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Ao deixar o capital da Usiminas, embolsando R$ 2,4 bilhões pela venda de sua participação, o grupo Votorantim já tem destinação definida para o dinheiro que recebeu ontem do grupo ítaloargentino Techint com o fechamento financeiro da operação. Vai fortalecer sua estrutura de capital e focar em investimentos na atividade de fabricação de cimento, seu maior negócio, na área de mineração e na conclusão de projetos que foram retardados pela crise de 2008/2009.
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“Nosso investimento em Usiminas estava fora dos negócios principais do grupo e o preço oferecido [pelas ações] foi irresistível”, afirmou Raul Calfat, diretor-presidente da Votorantim Industrial (VID), holding que controla as atividades industriais – cimento, alumínio, níquel, zinco, cobre, aço longo, celulose e energia. A VID, no primeiro semestre de 2011, respondeu por 73% da receita da companhia (78% em 2010).
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Segundo Calfat, esse recurso elevou a liquidez do caixa disponível do grupo, somando R$ 11,5 bilhões. Já dispunha de R$ 5,9 bilhões de recursos mais uma linha, “revolver”, de R$ 3,2 bilhões que pode ser utilizada a qualquer momento, obtida pelo prazo de cinco anos com um consórcio de financiadores externos.
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O executivo, homem de confiança da família Ermírio de Moraes, com quem trabalha desde o fim dos anos 80, disse que “foi criado um bolsão de liquidez que deixa a companhia bastante confortável”. Observa que a crise europeia ainda não está resolvida e que ainda pode ter desdobramentos que exigem atenção.
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“Não precisamos de captações nesse momento para cobrir serviços da dívida, que tem 7,4 anos de prazo na média para pagar”, informa. A dívida bruta, no fim de setembro, somava R$ 23,5 bilhões. A diretriz do grupo é ter a relação dívida líquida sobre o Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) na faixa de duas vezes. Fechou na mesma data em três vezes, mais isso se deveu, conforme o executivo, à valorização do dólar frente ao real.
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“Estamos numa situação privilegiada para avançar em nosso crescimento orgânico, em novos projetos de mineração – no Brasil, Colômbia e Peru – e até para olhar potenciais oportunidades atrativas de negócios”, afirmou o executivo, que desde dezembro é o novo diretor-presidente da VID.
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Antes, Calfat tinha o cargo de diretor-geral da holding.
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Ao todo, o grupo planeja investir pouco mais de R$ 3 bilhões no decorrer de 2012. O montante é um pouco maior que os quase R$ 3 bilhões do ano passado.
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Ele informou que cerca de um terço (R$ 1,3 bilhão) irão para cimento, na instalação de quatro novas fábricas, já anunciadas, que ficarão prontas até 2013. O consumo do produto continua crescendo na faixa de 7% a 8% no país, que ainda tem muitas obras de infraestrutura e demanda de imóveis residenciais e comerciais.
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No ano passado, o investimento nesse negócio somou R$ 1,4 bilhão e seis unidades foram inauguradas. Ao final desse processo, informou Calfat, o grupo vai adicionar no país 12,2 milhões de toneladas de capacidade de produção de cimento ao número atual.
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Na área de mineração, a Votorantim pretende acelerar a retomada do projeto de exploração de bauxita (minério de alumínio) de Paragominas, uma reserva situada na região norte do País. No Peru e Colômbia, com a controlada Milpo, tem vários projetos a serem desenvolvidos na exploração de cobre, zinco e prata. No Peru já produz zinco metálico e na Colômbia tem uma siderúrgica de aços longos, Paz del Río, e extrai carvão e minério de ferro.
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“Os projetos de mineração ganharam mais intensidade dentro do grupo”, afirmou o executivo. O grupo tem operações integradas (mina e metalurgia) no país na produção de alumínio, níquel e zinco. “A maior robustez nessa área se deve à inserção internacional”, observou o executivo.
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Nos metais, o plano é concluir o projeto de polimetálicos da fábrica de zinco de Juiz de Fora (MG), paralisado desde a crise global de 2008. A fase I do empreendimento, para reciclagem de metais contidos em minério de zinco, com o chumbo e prata, será concluída até o fim do ano.
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O grupo prevê também pôr em operação, até dezembro, a Sitrel, um joint venture para laminação de aços longos localizada em mato Grosso do Sul. “Esse segmento da siderurgia é diferente da participação em Usiminas [aço plano], que tinha controle compartilhado. É um negócio dominado pela Votorantim”, comentou. Além do Brasil, com duas usinas, está na Argentina e Colômbia.
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Na avaliação de Calfat, aço longo compõe na Votorantim um pacote de produto voltado para consumo da construção civil e de obras de infraestrutura, junto com cimento e alumínio, voltado para o mercado brasileiro. E com parcela voltada para exportação.
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A receita dos negócios industriais do grupo, de janeiro a setembro, somou R$ 18,1 bilhões,
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com resultado operacional (Ebtida) de R$ 4 bilhões, cuja margem baixou quase três pontos percentuais. Cimento ficou 45% desse resultado, seguido por metais, com 37%, celulose, 12%, e aço, 7%.
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Em celulose, negócio tocado pela controlada Fibria, empresa na qual a Votorantim tem 29% de participação e é controladora junto com BNDES, a tônica é aguardar pelos desdobramentos da crise europeia e analisar o momento mais adequado para tomar decisões de crescimento. “Estamos focados na expansão da base florestal”, afirmou. No momento, a demanda e os preços da celulose no mercado internacional estão afetados pela crise nos países da Zona do Euro.
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Em novembro, a Votorantim desfez-se também da Nitroquímica, fabricante de nitrocelulose, um tipo de resina, que pertencia há décadas ao grupo. “Foi importante no passado, mas ao longo do tempo seu faturamento ficou limitado e o negócio se tornou muito pequeno dentro do grupo”, afirmou. A companhia não revelou o valor da venda.
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Fonte: Valor Online
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