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Vale investe em inovação tecnológica em Serra Sul

1 de agosto de 2013

As inovações tecnológicas desenvolvidas pela Vale para o S11D, o maior projeto da história da companhia e também o maior da indústria mundial de minério de ferro, aumentaram o custo do empreendimento e

As inovações tecnológicas desenvolvidas pela Vale para o S11D, o maior projeto da história da companhia e também o maior da indústria mundial de minério de ferro, aumentaram o custo do empreendimento em cerca de US$ 2 bilhões. “O investimento [adicional] permitiu tornar o projeto ambientalmente amigável”, disse Jamil Sebe, diretor de projetos ferrosos norte da Vale. O S11D é um projeto inovador em termos do uso de tecnologias para extrair, processar e transportar o minério de ferro.

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A usina do S11D vai beneficiar o minério de ferro sem a necessidade de utilizar água, o chamado peneiramento a seco, tecnologia desenvolvida e adaptada pela Vale ao minério de Carajás, com base em experiências da Austrália. A unidade de beneficiamento será instalada em área plana a cerca de 50 quilômetros do município de Canaã dos Carajás, no Sudeste do Pará, onde o projeto está situado.

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A cinco quilômetros do centro do município a Vale estabeleceu um canteiro de montagem de módulos onde hoje trabalham cerca de três mil pessoas. No local, há 68 módulos montados ou em processo de montagem de um total de 109. Esses módulos, quando forem integrados, vão compor a usina de beneficiamento encarregada de processar o minério do S11D, que será extraído de savana com nove quilômetros de extensão, no topo da Serra Sul de Carajás.

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A Vale comprou 56 pequenas fazendas, em um total de 1,1 mil hectares, para dispor da área onde ficará a usina, fora do perímetro da Floresta Nacional de Carajás (Flona), um dos poucos remanescentes de Floresta Amazônica no Sudeste do Estado. O projeto também vai dispensar o uso dos grandes caminhões fora de estrada, usados em projetos tradicionais para transportar o minério.

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O S11D tem custo total estimado em US$ 19,6 bilhões, incluindo investimentos em mina, usina de beneficiamento, ferrovia e porto. O número já considera o acréscimo de US$ 2 bilhões motivado pelas inovações tecnológicas. Se o projeto fosse seguir um caminho tradicional, custaria menos, mas enfrentaria maiores dificuldades para ser licenciado.

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O projeto vai exigir a construção de um ramal ferroviário com 101 quilômetros que permitirá escoar o minério, depois de beneficiado, via Estrada de Ferro de Carajás (EFC), até o terminal portuário de Ponta da Madeira, em São Luís (MA). O S11D está previsto para entrar em operação no segundo semestre de 2016 com capacidade de produzir 90 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.

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Sebe reconheceu que é cada vez mais difícil para a indústria de mineração aprovar projetos novos que dependam da construção de barragens de rejeitos e do uso de água para funcionar, ainda mais quando os empreendimentos se situam em áreas de reservas florestais, como é o caso do S11D. Nos primórdios, em 2004-2005, quando o projeto ainda estava na fase conceitual, se cogitou instalar a usina dentro da Flona e construir a barragem de rejeitos na reserva, mas a ideia não foi adiante.

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Na fase de engenharia, se optou por desenvolver um projeto que gerasse o menor impacto possível na floresta. Rodrigo Dutra Amaral, gerente de meio ambiente para ferrosos, ferrovia e porto da Vale, disse que o estudo e o relatório de impacto ambiental (EIA-RIMA) do S11D apresentado ao Ibama em 2009 já considerava o peneiramento a seco do minério e a instalação da usina fora da Flona. No total, desde o projeto conceitual até a concessão da licença ambiental de instalação da usina, no início do mês, o projeto exigiu cerca de nove anos de discussões e trabalhos.

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Na época do projeto conceitual ainda não era levado em conta o uso do sistema “truckless”, que consiste em correias de grande capacidade (16 mil toneladas por hora) para transportar o minério no lugar dos caminhões fora de estrada desde a mina até a usina. Uma força tarefa de engenheiros do Canadá, da Austrália e do Brasil trabalhou por cerca de quatro anos em soluções que viabilizassem o projeto e reduzissem o impacto ambiental na região. Assim se desenvolveu o “truckless”, usado para o carvão, para transportar o minério de ferro extraído no platô de Serra Sul, onde ficará a mina, a 650 metros de altitude, até a usina de beneficiamento, 9,5 quilômetros abaixo, em um declive de 250 metros. Essa correia, apoiada em pilastras, vai substituir cerca de 100 caminhões fora de estrada.

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Sebe disse que um momento determinante para o S11D foi a viabilidade do peneiramento a seco, tecnologia desenvolvida pela empresa Haver & Boecker que conseguiu fazer um equipamento de grandes dimensões e de alta aceleração para peneirar o minério de ferro, dispensando o uso de água no processo. O truckless foi outra inovação. Em sobrevoo sobre a Serra Sul, na terça, foi possível ver a área onde ficará a mina (cava) do S11D ainda intocada. É um descampado, tipo savana, na parte alta da cordilheira de Serra Sul, que tem 120 quilômetros de extensão. Desse total, 30 quilômetros formam o corpo S11, sendo que o bloco D tem nove quilômetros por dois quilômetros de largura.

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A montagem da usina é outro tema importante, segundo Sebe. A Vale foi buscar na indústria do petróleo a técnica da modularização industrial, processo consolidado na construção de plataformas que produzem óleo e gás. “A floresta é nosso mar”, disse Sebe. Essa técnica permitiu à Vale adiantar o desenvolvimento do projeto do S11D enquanto a licença de instalação do Ibama não era concedida, o que aconteceu no início deste mês.

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A construção da usina em módulos também reduz o impacto nas proximidades da Flona, em cujo entorno é possível ver áreas desmatadas para pastagens extensivas de gado. No total, o S11D vai ocupar 2,7 mil hectares, dos quais 34% correspondem a áreas de pastagens, fora da Flona. Na compensação acertada com o Ibama, está previsto o plantio de floresta em área equivalente na vizinha Serra da Bocaina, o que pode a ampliar a área da Flona.

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“Invertemos a ordem, começamos o projeto pela montagem eletromecânica ao invés de começar pela terraplenagem e pelas obras civis”, disse Sebe. Entre as empresas envolvidas no projeto, estão a canadense Worley Parsons, responsável pela engenharia de módulos, a australiana SKM, encarregada do sistema “truckless”, e a brasileira Minerconsult, envolvida na parte de projetos. Sebe disse que a Andrade Gutierrez, uma das empresas contratadas pela mineradora, começaria ontem a terraplenagem e as obras civis no terreno da usina do S11D. Também ontem a Andrade Gutierrez divulgou nota dizendo que assinou dois contratos com a Vale, no montante de R$ 1,5 bilhão, relacionados ao S11D. O mais recente, de R$ 552 milhões, relaciona-se à construção da usina. O outro, de R$ 922 milhões, refere-se a obras civis de parte do ramal ferroviário.

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Sebe disse que a área da usina terá de estar pronta para receber os primeiros módulos, em setembro do ano que vem. Nessa data os módulos vão começar a sair do canteiro de obras para o local da usina sendo transportados por carretas especiais ao longo de uma rodovia de 47 quilômetros construída pela Vale especialmente para o projeto. O maior módulo pesa 1,3 mil toneladas. Quando chegarem ao local de instalação, os módulos serão integrados como se fossem parte de um Lego, o famoso brinquedo de encaixes.

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Fonte: Valor Econômico

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