O desempenho da indústria mineral no 3º trimestre aponta para a melhoria em diversos indicadores, como atração de novos investimentos; exportação; faturamento; recolhimento de royalties e tributos; redução das importações; geração de empregos, entre outros. O saldo mineral, que é a diferença entre exportação e importação de minérios, correspondeu a 45,5% do saldo comercial do Brasil no 3º trimestre. Além disso, as perspectivas de investimentos em mineração para 2020-2024 aumentaram recentemente de US$ 32,5 bilhões para mais de US$ 37 bilhões.
Os dados da indústria da mineração referentes ao 3º trimestre de 2020 foram divulgados hoje (20/10) pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), que reúne mineradoras responsáveis por mais de 85% da produção nacional.
Faturamento e produção em toneladas (estimativa)
No 3º trimestre a valorização cambial e também dos preços das commodities minerais estabeleceram o faturamento da indústria mineral em R$ 50 bilhões, sendo que a produção está estimada em aproximadamente 287 milhões de toneladas de minérios, acima da registrada no 2º trimestre (cerca de 210 milhões de toneladas) e também superior, na comparação com a do 3º trimestre de 2019 (280 milhões de toneladas).
Os valores de produção informados são estimativas do IBRAM, com base em dados históricos para: agregados da construção civil (54% de participação), minério de ferro (42% de participação), bauxita, fosfato, manganês, alumínio primário, potássio concentrado, cobre contido, zinco concentrado, liga de nióbio, níquel contido e ouro. A confirmação deverá ser divulgada pela Agência Nacional de Mineração posteriormente.
No acumulado do ano – nos três trimestres –, a indústria da mineração faturou R$ 126 bilhões. O resultado de todo o ano de 2019 se situou em R$ 153 bilhões.
Faturamento por substância mineral
O minério de ferro responde por cerca de 63% do faturamento, em reais, da mineração brasileira no 3º trimestre de 2020: R$ 32 milhões. Em seguida estão: ouro (13% = R$ 6,6 bilhões); cobre (6% = R$ 3,2 bilhões); calcário dolomítico (3% = R$ 1,4 bilhão); bauxita (2% = R$ 1,1 bilhão); fosfato (1% = R$ 5,8 milhões).
No 3º trimestre de 2020 as maiores evoluções do faturamento (em reais) em relação ao 2º trimestre foram as do calcário dolomítico (54%); minério de ferro (37%); ouro e fosfato (22% cada); cobre (6%). Já o faturamento da bauxita declinou em 17%.
Faturamento por estado minerador
O Pará detém a maior participação no faturamento da indústria mineral brasileira: no 3º trimestre de 2020 foi 43% ou R$ 21,6 bilhões e apresenta evolução de 29% em relação ao 2º trimestre. Minas Gerais tem participação de 38% no faturamento nacional (ou R$ 19 bilhões) e evoluiu 30% em comparação com o trimestre anterior.
Goiás, 4% do faturamento nacional (R$ 1,8 bilhão), apresentou evolução de 40%. Mato Grosso, 3% do faturamento nacional (R$ 1,4 bilhão), apresentou crescimento de 45%. Bahia, 3% do faturamento nacional (R$ 1,7 bilhão), apresentou crescimento de 28%.
Recolhimento de tributos, encargos e taxas
O recolhimento de tributos apresentou crescimento de cerca de 28% em relação ao trimestre anterior, chegando a mais de R$ 17 bilhões, sendo R$ 1,44 bilhão em royalties (CFEM – Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais) e mais de R$ 16 bilhões em impostos, taxas e outros. No acumulado do ano – três trimestres – o setor mineral recolheu R$ 43,46 bilhões em tributos. Em todo o ano de 2019, o total foi de R$ 52,94 bilhões.
Recolhimento de royalties
O IBRAM acompanha a evolução do recolhimento de CFEM (royalty) com base nos dados da Agência Nacional de Mineração. O valor de R$ 1,4 bilhão no 3º trimestre de 2020 significa crescimento de 32,5% em relação ao 2º trimestre e de 23,6% em relação ao 3º trimestre de 2019.
No 3º trimestre de 2020, o Pará apresenta o maior percentual de recolhimento de CFEM, 47,4%, seguido por Minas Gerais, 40,5%, Goiás (2,4%) e Bahia (2%).
No 3º trimestre de 2020 o recolhimento de CFEM aconteceu sobre 91 substâncias minerais, sendo 4 delas responsáveis por mais de 80% de toda a arrecadação no período: minério de ferro (76,6%); ouro (cerca de 7%); cobre (4,5%); calcário dolomítico (2,4%).
