade nas empresas nos próximos anos é o cálculo e inclusão das chamadas externalidades nos balanços financeiros. Para muitas empresas, calcular o custo social do uso das matérias-primas e da poluição gerada pelas suas atividades parece contraproducente, mas já existe quem esteja fazendo essas contas. A Puma, multinacional alemã do setor de calçados, roupas e artigos esportivos foi a pioneira em fazer esse cálculo e lançou, no final de 2011, um relatório onde precificou seus impactos ambientais. Dividido por cinco áreas-chave (gases de efeito estufa, consumo de água, uso da terra, poluição atmosférica e resíduos) o documento mostra que a cadeia de negócios da Puma causou, em 2010, um impacto ambiental equivalente a € 145 milhões. Se o valor dos impactos ambientais fosse subtraído do resultado financeiro da empresa, a queda do lucro seria de 66%.

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“Foi preciso audácia para a Puma investir no cálculo de suas externalidades, mas isso mostra um caminho sem volta, à medida que formos cada vez mais impactados pela escassez de recursos naturais”, diz Marina Grossi, presidente executiva do CEBDS. Ela conta que soube recentemente, por meio do sindicato dos contadores, que cada vez mais profissionais do ramo estão recebendo pedidos das empresas para que incorporem as externalidades no valor de um produto. “Ainda não é simples e muito menos corriqueira a fórmula para se medir o valor real de algum produto, ou seja, um preço que contabilize os impactos sociais, ambientais e a dependência que as empresas têm desses serviços”, diz Grossi.

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Uma das iniciativas atualmente em curso no CEBDS busca ajudar as empresas a avaliar o valor dos serviços ecossistêmicos dos quais dependem. No ano passado, a entidade fez um levantamento junto a 22 grandes empresas de dez setores da economia (agropecuário, energia, cosméticos, serviços, mineração, papel e celulose, óleo e gás, entre outros) que mostrou que na maioria delas (65%) os serviços ambientais já fazem parte de suas estratégias de negócios.

 

Fonte: Valor

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