Foi o que afirmaram o titular do MME, Alexandre Silveira, o diretor-presidente do IBRAM, Raul Jungmann, e a CEO da Sigma Lithium, Ana Cabral em evento no Chile.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, acredita que, por meio da mineração, Brasil e Chile podem fortalecer seus laços históricos de parceria, de promoção da industrialização e de comércio exterior. Ambos os países produzem lítio, minério considerado crítico para a transição energética. Na capital chilena, Santiago, o ministro disse que “sabemos do potencial do Brasil na produção de minerais críticos e juntos, os dois países, podemos nos fortalecer para estender a cadeia do lítio além da sua exclusiva exploração. É importante que a América do Sul não seja vista como exportadora apenas de commodities. O Chile está um passo à frente na cadeia do lítio, ao refinar este minério”.
Para obter o lítio, o Brasil industrializa a rocha da qual extrai o lítio espodumênio. É o que esclareceu Ana Cabral-Gardner, CEO da Sigma Lithium: “o Brasil industrializa o lítio a partir de minerais de rochas, como a Austrália, e o Chile industrializa o lítio a partir de lagos de salmoura. Ela, o diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Raul Jungmann, e o ministro foram alguns dos participantes brasileiros no painel Energía y Minerales Estratégicos/Energia e Minerais Estratégicos do Fórum Empresarial Chile-Brasil, nesta 2ª feira (05/08), que contou ainda com a ministra de Mineração do Chile, Aurora Williams.
Raul Jungmann observou que “a produção dos minerais críticos está cada vez mais inserida nas questões climáticas e geopolíticas mundo afora e nas de soberania e de segurança mineral e alimentar, bem como em termos do desenvolvimento tecnológico”. Assegurar oferta abundante de minérios implica em obter o status desejado de segurança mineral: os minérios são essenciais para a produtividade do agronegócio, pois são insumos dos fertilizantes, o que impulsiona a segurança alimentar e nutricional de um país. O mesmo ocorre em relação à transição energética e à inovação tecnológica, que inexistem sem a oferta de minérios.
O presidente do IBRAM defendeu no evento que o Brasil precisa estruturar uma política pública para favorecer a produção dos minerais críticos e estratégicos. O IBRAM fez uma proposta sobre o tema e a entregou ao Congresso Nacional em julho passado. Um segundo passo seria ampliar a cooperação com outras nações, como o Chile, “para potencializar nossas trocas” em termos de produção mineral e abertura de mercados. Em complemento à fala de Jungmann, Ana Cabral disse que Brasil e Chile têm oportunidade de atuar juntos para alcançar protagonismo na cadeia global da indústria de base voltada à fabricação de baterias para veículos elétricos.
Os dois países, frisou, são competitivos na produção de lítio, já que apresentam “alta qualidade de produtos pré-químicos de lítio, com baixo custo industrial” em termos globais. Outro destaque é que a produção de lítio no Brasil e no Chile emite menos carbono do que a produção em outros países: no Brasil, são 26 toneladas de CO2 por tonelada de lítio; no Chile 5 toneladas de CO2 por tonelada de lítio. Enquanto que na Austrália são 15 toneladas de CO2 e 45 toneladas de CO2 na Ásia.
Também participaram do painel: Milena Braga, CIO de Eletra; Aurélio Bustilho de Oliveira, CEO de Enel Américas; Matias Lagos, Responsável América Latina na Ambipar Environment; Ingue Gallardo, Líder de Enlace con el Medio Ambiente Internacional de Women in Mining; e o moderador Juan Pablo Candia, Director Subrogante de InvestChile. A participação no fórum em Santiago faz parte da programação da missão do governo e de entidades e empresas brasileiras, organizada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) para impulsionar a integração econômica e a cooperação regional.
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