Destaque na retomada
“Os dados refletem o que o IBRAM tem afirmado desde o início do ano, ou seja, que a indústria mineral será – e efetivamente está sendo – uma das principais responsáveis pela retomada da economia nacional. São empregos mantidos e também criados; geração de negócios para milhares de empresas das cadeias produtivas; divisas importantes para a estabilidade econômica; tributos para fortalecer o poder público; e muitas ações de solidariedade e apoio direto e contínuo às comunidades neste momento delicado de pandemia”, diz Wilson Brumer, presidente do Conselho Diretor do IBRAM.
Perspectivas otimistas
“A perspectiva para os próximos trimestres é manter a curva ascendente nesses indicadores, desde, é claro, que a pandemia ou outros fatores não interfiram no desempenho industrial, no Brasil e nos mercados compradores de minérios”, avalia Flávio Penido, diretor-presidente do IBRAM. Ele lembra que o recente lançamento oficial pelo governo federal do “Programa Mineração e Desenvolvimento” é sinal positivo para atrair investimentos no longo prazo, já que estabelece metas para o planejamento e a implantação de projetos sustentáveis de mineração. O programa é um documento dividido em dez planos e um conjunto de 108 metas. Ele propõe estimular a mineração legalizada com foco na geração de resultados que proporcionem crescimento e desenvolvimento sustentável do país.
Flávio Penido afirma, também, que o desenvolvimento e a expansão da indústria minerária no Brasil nesses próximos anos “acontecerão de forma responsável e sustentável” com indicadores cada vez mais positivos em termos de sustentabilidade, segurança operacional, relacionamento com comunidades, entre outros pontos.
“Assim, a população brasileira e os investidores internacionais sentirão mais confiança no desempenho do setor mineral e isso será muito positivo para todas as partes, inclusive, em atendimento ao interesse nacional por mais condições de promover o desenvolvimento socioeconômico e, isso, com cada vez mais participação da indústria da mineração”, completa Wilson Brumer.
Mais negócios para a mineração
Após os rompimentos de barragens, a mineração brasileira viu os investimentos serem naturalmente revistos, o que gerou um ciclo de incertezas para futuros projetos. No entanto, a articulação setorial para mudar a cultura e comportamentos, e também as regras de segurança operacional, têm contribuído para sinalizar positivamente aos investidores internacionais que é viável e rentável realizar aportes no setor.
A perspectiva do IBRAM é abrir oportunidades bilionárias para mais investimentos ao longo da próxima década. Um termômetro para isso será a Expo & Congresso Brasileiro de Mineração (EXPOSIBRAM 2020), que é o mais relevante fórum de debates e de negócios para o setor na América Latina, organizado pelo IBRAM há quase 40 anos. Este ano, em razão da pandemia, será realizado a partir de Belém (PA), de 24 a 26 de novembro, no entanto, 100% online para preservar a segurança das pessoas diante da pandemia. A expectativa do IBRAM é suplantar a participação de 50 mil pessoas de várias partes do mundo na última edição presencial, realizada em 2019 em Belo Horizonte (MG).
“Além de o formato online facilitar a participação de qualquer pessoa, o interesse das empresas de toda a cadeia produtiva do setor mineral, do Brasil e de diversos países, é crescente em conhecer e fazer parte das oportunidades que serão abertas pelos novos projetos sustentáveis de mineração. Investidores que represaram novos aportes à mineração no Brasil, agora já revertem esse cenário. A mineração entra em novo ciclo positivo e as projeções de investimentos bilionários deverão seguir em alta ao longo dos próximos anos”, afirma Flávio Penido.
VEJA MAIS DADOS DA PESQUISA IBRAM SOBRE O 3º TRIMESTRE DE 2020
Investimentos previstos por minérios
De acordo com o IBRAM, em relação aos investimentos, dos cerca de US$ 37 bilhões previstos para 2020-2024, o minério de ferro receberá aportes de US$ 15 bilhões ou quase 40% do total e bauxita (minério que dá origem ao alumínio) outros US$ 8 bilhões (quase 22% do total). Em seguida estão os investimentos para minérios utilizados na fabricação de fertilizantes, com US$ 6 bilhões (17%) e investimentos em projetos de cobre com US$ 2 bilhões (5,4%).
Mais de US$ 2,2 bilhões serão aplicados em soluções tecnológicas exclusivas para disposição de rejeitos de mineração.
Minas Gerais e Bahia poderão receber mais aportes
Minas Gerais poderá receber a maior parcela de investimentos em mineração até 2024: US$ 12,5 bilhões ou quase 34% dos US$ 37 bilhões previstos para o Brasil. Em seguida vem o estado da Bahia que desponta com investimentos em mineração. Até 2024 deverá receber aportes de US$ 10,5 bilhões, ou 28% do total. O Pará poderá registrar investimentos de US$ 8,6 bilhões ou 23% do total.
Geração de empregos
O estudo do IBRAM divulgado em 20 de outubro sobre o desempenho da mineração mostra que de dezembro de 2019 até agosto de 2020 o setor mineral criou quase 3 mil vagas diretas, totalizando quase 180 mil empregos, com crescimentos mensais desde maio. Ao se somar os indiretos, o total de empregos no setor avança para mais de 2 milhões.
Saldo comercial mineral X saldo balança comercial
No 3º trimestre o saldo comercial brasileiro chegou a US$ 20,5 bilhões e o saldo mineral a US$ 9,3 bilhões (equivalente a quase 45,5%). As exportações de minérios foram de US$ 10,6 bilhões (107,8 milhões de toneladas) e as importações US$ 1,3 bilhão (9,3 milhões de toneladas). O saldo mineral do Pará equivale a quase 54% do saldo mineral total e o de Minas Gerais equivale a 37% do total.
O IBRAM também apurou o saldo mineral no acumulado do ano, de janeiro a setembro de 2020: cerca de US$ 21 bilhões. Para efeito de comparação, este valor equivale a quase 47% do saldo comercial brasileiro no mesmo período. Em 2019, de janeiro a setembro, o saldo mineral tinha sido de US$ 19 bilhões, correspondendo a 66% do saldo comercial brasileiro.
Exportação de minérios supera 2º trimestre de 2020 e 3º trimestre de 2019
A exportação de minérios no 3º trimestre (107,8 milhões ton.) foi 35,8% superior em toneladas a do 2º trimestre de 2020 (79 milhões ton.) e 2,4% acima do realizado no 3º trimestre de 2019 (105 milhões de ton.).
As exportações de minério de ferro – que representa os maiores negócios de comércio exterior do setor mineral brasileiro – totalizaram cerca de US$ 8 bilhões (103 milhões de toneladas). Esse resultado superou o registado no 2º trimestre em 62% (em dólar) e em 36% (em toneladas): US$ 4,9 bilhões (75,6 milhões de toneladas); e também superou o 3º trimestre de 2019 em 12% (em dólar) e em 11% (em toneladas): US$ 7 bilhões (93 milhões de toneladas).
As exportações de ouro no 3º trimestre de 2020 foram de US$ 1,4 bilhão (quase 26 toneladas), resultado 26% superior em dólar e 13% em toneladas aos números do 2º trimestre: US$ 1,1 bilhão (23 toneladas); e também 52% superior em dólar e 17% em toneladas em relação ao 3º trimestre de 2019: US$ 902 milhões (22 milhões de toneladas).
Exportação de outras substâncias minerais
No 3º trimestre de 2020 as exportações de manganês, pedras e revestimentos e bauxita foram superiores em dólar em relação ao 2º trimestre: 86%, 55% e 11%, respectivamente. Houve queda em dólar para nióbio, caulim e cobre: 39%, 2,8% e 2,2%, respectivamente.
Na comparação com o 3º trimestre de 2019, exportações de pedras e revestimentos e cobre se mantiveram superiores em dólar: 4,4% e 3,7%, respectivamente. As exportações das demais substâncias minerais foram inferiores em dólar: nióbio (57%); bauxita (42,5%); caulim (15%); manganês (14,7%).
Importações de minérios
No 3º trimestre de 2020 o Brasil importou 9,3 milhões de toneladas de minérios, total 9,6% inferior em toneladas e 13% em dólar ao importado no 2º trimestre, e 22% abaixo em toneladas e 45% em dólar do que o realizado no 3º trimestre de 2019.
O Brasil importou no 3º trimestre, com mais relevância, os seguintes minérios:
Carvão mineral, cobre, enxofre, potássio, rocha fosfática, pedras e revestimentos e zinco.
Na comparação com o 2º trimestre de 2020 houve incremento, em dólar, nas importações de pedras e revestimentos (39%); rocha fosfática (18%); potássio (11%). As maiores quedas foram de 52% na importação de zinco e de 59% na de carvão mineral.
Na comparação com o 3º trimestre de 2019 apenas a importação de enxofre cresceu, em dólar: 15%. A maior queda foi de 77% na importação de zinco.
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